O papo esfriou
Por estes dias eu estava entre amigos quando um deles resolveu fazer um comparativo. Disparou algo como “relacionamentos são como café, depois que esfriou o melhor é fazer um novo”. Eu ri um bocado, mas parei para pensar na brincadeira e pensei nos relacionamentos das empresas com públicos como a comunidade de entorno, imprensa, governo etc. A lógica me pareceu ter um certo sentido. Sabe quando você se serve com uma boa xícara de café e a campainha toca? Não dá para colocar o café no fogo outra vez depois de frio sem perder parte do gosto. E isso, visto como analogia profissional, diz que não basta acionar os públicos e fazer um trabalho incrível, como o bom café, se depois ele será abandonado, esquecido ao tempo.
Já encontrei muitos profissionais que acreditavam que um relacionamento forte do passado pudesse sustentar resultados ou relacionamentos pífios no presente. Claro que há a negociação de valores e quando ocorre um envolvimento real, os públicos guardam suas boas e más impressões, mas o passado não pode ser o lastro de uma organização.
Em meio a uma boa conversa, muitas coisas podem acontecer. Da mesma forma, ao longo do relacionamento entre empresas e públicos, muitos entraves e novidades podem fazer com que os caminhos se aproximem ou se afastem de acordo com os cenários e conjunturas, mas isso não pode ser desculpa para relegar a conversa e o diálogo a algo como campanhas simples e pontuais ou filantropias e eventos. Mas o café não pode esfriar? Pode! Quando a conversa é tão boa que as outras coisas se tornam secundárias. Da mesma forma, os veículos de comunicação empresariais podem ser suspensos, revistos ou retrabalhados. Basta que para isso não se encerre a comunicação, que é, sem dúvidas, superior ao canal.
A comunicação e o diálogo devem ser sustentados. Mantidos sob a responsabilidade de ter que recomeçar este diálogo do princípio por ter abandonado não só a xícara como o convidado na sala de estar.
O chá da tarde pode ser apenas o pretexto para uma conversa e um reencontro. O café fresco se torna, sem problemas, uma desculpa para prolongar a visita boa que chegou ao final do dia. Estes são apenas exemplos de que nossa atuação não é final, não encerra, mas inicia um diálogo que se prolonga pelos anos, sem nosso controle, mas com nossa interferência.
Podemos sentar para o papo com as visitas ou deixá-las na sala para servirmos apenas a um ilustre convidado. Quando voltarmos, descobriremos que as pessoas não esperaram, passivas, por nossa volta. Eles podem ter conversado sobre amenidades, sobre o governo e a política econômica. Podem ter debatido o jogo de futebol do último domingo. Mas também podem ter falado de sua hospitalidade e de seus dotes como anfitrião. Alguns podem ter ido cuidar de outros assuntos. Outros, ao celular, ignorando seus pares e, com sorte, nenhum convidado terá abandonado sua casa.
O relacionamento não pode ser um eterno ciclo de conquista, abandono e reconquista.
Custoso e desgastante, mas acima de tudo, quando feito desta forma, abre mão do melhor que o diálogo pode trazer. Abdica do crescimento conjunto e mútuo.
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