Que tal errar um pouquinho?
Toda ação é um aprendizado em potencial.
Enquanto nas empresas nos esforçamos para que nossos subordinados acertem mais do que errem, nas universidades, por vezes, devemos primar pelo oposto. Devemos favorecer o erro, a tentativa, os novos caminhos, para que o processo de vivência e de envolvimento com a comunicação seja ainda mais profundo.
A lógica é simples. Comunicar está intimamente ligado à ação. Enquanto a física diz que para toda ação há uma reação proporcional e inversa, a comunicação indica que toda a ação desencadeia novos processos comunicativos, reverberados e ressoantes.
Isso mostra o quão Interessante é a questão do viver o que se comunica.
Quantos de nós dividem suas horas entre o mundo corporativo e as salas de aula? Quanto tempo aplicamos ao infindável processo de aprendizado e crescimento? E o que chamamos de desenvolvimento?
O mercado de trabalho, como muitos chamam a massa corporativa e suas exigências, tem buscado profissionais com qualidades cada vez mais complexas, mas pouco se valoriza os momentos de superação, de crise, de troca, a não ser nas entrevistas e seleção.
A falha é algo pavoroso na nossa sociedade. Algo para ser esquecido. Ao menos é deste modo que muitas empresas funcionam. Perde-se, com isso, a habilidade de tatear, de sentir, de construir conjuntamente. O foco acaba se depositando em tantos gráficos de reação e deixando de lado a descoberta dos detalhes.
Para aqueles que se realizam a cada desafio e a cada aprendizado, o trabalho e os estudos podem ser parte de um projeto de vida. Já para os que objetivam posições de comando e poder, pura e simplesmente, ou poder aquisitivo, esta pode ser uma competição diária insana e gerar uma esquizofrenia.
O acerto contínuo nos negócios precisa ser balanceado com humanidade. As ações pautadas em pesquisas precisam ter um contraponto humano.
Se nossos objetivos forem os números, nossos erros serão eternamente matemáticos, dos quais basta corrigir um dado, um indicador, um percentil.
Mas e quando não formos mais números, formos mães, alunos, atletas? Quando nos tornamos pessoas, vivos e atuantes, somos mais do que a soma, somos um todo maior, um fluxo em constante transformação. Há de se lembrar da antropofagia cultural. Que dizer da antropofagia no mundo corporativo?
Quando resgatamos a liberdade dos nossos alunos, professores, chefes e subordinados, estamos aceitando sua identidade, entendemos seus múltiplos interesses e participamos de suas formas de agir.
É com este tipo de diálogo que nos tornamos acessíveis ao aprendizado e ao ensino.
Por isso, enquanto estou dando aula, espero que cada um que me ouve tente acertar, mas considere o erro como parte do mesmo processo. Não é o erro, em si, que tem valia, mas todo o processo que ele desencadeia para sua superação, fortalecendo racional e emocionalmente cada um de nós.
Talvez por isso que algumas culturas deixam suas crianças se machucarem ao invés de protegê-las dos riscos corriqueiros enquanto nós ainda optamos pela superproteção.
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Este é um texto de agradecimento aos muitos professores que passaram pela minha história. Vários deles com conhecimento profundo e um gosto pelas aulas que muito me surpreendia.
Mas esta grandeza não está apenas no aprendizado que tive com cada um deles, mas também nas oportunidades de desenvolvimento que me proporcionaram, nas vezes que me deixaram errar para aprender.
Aliás, entre tantos mestres, encontro nos alunos os novos professores, permitindo que eu exercite a arte da condução ao acerto, ao erro, ao diálogo. Uma experiência sempre ímpar.
Obrigado a todos, e em especial ao Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias, pelos bons alunos uspianos que nos aguardam às quintas-feiras.
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