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Renato A. A. Manzano


Head da Manzano Consulting, empresa de Estratégia, Gestão e Ativação de Negócios e Marcas (Branding),  Marketing e Estratégia de Vendas, Comunicação Organizacional, Relações com Clientes e Públicos Estratégicos (RCPE), e Reestruturações Corporativas. Possui 30 anos de experiências de mercado. Durante 22 anos foi executivo em corporações de grande porte. Estudou Comunicação Social na PUC SP e graduou-se em Administração de Empresas, com ênfase em Gestão da Produção, pela PUC Campinas. É pós-graduado em "Gestão Estratégica da Comunicação Empresarial", pela PUC Minas. Concluiu extensões acadêmicas em: "Management of International Communication", pela Syracuse University/Aberje (Brasil/EUA), "Corporate Entrepreneurship", pela Babson School of Business (EUA), "Total Quality Management", pela AOTS (Japão), e "Comunicação Empresarial", pela PUC SP. Participou do "MBA Executivo Nacional e Internacional", da Amana-Key e do "Programa de Formação de Lideranças Empreendedoras", pela Fundação Dom Cabral. É provider em BSC, CCQ e NLP. Em 2014 tornou-se Empreteco (ONU) pelo SEBRAE. Liderou centenas de grandes projetos em algumas das mais importantes corporações brasileiras e globais; entre eles, foi o team leader do "Projeto Marca Global Vale" - o maior case de corporate brand da história brasileira. Entre 2011 e 2014, foi professor de Branding no MBA do Instituto Aberje de Educação.  Entre seus reconhecimentos estão o "Prêmio Aberje de Personalidade do Ano em Comunicação Empresarial", em 2004. É palestrante ativo e autor de diversos artigos sobre Branding, Estratégia, Comunicação e Marketing, Administração e Política. 

A República das Ratazanas

              Publicado em 15/03/2010

É preciso acabar com a corrupção endêmica no Brasil se quisermos de fato viver e criar os nossos filhos em um país justo, democrático e verdadeiramente desenvolvido.


A corrupção é o carcinoma da sociedade. Ela anula as competências, atravanca a competitividade, atrasa o progresso, destrói as finanças e arrasa a confiança nas instituições públicas e privadas. A ação deletéria da corrupção reduz as proteínas da merenda escolar, impede rendimentos dignos aos aposentados e rareia medicamentos e tratamento adequado aos doentes dos hospitais públicos, muitas vezes condenando-os à morte.

Esse câncer, que precisa ser extirpado do nosso convívio, subverte a prioridade dos projetos essenciais ao desenvolvimento da Nação, submetendo o direito de todos aos interesses espúrios de indivíduos inescrupulosos e desprovidos de qualquer sentimento de fraternidade. Desse modo, a corrupção põe em risco a própria Democracia, uma vez que se opõe frontalmente aos direitos fundamentais do ser humano, impedindo o pleno exercício do chamado Estado de Direito.

A corrupção é também inimiga poderosa da sustentabilidade. Ela é ecologicamente incorreta, economicamente inviável, socialmente injusta e culturalmente inaceitável! É um tumor nefasto que atrapalha o alcance de prementes necessidades da geração atual, colocando em risco a sobrevivência das gerações futuras.

A constatação de que há corrupção em qualquer país ou sociedade, ou mesmo que ela se processa indistintamente em todas as esferas do convívio social, não deve apaziguar nossa repulsa e de modo algum relativizar a culpa de corruptores e corrompidos. Nem tão pouco importa o “tamanho” da corrupção: a pequena célula cancerosa ou o tumor maligno de proporções incuráveis são essencialmente a mesma coisa, apenas em estágios diferentes. Ambas geram metástase, levando a doença para onde ela ainda não existia. É preciso que o organismo social aguce e aprimore as suas defesas de modo a atacar o problema em sua origem e, ao mesmo tempo, impedir a formação de novas colônias neoplásicas.

Para tanto é preciso um tratamento radical! Não há explicação, não há justificativa e não deve haver perdão para o ato corrupto. As leis de todos os países deveriam eleger a corrupção entre os mais hediondos crimes que um cidadão é capaz de cometer. Isto porque onde quer que haja corrupção há sempre pequenos ou grandes holocaustos, ainda que muitas vezes invisíveis.

O corrupto é um bandido muito pior que o bandido comum. Ao proliferar a injustiça em sentido amplo, o corrupto de todos os tamanhos contribui para o aumento das desigualdades e, conseguintemente, para a proporcional ampliação da miséria, da ignorância, da violência e de toda a sorte de mazelas que uma sociedade pode experimentar. O corrupto é, portanto, um bandido que produz bandido! Ele precisa ser impiedosamente caçado (sim, com “ç”), julgado, condenado e preso, sem perdão, sem demora e, principalmente, sem nenhuma hesitação.

