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Marlene Marchiori


Concluiu o pós-doutorado em Comunicação Organizacional na Brian Lamb School of Communication, da Purdue University, nos Estados Unidos. Doutora pela Universidade de São Paulo (USP), com estudos desenvolvidos no Theory, Culture and Society Centre da Notthingham Trent University, no Reino Unido. Graduada em Administração e em Comunicação Social – Relações Públicas, Marlene é pesquisadora líder do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) nos grupos de estudos Cultura e Comunicação Organizacional (Gefacescom) e Comunicação Organizacional e Relações Públicas: perspectivas teóricas e práticas no campo estratégico (Gecorp). Professora sênior da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Autora do livro Cultura e comunicação organizacional: um olhar estratégico sobre a organização, e organizadora das obras Comunicação e Organização: reflexões, processos e práticas; Redes sociais, comunicação, organizações; Comunicação, discurso, organizações; e da Coleção Faces da cultura e da comunicação organizacional.

Comunicação e a humanização nos ambientes organizacionais

              Publicado em 27/09/2010

Ao refletir sobre a comunicação nas organizações entende-se como questão imprescindível a humanização desses ambientes. O lugar da comunicação nas empresas humanizadas é o lugar da fala, da interação e do conhecimento, levando as pessoas ao desenvolvimento humano. Daft (2008) propõe alguns desafios para as organizações da contemporaneidade, estando entre os principais o fato das pessoas desejarem não somente desenvolver suas capacidades profissionais, mas principalmente as pessoais. O desenvolvimento das capacidades pessoais requer muito mais que habilidades técnicas para o desempenho de atividades, tarefas. Podemos inferir que as pessoas para desenvolverem suas habilidades pessoais precisam se relacionar, tornado-se premente nesse processo a construção de atitudes com significado.

“O significado de um símbolo depende de onde ele se insere no contexto que está sendo vivenciado” (MARCHIORI, 2008a, p.145). Hatch sugere que as pessoas devem ser sensíveis à linguagem, pois é por meio dela (falada ou escrita) que se constroi, se modifica se dá sentido e se comunica a realidade.

Tomemos como base a relação entre organização e comunicação e como as pessoas nesses ambientes tornam-se interlocutores. Organizações são vistas como “construções sociais, sujeito e objeto da realidade da qual fazem parte” (VERGARA & BRANCO, 2001, p. 21), sendo portanto organismos vivos. Comunicação é uma atividade central nas organizações; “se a atividade de comunicação parar, a organização desaparece (WEICK, 1995, p.75).

Observar as organizações em suas dimensões subjetivas significa considerar suas características comportamentais, humanas e emocionais (DAVEL; COLBARI, 2003) captando sua relevância não porém enquanto estrutura e processos de gestão. O olhar subjetivista entende que uma realidade existe somente quando é experimentada e se lhe dá significado (HATCH, 2006). Para isso as pessoas vão criando e experimentando realidades nos diferentes caminhos à medida que os indivíduos e grupos desenvolvem opiniões, valores e percepções. “O que percebemos é um processo no qual nós somos participantes ativos e não receptores neutros ou observadores passivos” (McAULEY et al., 2008, p. 39).

Chanlat (1996, p. 20) já dizia “o ser humano é um ser de palavra e de linguagem”. Para Arendt (2008, p. 189), “é com palavras e atos que nos inserimos no mundo humano”. O sentido de uma palavra não é construído por sua representação real, mas “de acordo com sua representação contextual” (MARTINO, 2007, p. 61). Sendo assim, a comunicação insere-se naturalmente no contexto organizacional, sendo natural a humanização.

Assim, humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto pessoa, enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade que lhe é intrínseca”(COSTA, 2004, p. 17). A abrangência conceitual das abordagens das empresas humanizadas, como uma organização possível, engloba um pensamento sistêmico, amplo, o qual estuda o “homem como uma totalidade” (COSTA, 2004, p. 18). O homo sapiens torna-se um ser humano “quando manifesta os valores humanos /.../ Ações como busca pela sobrevivência e autoperpetuação estão na essência do ser humano em desenvolvimento” (FARAH, 2008). O autor sugere que alguns elementos que mostram a humanização são perceptíveis a partir do momento em que se observam os valores humanos no cotidiano organizacional e uma boa maneira de percebê-los é “começar analisando se existe verdade na comunicação da empresa com os funcionários”  (FARAH, 2008). Parece que a natureza verdadeiramente humana das organizações, a de “construí-las em função das pessoas e não das técnicas” (MORGAN, 1996, p. 142), é uma verdade em evidência. Para isso, torna-se essencial explorar o lugar da comunicação nas atuais relações de trabalho.


Pensamentos extraídos do capitulo:
Marchiori, Marlene.  Comunicação como expressão da humanização nas organizações da contemporaneidade. In: KUNSCH, Margarida. A comunicação como fator de humanização das organizações. São Caetano: Difusão, 2010, p. 139-148.


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