A Relatividade, a Condição Humana e a Comunicação Empresarial
A comunicação é um fenômeno universal de integração intrincado no modelo relativista do “espaço-tempo”. Seja internamente em nosso organismo, seja no mais remoto confim do universo: tudo se comunica. Seja pela palavra ou pela não-palavra dentro de uma linguagem única. Tudo se relaciona. Pensemos, portanto, a comunicação não somente em termos do falar e ouvir, não menos importante à nossa sobrevivência e restrito ao nosso cotidiano trivial.
Enfoquemos esta breve reflexão sobre a comunicação em algo muito superior que sustenta o equilíbrio de todas as relações possíveis e que também está diretamente ligado à nossa condição humana. Afinal, somos parte da mesma energia da grande explosão e ainda permanecemos ligados a ela e seus ecos.
Tratemos a comunicação, e sua essencialidade, como o amálgama do processo civilizatório que nos trouxe (o universo e nós) até o presente e nos levará ao futuro, mesmo que incerto e gelado do final dos tempos. A resultante do processo de comunicação para nós humanos, o “sentido”, aquilo que nos move, se comporta como “matéria escura” do universo físico, substância invisível, mas que impede as galáxias de se fragmentarem e, no caso da comunicação humana, que nossa vida se torne invariavelmente desnecessária ou no mínimo monótona.
Tomemos por princípio, em nossa reflexão, a teoria geral da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955), as “teorias de rede e da totalidade orgânica” de Claude Henri de Saint-Simon (1760-1825), a “comunicação como sistema orgânico” de Herbert Spencer (1820-1903) e a “Condição Humana” tratada por Hanna Arendt (1906-1975). Não nos prendamos exaustivamente às precisões acadêmicas. Façamos uma abstração e tracemos um paralelo entre a Relatividade, os Sistemas Orgânicos e a Comunicação, mais precisamente com a Comunicação Empresarial. Surpreendentemente, poderemos explicar alguns fenômenos curiosos sobre esse nosso vasto universo em constante expansão e ainda por ser desvendado chamado de Comunicação Empresarial.
Os conceitos do espaço-tempo extrapolados para o mundo social, incluindo-se as complexas interfaces entre a sociedade e as empresas, nos apontam uma sólida relatividade entre ambos, considerando as empresas sob a ótica orgânica, interdependente, e as pessoas como elemento central dessa relação. O que de fato compõe esses dois mundos são as pessoas, “seres vivos”, matéria, e, portanto, energia. Podemos, então, considerar que tudo que gravita nesse campo de atuação (acontecimentos da sociedade e ações empresariais) interfere diretamente no espaço-tempo do mundo social e também sofre as mesmas interferências.
O movimento provocado pelas ações organizacionais e que se traduzem em comunicação dissipam uma quantidade de energia (baseado ou não em sua estratégia) que provocará sempre uma distorção capaz de modificar nossa visão sobre a organização, a sociedade e nós mesmos. O espaço social, por conseguinte, se modifica.
Os fenômenos sociais e empresariais se interagem na equivalência da energia empenhada e ao observarmos o cotidiano veremos que ele nunca é o mesmo a partir do que comunicamos. A imagem e o posicionamento, permanentemente, se modificam. A batalha da comunicação empresarial, e sua energia, é imprimir essa imagem na mente das pessoas para fortalecer ou conquistar o posicionamento desejado.
Porém, assim como na teoria de Einstein, na organização e na sociedade também devemos considerar a existência de buracos negros, regiões ou setores onde o espaço e o tempo são distorcidos de tal forma que nada, nem mesmo a luz das boas e grandes idéias e dos novos paradigmas, pode escapar - como um estado final para as estrelas, e onde o próprio tempo pára e não faz mais sentido. Compreender nossa essência pode ser um ponto fundamental de inflexão em nossa vida. Ao nos reconhecermos universais e traduzirmos a linguagem do espaço-tempo para a vida prática, quem sabe, consigamos revelar o verdadeiro valor da comunicação.
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