Ocorre que os corruptos são muitos e na maior parte das vezes difíceis de serem detectados. Como ratazanas, essas pragas se escondem nas galerias sombrias das brechas da legalidade, nos fétidos becos da incompetência e nos tortuosos e perigosos caminhos do lucro a qualquer preço. Também não passam fome! Tanto se refestelam no lixo das vaidades e da ambição desmedida de pessoas poderosas, quanto na matéria putrefata do medo, do desespero e da desesperança dos miseráveis. Assim, em um país cuja ignorância e falta dos recursos mais básicos ainda imperam na base social e grande parte da “elite” econômica, política e intelectual acredita ser ungida por alguma graça Divina e viver em um universo à parte da realidade da população, não é difícil compreender como esses ratos de esgoto proliferam com tanta voracidade, no Brasil.

Mas o que assusta é quando as ratazanas se vestem de terno e gravata e saem à luz do dia, sem receio algum, e ganham as ruas para espalhar a imundície e a peste por todos os lados. O que faz tremer mesmo é quando esses roedores doentios crescem e alcançam os grandes cargos públicos e privados, as empresas, as polícias, os tribunais, o Poder Executivo, a Câmara dos Deputados e o Senado. O que dá calafrios é quando esses vermes, sem nenhum receio, invadem os lugares de representação, organização e controle social e se apoderam até mesmo do monopólio legítimo da coerção legal para submeter cidadãos de bem, trabalhadores, estudantes, donas-de-casa e seus filhos. Isto sim mete medo porque põe em grave risco o projeto de um Brasil robusto e moderno, de uma Nação justa e viável.

Basta ler as manchetes que tristemente povoam os jornais diários do nosso país. Max Weber deve ter convulsões diárias no caixão... As bancas de jornais se transformaram em um claro diagnóstico de que o país está doente e precisa de cura urgente e efetiva. Mas, atenção! A corrupção não pode se transformar em apenas mais um lamentável espetáculo midiático. A corrupção não é uma ficção. Inclusive o jornalismo precisa ser de fato investigativo, límpido, corajoso e sofisticado a ponto de não banalizar a corrupção, a exemplo de outras formas de violência. Pelo contrário, a Informação deve ser um dos mais poderosos e legítimos elementos da defesa e libertação do organismo social e a boa Comunicação o caminho de escolha da conscientização educativa e da tomada de ação ética e efetiva.

Basta! Não se pode mais permitir que a bandidagem invada o Estado e transforme o erário em instrumento de manipulação e enriquecimento ilícito. Da mesma forma não se pode mais aceitar que estradas, escolas, hospitais e outras obras públicas, por exemplo, sejam edificadas com material de baixíssima qualidade, enquanto a canalha engorda. Até quando conviveremos com a extorsão, a intimidação, o suborno e o abuso de poder? Como podemos comemorar plenamente os avanços na Economia do nosso país se sabemos que o Brasil está infestado dessa praga horrenda que se opõe claramente ao conjunto das liberdades civis e aos direitos humanos? Que progresso verdadeiro se pode esperar sem justiça social? E que justiça social se pode esperar de uma sociedade corroída pela corrupção?

Prisão para os corruptos! Que a sociedade tenha o direito de julgá-los e condená-los sob o rigor máximo da Lei. Que a Ordem se cumpra e que o Progresso seja efetivo e alcance igualmente a todos os cidadãos. Que a mentalidade que condena milhões de brasileiros ao gueto das impossibilidades também seja considerada uma das mais perversas formas de corrupção moral e que também ela seja definitivamente banida na nossa História.

Sejamos incansáveis! Governo, Justiça, empresas, imprensa e toda a sociedade organizada, enfim, devem continuar se opondo de modo veemente a essa escandalosa mancha que muitas vezes ganha inaceitáveis contornos de “característica cultural dos brasileiros”. Diga não a essa pecha! Adesive: “Sou brasileiro. Digo NÃO à corrupção!”. Mande e-mails pressionando os parlamentares em processos de cassação de políticos corruptos. Não reeleja políticos envolvidos em escândalos. Denuncie esquemas ilegais. Proteste, mostre o seu repúdio! Organize-se em seu bairro, em sua cidade. Atue através de entidades representativas. E, sobretudo, dê o exemplo: não pague propina, não alimente as ratazanas porque cedo ou tarde elas o devorarão e aos seus entes queridos.

Enfim, parece que não há muito mais escolhas. Ou limpamos de vez o Brasil da corrupção endêmica ou seremos, para a nossa vergonha, a República das Ratazanas.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2056

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