A autopoiesis e o processo de comunicação empresarial
Alguns dos principais conceitos que ainda hoje permeiam nossas reflexões sobre as ciências da comunicação e suas aplicações práticas nas organizações remontam ao final do século XVIII e início do século XIX. A forma como foi organizada a estrutura operacional da sociedade a partir do progresso científico e tecnológico desse período norteia nossa estrutura de pensamento até os dias atuais. A máquina a vapor, depois o motor elétrico e bem mais recentemente a informática, resultado prático desse progresso, foram os elementos que elevaram os trabalhadores da condição de “braçais”, à condição de trabalhadores do “conhecimento”, na sociedade da informação.
É também desse período as reflexões de Claude Henri de Saint Simon sobre o conceito de comunicação como sistema orgânico, ou a fisiologia social, ou ainda a sociedade orgânica. O que ficou conhecida posteriormente como a “era positiva” promoveu os primeiros conceitos de redes artificiais de comunicação e transporte a partir da observação dos sistemas orgânicos. A organização como sistema vivo é um conceito desse período que se mantém atual e prevê no processo o fenômeno natural da autopoiesis.
Niklas Luhmann trouxe para as ciências sociais o conceito de autopoiesis, dos biólogos e filósofos Francisco Varela e Humberto Maturana, onde um sistema vivo, como sistema autônomo está em constante auto-criação, auto-regulação na sua interação com seu meio.
Na prática, a gestão qualificada do processo de comunicação empresarial requer cada vez mais profissionais, das diversas áreas das ciências sociais, com ampla capacidade analítica para antever tendências e apontar caminhos seguros frente à naturalidade do processo autopoiético na organização, pois do contrário os espaços vazios serão ocupados aleatoriamente em razão da não-comunicação.
Esse vácuo não-comunicacional fortalece as redes e lideranças informais, que por sua vez podem alterar o sistema de idéias da organização e por fim à cultura, pois segundo Edgar Morin os indivíduos se comportam segundo os paradigmas culturais. Os sistemas de idéias são organizados de acordo com esses paradigmas para o bem e para o mal.
Não se trata de taylorizar a gestão do processo de comunicação, ao contrário. O mecanicismo de Taylor ainda impera e se traduz em detalhes microscópicos das organizações. Reflete nas empresas desde sua arquitetura organizacional anti-sistêmica, até gestores anti-humanos, e não por maldade, mas sim por costume, por cultura ou por conveniência.
Referências teóricas baseadas na publicação:
MATTELART, A. M. História das teorias da comunicação. Ed. Loyola. São Paulo, 1999
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