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Paulo Nassar
diretoria@aberje.com.br

Diretor-Presidente da Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e pós-doutor pela Libera Università di Lingue e Comunicazione, Milão, Itália. Integra o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (PPGCOM-ECA/USP). É Coordenador do Grupo de Estudos de Novas Narrativas (GENN ECA-USP). Autor de inúmeras obras no campo da Comunicação.

Retrospectiva de relações públicas e de jornalismo kitsch

              Publicado em 24/12/2010

Copyright Terra Magaine - 25/12/2010

 


Decoração de natal na Avenida Paulista, em São Paulo



O final de ano traz todo o tipo de retrospectivas de relações públicas e jornalismo que se propõem a nos contar e impor aquilo que foi pretensamente extraordinário para as nossas vidas.  Frente aos inúmeros meios de comunicação parece que temos que obrigatoriamente encaixar as nossas vidas nos acontecimentos e modelos éticos e estéticos apresentados ritualmente em uma cronologia linear.  

É um balanço em que as principais categorias que orientam as seleções das relevâncias acontecidas nos últimos 365 dias se ancoram tradicionalmente na economia, na política, no esporte, nas artes e nas vidas das celebridades e personalidades.

A modelagem ética produzida pelos resumos jornalísticos e pelos programas de relações públicas passa pela massificação acrítica da benemerência.   A modelagem estética produzida principalmente pelos programas de comunicação institucional das empresas – massificada pelas emissoras de televisão e pela propaganda – faz milhões de pessoas acreditarem que o belo é decorar excessivamente ruas, árvores, prédios e casas com milhões de luzinhas coloridas importadas da China. A decoração de Natal da Avenida Paulista, em São Paulo, é um exemplo do que estamos descrevendo. Uma parte do jornalismo de massa também faz a louvação em seus noticiários do acúmulo de papais noéis gigantes e da repetição sem fim de chavões natalinos.

É a repetitiva afirmação de que na atualidade, para se ter uma história narrada é preciso protagonizar, ser, com intenção, excessivo ou máximo.  Uma narrativa kitsch de relações públicas e de jornalismo de tal forma controlada – em suas fases de criação, ensaio, atuação e avaliação – que podemos pensar na impossibilidade de existir qualquer originalidade naquilo que nos chega mediado pelo tradicional e pelo digital.  O autor – a narrativa institucional - é apenas uma persona de evento ou de midiatraining.

A comunicação e as relações humanas orientadas concentradamente para o utilitarismo têm inviabilizado a narrativa verdadeiramente surpreendente, que é domínio do artista, do artesão, do poeta e dos loucos.  O melhor jornalismo acontece em sua fusão com a literatura. Um exemplo desse tipo de produção é o livro Esqueleto na Lagoa Verde, de Antonio Callado, um clássico de jornalismo literário A melhor publicidade é lembrada quando é, também, arte aplicada.  A boa comunicação empresarial estimula a inovação. A cópia não tem história.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1937

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