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COLUNAS


Izabella Ceccato


Idealizadora e fundadora da REDE DO BEM, um grupo de sites que fomenta e potencializa ações para transformar a realidade em que vivemos. O grupo é composto pelo Eco do Bem financiamento coletivo (www.ecodobem.com.br) e pelo portal Eco Rede Social, que inspira e divulga pessoas, iniciativas e pensamentos que estão fazendo diferente por um mundo melhor. Nos seus mais de 20 anos de carreira, trabalhou na área de comunicação em diversas empresas como: Instituto Votorantim, Grupo Votorantim, Rede Iguatemi de Shopping Center, J.W. Thompson, entre outras. Foi professora universitária por 10 anos. Publicitária, pós-graduada em Marketing. Em seis meses de imersão no Schumacher College/UK teve o privilégio de estudar: Ecoliteracy, the first principle of radical change, Live a spiritually guided life, Conversation that Matters, Workshop Joanna Macy, experiência que transformou a sua forma de enxergar e de se relacionar com o mundo! Sonhadora, idealista, mestre Reiki, apaixonada pela vida e numa eterna busca pelo equilíbrio.

Uma executiva russa em minha casa

              Publicado em 30/08/2011

Outro dia recebi um telefonema, no mínimo inusitado, de uma grande amiga gerente de sustentabilidade de uma multinacional alimentícia. Ela me pediu para receber em minha casa, gentilmente, seis executivos da empresa, de várias nacionalidades. Tratava-se de um programa de imersão onde funcionários do Grupo visitariam Eco consumidores. No início achei meio estranho, mas pensei: essa é uma oportunidade ímpar para saber um pouco mais sobre o “outro lado da cadeia” e conversar cara a cara com altos executivos de uma grande empresa, dispostos a conhecer, discutir e dialogar. Na verdade, uma oportunidade rara e decidi aceitar a singular visita!

Estava ansiosa por aquele encontro. Preparava-me há tempos e finalmente o dia havia chegado. Era uma quarta feira ensolarada de inverno. Comprei as guloseimas e sucos orgânicos, minha avó me ajudou com os docinhos de frutas brasileiras, minha mãe fez o bolo de abóbora com castanhas. Tudo corria bem. 11h30 da manhã, com tudo já pronto e preparado, me sentei para esperá-los. Fiquei tão absorta nos meus próprios pensamentos que nem percebi a hora passar e quando vi, eles já estavam bem ali, em fila para me cumprimentar.  Levantei-me de sobressalto e devolvendo o sorriso, os fiz entrar, sentindo-se bem-vindos. Vinham de longe, de várias partes do mundo, querendo conhecer, investigar, conversar, aprender e também ensinar.

Foi Annie, uma Russa enorme e muito simpática quem tomou a iniciativa: “Posso abrir a geladeira? Se incomoda se eu fotografar?”.

Imagine a cena, uma executiva russa, do alto escalão de uma multinacional fotografando a minha geladeira! Quase surreal! E assim foi... queriam saber e tentar entender tudo.

As perguntas e respostas fluíram quase como uma canção: O que te move? O que te deixa viva? Por que ter hábitos saudáveis? Por que o meio ambiente é tão importante para você? Com o que se preocupa ao consumir?
Foi intenso, cheio de aprendizados, risadas, perguntas e respostas de ambos os lados.

As culturas se misturavam ali mesmo, no meio da minha cozinha entre a geladeira e a dispensa. Ingleses querendo saber por que eu consumia suco de soja. Um indiano investigando sobre o açúcar orgânico, americanos tentando compreender como eu poderia não gostar de refrigerante e salgadinho frito e eu tentando descobrir o que era importante para eles como executivos, quais eram os valores da empresa, como eles tratavam o meio ambiente.

Em seu recente artigo para a Aberje, Paulo Nassar diz: ”...As áreas de comunicação empresarial que não gastam metaforicamente as solas de sapato - circulando pelas inúmeras áreas da empresa, pela sociedade ou pelas páginas das diversas áreas de conhecimentos fundamentais para entender o mundo, suas esquisitices e complexidades...”. Ligando essa ideia com a minha experiência recente, percebi que existem, felizmente, empresas dispostas a “gastar sola de sapato” pelo mundo afora para entender o que pensam seus consumidores com a finalidade de adequar seus produtos e processos. Nobre, inusitado, diferente, louvável! Espero que essa iniciativa inspire outras corporações a gastarem mais “suas solas” por aí, conversando, investigando, se misturando às mais diversas das nossas esquisitices e complexidades.

Foi um verdadeiro intercâmbio de valores, aprendizados e realidades. Isso tudo pode até parecer um conto saído de um livro, mas acredite, aconteceu realmente, bem aqui, no meio da minha cozinha.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2453

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