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COLUNAS


Paulo Nassar
diretoria@aberje.com.br

Diretor-Presidente da Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e pós-doutor pela Libera Università di Lingue e Comunicazione, Milão, Itália. Integra o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (PPGCOM-ECA/USP). É Coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas (GENN ECA-USP). Autor de inúmeras obras no campo da Comunicação.

Como serão as narrativas empresariais do amanhã?

              Publicado em 24/12/2011

Nos últimos meses, temos assistido e participado de algumas das mais profundas mudanças do mundo, desencadeadas pela velocidade da informação. A velocidade transversal da informação que, cada vez mais, facilita e interliga as nossas vidas, possibilitando que participemos de diversas atividades ao mesmo tempo, em profunda imersão, ou em superficial acompanhamento. A velocidade que muda posições em instantes. Que faz com que ideias ganhem proporções globais em segundos. A velocidade, que dá movimento ao mundo.

E é pela Comunicação que essa velocidade se faz perceber mais intensamente. As profundas mudanças que têm impactado o mundo nos últimos meses mostram que é a Comunicação a principal causa e a mais expressiva consequência dessas transformações.

A comunicação rápida, instantânea e com a força de redes que nos trouxe, por exemplo, a Primavera Árabe, mostrando não apenas o poder das novas ferramentas, mas também a profundidade das novas relações que decorrem delas. Relações que são estabelecidas pela incontrolável pressão por participação dos públicos – cada vez menos stakeholders e mais moveholders1 . A comunicação teve que lidar com as crises também na dimensão ambiental: os desastres naturais ocorridos no Japão afetaram as estruturas urbanas, mobilizaram milhares de pessoas e organizações pelo mundo e reforçaram o debate sobre a questão energética. Na Turquia, os desastres ambientais impuseram também a reflexão sobre as relações internacionais, sendo a rápida reconstrução e retorno ao bem estar da população a principal propulsora dessa reflexão.

A Comunicação é protagonista nessas mudanças que temos vivido. Mas é, também, consequência de todas elas. É o que estimula e dá força, mas é também o que dá consistência e continuidade.

Há 44 anos, quando foi fundada em uma convenção de jornalistas empresariais, a então Associação Brasileira de Editores de Jornais e Revistas de Empresa estava limitada a debates dos aspectos técnicos da área, num cenário de comunicação centralizada e de mão única. De lá para cá, temos pautado constantemente o desenvolvimento do comunicador, através da Educação, da Gestão do Conhecimento, do Relacionamento e do Reconhecimento.

Tendo como principal objetivo o desenvolvimento estratégico do comunicador, a Aberje tem comemorado seus 44 anos a cada nova ação, que expande o campo da comunicação das empresas e, sobretudo, sua visão crítica sobre o mundo. Assim tem sido, por exemplo, nos debates sobre a área digital: ao longo de 2011, o Comitê Aberje de Comunicação Digital discutiu os temas que surgiam no horizonte das novas tecnologias e interfaces; a Ecosofia e o legado de Marshall McLuhan foram trabalhados na agenda do ano; e, em setembro, a Aberje revolucionou o modelo de eventos corporativo no Brasil com o iDeia Aberje Digital, com uma engenharia que trouxe o participante para o centro das discussões.

Ainda ampliando nossos campos, realizamos o 1º Seminário Aberje de Gestão Cultural, reunindo mais 350 participantes para discutir as realidades e perspectivas da área, que tem encontrado na comunicação empresarial a força para o seu desenvolvimento, como vem sido demonstrado pelo Comitê Aberje de Gestão Cultural nos últimos anos.

A relação com os ambientes foi marcada também pelas atividades na área de sustentabilidade, tema que temos trabalhando já há muitos anos e que está diluído em cada um de nossos projetos, mas também concentrado em realizações específicas sobre o tema. É o caso do 1º Fórum de Sustentabilidade Aberje Nordeste, a participação no Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade, o Comitê Aberje de Sustentabilidade e um denso projeto na área educacional.

Área na qual se consolidou o MBA Aberje em Gestão da Comunicação Empresarial, que realizou sua primeira aula em março e já está com as inscrições abertas para a terceira turma. O curso é o único no Brasil a ter um módulo especial sobre GRI (Global Reporting Initiative). Ainda nessa área, o Curso Internacional em Comunicação Empresarial celebrou a formatura de sua quinta turma, compondo um quadro de ilustres alumni, que estão à frente da comunicação corporativa de algumas das principais organizações do país. Demos também início ao Curso de Comunicação Empresarial CIEE & Aberje, resultado da parceria entre as instituições para a difusão do conhecimento e formação dos jovens comunicadores; e a série de eventos COMO!, que debater o dia a dia e as tendências da comunicação com quem faz.

Enquanto isso, o Mix Aberje de Comunicação Interna e Integrada, atingia a 11ª edição, debatendo a gestão humanista, os valores empresariais e a integração das diferentes gerações que se relacionam em nossos novos contextos social e profissional. E, em sua 37ª edição, o Prêmio Aberje atualizou os registros históricos do primor e do desenvolvimento da comunicação como inteligência organizacional.

