O voluntariado é muito valorizado no Canadá, seja como forma de adquirir experiência, montar uma network e mesmo retribuir de alguma forma à sociedade com um trabalho solidário. É uma cultura que vem desde a escola, quando os jovens precisam cumprir um conjunto de horas de trabalho voluntário. É também uma das recomendações para qualquer profissional que chega ao Canadá, país que recebe regularmente milhares de imigrantes de todo o mundo.

Aqui, voluntariado é oportunidade. Além de poder participar de um evento na sua organização, o voluntário costuma receber uma carta de recomendação, o que é bastante importante como referência para futuros trabalhos.

Tenho vivenciado isso na prática. No início, atuei como voluntária na universidade, quando pude trabalhar em eventos esportivos e culturais. Recentemente, porém, fui “promovida” a coordenadora de voluntários,  a volunteer coordinator.

O meu primeiro desafio como coordenadora de voluntários foi no Brazilian Day Canada 2011, em setembro deste ano em Toronto, evento feito numa parceria da Globo International e Brazil News. É um festival com sete horas de duração, um público de milhares de pessoas e muitas atrações musicais.

Foi um grande aprendizado encontrar e organizar uma equipe de voluntários. E serviu para colocar em teste todos os conceitos aprendidos de “administração de equipe”, “trabalho em time”, “fatores de motivação”, “valorização de competências” e “plano de contingência”.

O passo inicial foi buscar voluntários, colocando anúncios nos sites e jornais dedicados a isso. Em seguida, com uma lista de interessados, marcar as reuniões de orientação, onde era possível falar sobre o evento como um todo e mostrar as posições disponíveis. As reuniões foram excelentes para “conhecer” as pessoas, checar suas expectativas.

Hora de planejar pessoas x áreas disponíveis. Achei que as asiáticas poderiam gostar de ficar no apoio às passistas, um mundo tão diferente do delas. Tive a sorte de ter um estudante de doutorado de música para ajudar na equipe de som. Conheci jovens maravilhosos, canadenses, árabes, coreanos. E os brasileiros foram os fundamentais “curingas”, disponíveis para mudar de uma área para outra rapidamente.

Planejamento feito: 24 voluntários divididos em oito áreas. Tudo muito bom até que na manhã do dia do evento, três voluntários ficam doentes e avisam que não podem vir. Hora dos “curingas” entrarem em cena. Daí aparece uma voluntária de surpresa, que sequer tinha se inscrito. Bem-vinda ao time.
 

Alguns voluntários do Brazilian Day Canada - da esq. para a direita: (fundo) Suelen Mariano, Sanghwa Lee, Rosana Dias (frente) Wendel Martins, Ricardo Oliveira e Weberton Chagas

A principal lição de coordenar voluntários é saber mudar rápido, pois se está mais sujeito a imprevistos do que quando você trabalha com uma equipe contratada e remunerada. E ai está o fascínio.

Gostei tanto que estou como volunteer coordinator de mais um evento em andamento no Canadá: o 5º Brazilian Film & TV Festival of Toronto (Brafftv). Mais aprendizado pela frente.