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COLUNAS


Izabella Ceccato


Idealizadora e fundadora da REDE DO BEM, um grupo de sites que fomenta e potencializa ações para transformar a realidade em que vivemos. O grupo é composto pelo Eco do Bem financiamento coletivo (www.ecodobem.com.br) e pelo portal Eco Rede Social, que inspira e divulga pessoas, iniciativas e pensamentos que estão fazendo diferente por um mundo melhor. Nos seus mais de 20 anos de carreira, trabalhou na área de comunicação em diversas empresas como: Instituto Votorantim, Grupo Votorantim, Rede Iguatemi de Shopping Center, J.W. Thompson, entre outras. Foi professora universitária por 10 anos. Publicitária, pós-graduada em Marketing. Em seis meses de imersão no Schumacher College/UK teve o privilégio de estudar: Ecoliteracy, the first principle of radical change, Live a spiritually guided life, Conversation that Matters, Workshop Joanna Macy, experiência que transformou a sua forma de enxergar e de se relacionar com o mundo! Sonhadora, idealista, mestre Reiki, apaixonada pela vida e numa eterna busca pelo equilíbrio.

A revolução no mercado de doação no Brasil - colaboração é a palavra da vez!

              Publicado em 02/04/2014
Você é uma pessoa que dá dinheiro a pedintes na rua, ajuda alguma instituição ou ainda doa uma parte de seu tempo para um trabalho voluntário? O IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social e a Ipsos Public Affairs fizeram essa pergunta para pessoas de todo o País e a resposta mais ouvida foi “não”. A conclusão da pesquisa Retrato da Doação no Brasil lançada em fevereiro deste ano foi de que mais de 70% dos brasileiros não se sentem estimulados para doação e voluntariado. 
 
E por que a resposta da maioria foi não? Do total de entrevistados, 58% informaram que não têm dinheiro, enquanto 18% afirmaram que não doaram porque ninguém solicitou e 12% porque não confiam nas organizações. A pesquisa também descobriu que 85% dos entrevistados não recebeu nenhum pedido de doação nos últimos 12 meses.
 
O levantamento realizado em três etapas e que ouviu mil pessoas em cada fase, em 70 cidades do Brasil, concluiu que o hábito de doar, seja tempo ou recursos, ainda não faz parte da cultura do brasileiro. Para quem doa, as causas que mais inspiram são: 1º lugar crianças com 33%, 2º lugar idosos com 18%, 3º lugar saúde com 17% e 4º lugar educação com 7%.
 
Confira a pesquisa do IDIS na íntegra aqui
 
Em outro indicador lançado no final do ano passado pela Fundação Britânica CAF - Charities Aid Foundation, o Brasil figurou como a 76ª nação no ranking mundial de filantropia, entre os 153 países estudados. Além das doações em dinheiro, o ranking inclui doação de tempo (voluntariado) e ajuda a estranhos. Apenas 25% dos brasileiros afirmaram ter feito algum tipo de doação, 15% fizeram trabalho voluntário e 49% ajudaram um estranho. Austrália, Nova Zelândia e Canadá lideram com 70%, 68% e 64% da população doadora de dinheiro.
 
O aumento da renda média da população parece não estar refletida no percentual da população que doa. Pelos dados relatados acima, parece que está difícil para o brasileiro largar a comodidade e agir.  Mas felizmente, isso tende a mudar, pois a revolução na forma como entendemos a doação está chegando. 
 
“O mundo vive hoje a maior transformação social e tecnológica desde a Revolução Industrial”, afirma Michel Bauwens, um dos maiores especialistas em economia colaborativa do momento. Para ele iniciativas como crowdfunding, crowdsourcing, coworking e outras espalhadas pelo mundo podem ser a resposta aos problemas da atualidade como destruição ambiental e desigualdade social. Para o especialista, a tecnologia está ajudando a quebrar barreiras financeiras e geográficas, criando negócios mais sustentáveis. Além disso, para o crowdfunding, por exemplo, a lógica é diferente da lógica capitalista, pois é um tipo de investimento que olha para o bem social que o investimento vai produzir.
 
Mas espera aí, você conhece essas novas formas colaborativas?
 
O crowdfunding, palavra em inglês que define Financiamento Coletivo, surgiu cinco anos atrás nos EUA e é a maneira onde várias pessoas ou empresas contribuem com pequenas quantias em dinheiro para realizar uma ideia. O capital é obtido por meio de sites que fazem a intermediação entre o criador do projeto e os interessados em financiá-lo. Não é um site puramente de doações, mas sim um site de doação que tem contrapartidas/recompensas para os doadores. É uma forma inovadora e colaborativa de arrecadar dinheiro na internet para diversos tipos de campanha como: cultura, pequenos negócios, jogos, artes, ecologia, novos produtos, entre outros.
 
Desde que foi lançado em abril de 2009, o pioneiro americano nesse modelo de negócios, o Kickstarter (maior site dessa categoria do mundo) já arrecadou US$1 bilhão para diversos projetos em diversas categorias. Desses, US$950 milhões deram vida a milhares de projetos que se dependessem de apoio privado ou governamental, não sairiam do papel. No novo modelo, a plataforma fica com aproximadamente 5% do total arrecadado. 
 
Essa nova força do colaborativo, de pessoas ajudando pessoas, ganhou ainda mais força no último ano, onde mais da metade desse bilhão de dólares foi doada por pessoas de 224 países e territórios espalhados em todos os continentes. No dia 13 de março de 2013, Dia da Generosidade, o site americano registrou a maior quantia doada: mais de 54 mil pessoas doaram mais de US$ 4 milhões para 1985 projetos existentes na plataforma.
 
A boa notícia é que no Brasil, já existem diversos sites de financiamento coletivo. O método alternativo para financiar projetos está caindo no gosto dos empreendedores e financiadores brasileiros e temos a oportunidade de mudar esse cenário de doação desenhado acima. No mundo, incluindo o Brasil, milhões de pessoas ajudaram outros milhões de pessoas a tirarem suas ideias, sonhos e empreendimentos do papel. É gente dando vida a ideias geniais. Gente ajudando gente. Gente colaborando e cooperando.
 
Vivemos em comunidade há pelo menos 10 mil anos. Hoje pessoas, empresas e cidades usam a tecnologia para alcançar uma cooperação global nunca antes imaginada. A economia colaborativa se desdobra em novos caminhos, baseada na força da multidão. O crowdfunding (financiamento coletivo – todo mundo junto dando vida a um projeto), coworking (espaços de trabalho compartilhado – todo mundo junto trabalhando), crowdsourcing (uso da inteligência coletiva para resolver problemas – todo mundo junto e criando), cocriação (envolvimento das pessoas no processo de produção), crowdlearning (aprendizado coletivo – apaixonados pelo mesmo assunto ensinando e aprendendo), crowdwriting (escrita coletiva – todos juntos lendo e escrevendo um texto em comum). Esses são conceitos com os quais, a partir de agora, todas as pessoas e empresas precisam estar preparadas para lidar. A revolução chegou. O futuro está acontecendo e colaborando aqui e agora!
 

E você, está preparado para se reinventar e participar dessa linda revolução colaborativa? 


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