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COLUNAS


Mauricio Felício
contato@feliciocomunicacao.com.br

Sócio Presidente da Felício Comunicação, atua em consultoria, gestão e treinamento em comunicação empresarial e Business Intelligence. Formado em Relações Públicas pela USP, onde atualmente participa do programa de mestrado e é Professor conferencista para a graduação, com MBA em Gestão de Comunicação e Marketing pela mesma instituição (USP em parceria com a Florida University)."

 

Não faz sentido

              Publicado em 28/04/2015

Para conduzir uma equipe, poucas vezes nos damos conta de um ponto realmente importante da comunicação. Fazer sentido.

Todos nós somos humanos, fisiologicamente emocionais. Sim, fisiologicamente. Mas também fomos equipados com um sistema neural altamente complexo. E quando o assunto é o nosso cérebro, achamos que estamos sempre no controle. Ledo engano. Nosso cérebro cria caminhos próprios para interpretar os sinais. Em outras palavras, ou a comunicação e a conduta comunicação se torna o princípio da desconfiança e da dispersão.

Nossa mente tem caminhos próprios para processar as informações que recebe. Aquilo que percebemos, as coisas que estão em nossa atenção consciente, é a menor parte desta história. Durante a evolução humana, nos tornamos pensantes. E como pensamos! Tanto é assim que a maioria de nós mal consegue dormir ao final do dia sem passar um bom tempo na cama tentando silenciar a mente. Os pensamentos não param.

Então se a mente mal obedece a nossa vontade clara de dormir, mal obedece o nosso cansaço físico e mental, por qual motivo ela seguir nossa vontade e ignorar as contradições que percebemos em muitos comunicados ou reuniões ao longo do dia de trabalho?

Para que a comunicação traga integração e mantenha o clima organizacional favorável, é preciso que ela seja coerente.

Anos de evolução nos equiparam com alguns alertas de perigo. Entre eles, uma das sirenes mais escandalosas soa sempre que um chefe dá uma ordem em um sentido, mas suas ações depõem contra sua fala.

É como se estivéssemos encarando um animal selvagem e alguém nos dissesse para ficarmos tranquilos. O risco existe, mas como seu colega é especialista em sobrevivência, você até dá um voto de confiança. Porém, ao olhar para o lado, vê seu conselheiro correndo para longe de você desesperadamente. Qual será a reação mais natural? Um impulso irracional pode tanto te paralisar de medo quanto te fazer disparar em um corrida cega para salvar sua vida.

Na empresa a reação é a mesma. Ao ser conduzido por um chefe que pede integração entre áreas mas que não se comunica com seus pares, ligamos o alerta em nosso cérebro de que algo está errado.

Quando a comunicação corporativa reforça os atributos e valores corporativos fantásticos, mas algum gerente ou diretor não pratica isso cotidianamente, somos convencidos pela experiência diária que ou nosso chefe não é pessoa confiável para nos guiar e desenvolver dentro da organização, ou que os comunicados oficiais são maquiados e não merecem consideração.

Se a comunicação não faz sentido, ela é um sinal de perigo. Mas não se trata apenas da comunicação de um gestor com sua equipe, e sim de como a cultura organizacional é respeitada, cascateada e praticada ativamente por todos os gestores.

Problemas de gestão podem acabar passando pela comunicação, mas é preciso que haja mudanças claras na conduta dos colaboradores, não apenas do discurso. Comunicação é, antes de tudo, conduta e atuação. As palavras e textos são parte do processo comunicativo, não sua síntese ou seu ponto final.

Comunicar-se bem é ser coerente. É fazer sentido. Fortalecer condutas favoráveis.

Sem isso, somos só mais um gatilho de alerta que força todos os membros de nossa equipe a correr para o lado oposto que indicamos.


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