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COLUNAS


Carolina Soares
carolina@aberje.com.br

Relações-públicas, mestranda em Comunicação pela ECA- USP e coordenadora da Área Educacional da Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial.

Os sacos plásticos pedem perdão

              Publicado em 22/09/2009

Os sacos plásticos transformaram-se nos vilões da atitude sustentável. Eu mesma acumulo sobre minha mesa uma porção deles para encaminhar para a reciclagem, numa tentativa quase que utópica de salvar o mundo. Mas Já há algum tempo uma inquietação me incomodava: as empresas que produzem os tais saquinhos assistiriam caladas ao declínio de seus negócios? Coexistiriam com campanhas do tipo ”Saco é um Saco” e observariam passivamente estampas como “eu não sou uma sacola de plástico” ?. Diante de tudo disso nem mesmo reagiriam ou tentariam uma segunda - ou melhor - última chance?
 


Minha coleção de sacos plásticos
 

A reação, talvez com certo atraso, chegou na semana passada, quando a indústria do plástico lançou uma campanha nacional que tenta mudar sua imagem e liderar um movimento a favor do consumo responsável. O “Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas” pretende reduzir em até 30% o consumo das sacolas e mostrar à população como o uso consciente do produto pode beneficiar a todos. Criado pela W/, o filme da campanha mostra diversas situações onde seria quase que impossível abrir mão das sacolinhas: cobrir o gesso do braço na hora do banho, limpar o cocô do cachorro, fazer a compressa de gelo. As Imagens lentas, fotografia impecável e narração idem, quase que conseguem transmitir a emoção de um relacionamento entre ser humano e sacola de plástico. Ao final, a indicação para o site da campanha.

Lembrei-me de um fato histórico na área de comunicação: Edward Bernays, considerado o pai das Relações Públicas (e também sobrinho de Sigmund Freud), lançou em 1924 uma campanha para alavancar consumo do bacon nos Estados Unidos, já que imagem do produto estava desgastada e as vendas em declínio. Utilizando teorias da psicanálise e resultados de entrevistas com médicos – que recomendavam a ingestão de alimentos substanciosos pela manhã - Bernays conseguiu convencer a opinião pública de que não havia nada de errado em comer bacon pela manhã. Nascia aí o famoso café da manhã norte-americano.

Julgamento de valores à parte, o fato é que bacon e sacolinhas reagiram e utilizaram a comunicação para mudar o comportamento e atitude de seus públicos.  O site da campanha das sacolas cumpre bem o papel de educar, esclarecer e informar o consumidor: há diversas informações úteis, como dicas de reutilização, locais de reciclagem e até uma “Calculadora da Economia”, que faz um comparativo entre as sacolas frágeis e resistentes. Uma tentativa bacana de reeducação de hábitos, mas que poderia ter melhores resultados se tivesse se antecipado ao novo modelo de consumo. As empresas, cada vez mais, terão que colocar o pensamento sustentável dentro seus negócios.

Nesta linha tênue entre o legítimo e a retórica, sobrevive quem tem comunicação e sustentabilidade na essência. Enquanto o tempo não dá veredicto final eu continuo a colecionar sacolas sobre a mesa.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 3010

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