Falando em relacionamento, sabemos que este é um processo contínuo e delicado que se desdobra no tempo. No nosso caso, que se desdobra com a velocidade da informação. E, com ela, os relacionamentos ganharam ainda mais destaque na Aberje, fosse como resultados de ações iniciadas e trabalhadas paulatinamente nos últimos anos, fosse como estratégia de abertura de novos canais e novas rotas para a comunicação de excelência.

Temos nosso destaque dessa área no relacionamento internacional. Em 2011, estivemos presentes na 14ª Conferência Internacional Anual de Relações Públicas, junto ao Institute for Public Relations. Fomos nomeados Representante Regional da Global Alliance for Public Relations and Communication Management para o território brasileiro e latino-americano. Realizamos, em Nova Iorque, o 2nd Brazilian Corporate Communications Day e, em Londres, a primeira edição europeia do evento, que já tem edições agendadas em uma dezena de cidades nos próximos quatro anos. Nós, que sempre trouxemos para o nosso país os principais profissionais e estudiosos da Comunicação, passamos a levar as melhores práticas no Brasil para o centro dos debates globais, difundindo a gestão estratégica brasileira e consolidando a marca Brasil.

Na Itália, representamos o Brasil no Club of Venice, formado pelos porta-vozes das nações da União Europeia, durante um período de ações intensas, com palestras na IULM (Università di Lingue e Comunicazione), visita aos principais órgãos públicos e instituições de Milão e Veneza.

Conduzimos 20 estudantes de pós-graduação da George Washington University em uma visita imersiva à Amazônia, para conhecerem as estratégias de sustentabilidade das empresas e organizações brasileiras na relação com a região, ampliando e mudando a visão dos nossos visitantes sobre a realidade da região.

E, além de entrar em contato com essas redes, estabelecemos um diálogo efetivo. A BR.PR magazine, a primeira publicação global da comunicação empresarial brasileira, foi lançada para criar espaço e estimular essas trocas. A terceira publicação fixa internacional da Associação brasileira Global. Criamos ainda os Cadernos de Comunicação Estratégica, com conteúdo baseado em debates inéditos sobre os temas essenciais à comunicação estratégica contemporânea.

São mesmo muitos os intercâmbios. Com o Fórum Permanente de Gestão do Conhecimento, Comunicação e Memória, realizamos dois seminários internacionais. Durante a Semana da área Pública, condensamos os estudos sobre o tema, temos trabalhado em Seminários e eventos. 

Com a velocidade da informação, assumimos nosso papel de comunicadores quando entendemos que as coisas passam rapidamente, mas o mundo continua aqui. Algumas vezes ao longo deste ano, tivemos que lidar com perdas, mas foram apenas mudanças de presença para legado. Gostaria de prestar nossas homenagens a um grande amigo que não está conosco nessa noite, mas que nos deixou muito para que chegássemos aqui: querido Sidnei Basile, sentimos sua presença!

Bem, ao longo de 2011, trabalhamos muito. Não paramos e fizemos tudo isso simultaneamente. Porque, nesses novos cenários que se configuram – para logo em seguida mudar – todas essas coisas só podem fazer sentido juntas. Diante da velocidade e da liquidez do mundo, vemos que as mudanças apenas surgem fundadas em narrativas. A narrativa da liberdade, a narrativa da transparência, a narrativa da solidariedade. Ou ainda, as narrativas digitais, ambientais, políticas e educacionais.

Se podemos dizer que a comunicação é uma das principais consequências das revoluções que temos vivido, é porque seu papel não se banaliza com as ferramentas que facilitam os processos. Pelo contrário, num mundo de repercussões imediatas, informações instantâneas muitas vezes retiradas de seu contexto e de reações extremas, nós comunicadores nos tornamos cada vez mais estratégicos, pois somos comunicadores à medida que afetamos positivamente nossos contextos com as narrativas que criamos e conduzimos.

O que nos traz hoje a essa celebração é algo além da honra pelos trabalhos excelentes que temos desenvolvido. Celebramos hoje a comunicação como criadora de sentido, a partir da construção das narrativas.

A Aberje, pelo quadragésimo quarto ano, une-se aos grandes comunicadores do país para questionar: Como serão as narrativas empresariais do amanhã?

Que em 2012 possamos lidar de forma ainda mais excelente com a imensidão das possibilidades que se anunciam e que esse seja o nosso ano mais gratificante – até que 2013 o supere.

Muito obrigado!


1   O novo social é formado por moveholders, as partes interessadas que se agrupam em redes sociais, blogs, flash mobs, entre formas de comunicação digital e híbridas (digitais e analógicas), e que não são apreendidas pelas velhas segmentações de relações públicas, como as dos stakeholders, conceito definido por R.Edward Freeman, no século passado. (Liberdade para o net-jornalismo, Paulo Nassar, em Revista de Comunicação e Cultura MSG da ABERJE, número 6, 2010).


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2035

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