Comunicação, comunicação empresarial e os 7 bilhões de habitantes
Em 31 de outubro de 2011 poderemos ser sete bilhões de habitantes sobre a Terra, segundo a UNFPA/ONU – Fundo de População das Nações Unidas, em meio às preocupações de Thomas Malthus (1766 – 1834) e em conformidade ou não com o que previu mais recentemente o Professor Paul R. Ehrlich, autor de “A bomba populacional”, em 1968. Mas não se trata de erros ou acertos. Trata-se de um fato. Cada vez mais se evidenciam situações paradoxais: aspectos que nos afetam ou afetarão direta e/ou indiretamente. A explosão populacional é mais um deles.
E o que tudo isso tem de relação com a comunicação? Nossa vida só tem algum sentido pelo fato de nos comunicarmos. A comunicação é a essência, a matéria escura que sustenta a vida em sociedade. A essência do que nos torna comuns, também é a essência daquilo que nos torna incomuns. Estranho, porém, compreensível. Se não nos faltam os meios, talvez ainda nos falte vontade para construir um novo paradigma humano que nos considere, sinceramente, humanos.
A comunicação é tão natural entre nós que muitas vezes, ou quase sempre, não nos damos conta do seu valor. Será que já chegamos a imaginar como seria a falta dela entre nós da forma como julgamos conhecê-la? A comunicação humana se traduz numa infinita revolução e permitiu não somente a disseminação do desenvolvimento do conhecimento e das técnicas, mas acabou por reinventar várias vezes o próprio homem a partir da memória e das inúmeras referências revisitadas. Há muito não somos os mesmos e quem sabe onde iremos chegar.
A utilidade e a convergência dos meios de comunicação parece não ter limite e nos traz a possibilidade de uma total comunhão, ao menos e por enquanto, com os limites do universo conhecido. Está posta uma espécie de múltipla sintonia, de diferentes freqüências e amplitudes que nos torna ao mesmo tempo próximos e empoderados, distantes e ameaçados. Com tudo isso nada é tão bom e nem tão ruim como parece. Consolida-se o paradoxo da liberdade.
A utilidade da comunicação tem, relativamente às suas interfaces, o poder de construir e destruir mediante o estabelecimento de um estado de permanente construção da “verdade”. Destruir de forma criadora num viés positivo e inovador ou criar de forma destrutiva num viés negativo e retrógrado. A verdade justificável é um processo dinâmico que vai da observação individual sobre o coletivo por meio de determinados padrões e de determinadas percepções e vice-versa. Consolida-se o paradoxo da realidade.
O nível de comunicação na atual sociedade em rede, distribuída, parece estar derrubando as barreiras da hierarquia e delegando mais poder e autoridade ao indivíduo. Mas o que é o poder senão o encontro entre o discurso e a ação comum e desde sempre disponível a todos? O poder é um estado transitório e não uma condição permanente. Quem pensa ter poder pode não detê-lo e quem o vivencia pode ainda não percebê-lo. Afinal, alguém o detém? Consolida-se o paradoxo do poder.
As organizações, invenção do homem, estão sujeitas às mesmas leis naturais da comunicação. Compreender as leis da comunicação como princípio geral e de onde provém toda sustentação dos propósitos ou desígnios humanos pode ser um passo determinante para fazer das organizações uma verdade justificável, real, percebida e vivenciada pelos indivíduos como fonte de experiências positivas. Resgatar o diálogo e a ação comunicativa, em detrimento da ação unicamente estratégica é resgatar nossa condição elementar. Consolida-se o paradoxo da simplicidade.
Vida, comunicação, liberdade, realidade, poder, simplicidade, enfim: uma pequena síntese do próprio homem. Existe uma onda de sustentabilidade se espalhando numa busca integral pela conservação da vida em seu sentido mais amplo. Seja qual for a intenção da ação precisei optar por um dos lados. Escolhi o lado que considero positivo para concluir a provocação posta. Pode ser que a divisão do trabalho tenha sido altamente alienante, pois nos tornou autômatos em demasia, ao ponto do mecanicismo parecer sempre ter existido. Mas acredito haver muito espaço para revelarmos aspectos ainda mais ricos sobre a nossa condição humana. Consolida-se o paradoxo da racionalidade.
Afinal, será que consideramos todos os sete bilhões de indivíduos como semelhantes, ou é um mero número, uma marca, um marco? Qual o papel da comunicação e dos comunicadores, que não por acaso somos todos nós? Trata-se apenas de um pequeno recorte sobre um tema que deveria diariamente nos “incomodar” no sentido positivo.
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