Gestão eficiente esbarra em atitudes e responsabilidades
Seja em projetos críticos ou em tarefas compartilhadas entre muitas pessoas, é crucial que cada colaborador compreenda sua função e assuma suas responsabilidades de modo pleno para obter resultados efetivos. Ainda assim, diversos profissionais se queixam por terem que trabalhar muito mais para suprir as deficiências geradas por colegas que mantêm a postura infantil do conhecido “comigo não morreu”.
Quando o comportamento de negar responsabilidades se torna repetitivo, o primeiro reflexo se dá na carga de trabalho dos colaboradores mais comprometidos. São eles que acabam por assumir novas atribuições para atingir algo que acreditem ser um bem maior.
Depois que os problemas pontuais são resolvidos, normalmente registramos seus resultados objetivos, mas dificilmente são destacados os méritos ou anotados os deméritos, que acabam por afetar a real solução dos entraves corporativos. Assim, resolve-se emergencialmente o problema pontual, mas ignora-se sua raiz.
Neste passo, as empresas que aceitam este tipo de comportamento entre equipes acabam preparando o campo para um problema ainda maior. A médio prazo, os sinais de ingerência se tornam cada dia mais evidentes e os gestores se tornam muito dependentes da capacidade e empenho de alguns poucos membros de seu time e reféns da leniência corporativa para agir com os demais.
Conforme o tempo passa, aqueles profissionais brilhantes e empenhados começam a questionar se estão seguindo pelo caminho certo. De que adianta tanto esforço se seu colega pouco trabalha e recebe os mesmos benefícios e o mesmo salário ao final de cada mês?
Aquele discurso de que o esforço é recompensado pelo aprendizado e que a dedicação é percebida pelos superiores é importante, desde que seja factível e que esteja presente na ação dos gestores, mas isso apenas não basta. O reconhecimento verbal e rápido de um chefe após vários dias trabalhado à exaustão compensa as rusgas em casa, quando a esposa ou o marido reclamam de sua ausência? Este reconhecimento de corredor vale mais do que chegar em casa a tempo de ler uma história para seu filho ou para ninar o recém-nascido?
Colocar os dilemas empresariais na perspectiva do colaborador faz com que tenhamos mais clareza dos fatores que concorrem pela manutenção do empenho e interesse do colaborador nos tais “desafios” aos quais ele é convidado ou compelido a participar.
Gerir pessoas é uma tarefa constante e não tão fácil como parece. Não é na conversa, mas em atos contínuos. Atos estes que se pautam pelo reconhecimento público em muitos casos, mas que também precisa estar no cerceio às praticas negativas.
Caso a cultura do “comigo não morreu” se instale em meio à equipe, o ambiente de trabalho se transfigura e, em meio a esta metamorfose, se posta como um campo de batalha, onde é preciso, acima de tudo, se defender, sobreviver. E a sobrevida não deixa espaço para o prazer. Para o gosto pelo que faz. A sobrevida faz do esbaforido um refém, que desejoso espera o final do dia. Um vendedor de horas.
Em troca, ou ele se esforça para mudar esta cultura, endireitando os tortos, mas correndo o risco de ser partido em meio à batalha, ou desiste, desgostoso, e passa a reproduzir este hábito, contraindo o vício dos colegas.