Influência e Prestígio nas redes informais de confiança
Na coluna anterior (A comunicação orgânica nas organizações em rede) introduzimos o conceito de comunicação orgânica e mencionamos os principais perfis de colaboradores segundo um olhar da Análise de Redes Organizacionais. Nesta ocasião, vamos falar do perfil do Influenciador, também conhecido como Hub.
No jargão das redes de informática, o Hub é a parte central de conexão de uma rede local. De maneira similar, na Análise de Redes Organizacionais, trata-se daquele colaborador (nó) central que possui muitas relações (links).
Para ilustrar os colaboradores com capacidade de influenciar na comunicação informal, apresentamos a imagem de um mapeamento realizado por nossa equipe em três áreas chaves de uma organização industrial de médio porte.
Nela se destacam claramente dois nós representados por círculos maiores de cor cinza (área industrial) e azul (área administrativa-comercial). Ambos têm a mesma quantidade de links em sua direção, bem acima da média para esta rede, sendo considerados Influenciadores ou Hubs.
Na Análise de Redes Organizacionais isto é chamado de Indegree, que mensura o grau de vínculos diretos que vão até determinado nó.
Como falamos na coluna anterior, os mapeamentos são feitos com base na definição de dimensões chaves da comunicação informal. Neste caso, estão representadas as relações baseadas na Confiança, ingrediente fundamental da comunicação orgânica.
A pergunta realizada a cada integrante foi: A quem você pede conselhos para fazer melhor o seu trabalho?
Além disso, se perguntou sobre a freqüência com a qual se pedia conselhos (diariamente, semanalmente, quinzenalmente, mensalmente). Em suma, a rede apresentada refere-se à troca de conselhos semanal.
A posição central destes dois colaboradores indica, além de suas respectivas capacidades de influenciar através do aconselhamento direto, um valioso indicador de Prestígio dentro da organização. Já que ser fonte de conselhos indica confiança no conhecimento e experiência que essa pessoa detém, entre outros atributos positivos.
Mas, como acontece nas mídias sociais como o Twitter, determinar que um twitteiro é influenciador porque tem muito seguidores, não é condição suficiente, mas sim necessária. Por esta razão, costumamos adicionar um segundo indicador de centralidade chamado Eigenvector (Bonacich, 1987).
O Eigenvector mensura quem são os nós que tem vínculos diretos com outros nós que, por sua vez, tem muitos vínculos. Em termos mais simples, conectar-se a alguém que é influente, eleva a possibilidade de ser influente na rede.
Voltando à nossa imagem, a diferença do grau de Eigenvector entre os dois colaboradores destacados é ligeiramente superior para o cinza. Note que o nó azul tem vários links com nós que estão na periferia da rede e que estão pouco conectados entre si, o que o torna menos influente que o seu colega cinza.
Uma característica interessante dos influenciadores nas redes como esta é que muitas vezes não são líderes formais. No caso em questão, nenhum dos dois nós ocupava uma função de média e alta gestão, sendo o cinza um coordenador de seção da área industrial e o azul um analista da área comercial.
Por sua vez, a alta gestão (os nós vermelhos) formam um cluster pouco conectado fora de si mesmo, não tendo relacionamento direto com os dois influenciadores informais e, portanto, não reconhecendo-os como tal.
Após o mapeamento das redes de confiança, os dois Hubs identificados foram reconhecidos como fonte de aconselhamento sobre questões relacionadas a produtos, sendo formalmente considerados no processo de desenvolvimento de novos produtos. Isto fez com que se incentivasse o vínculo entre eles e seus respectivos clusters, tornando a comunicação mais integrada e, portanto, orgânica.
Na próxima coluna, falaremos sobre o perfil do Broker ou ponte, que desempenha um papel fundamental na integração da comunicação entre áreas e grupos diversos.
Até lá!
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