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Mauricio Felício
contato@feliciocomunicacao.com.br

Sócio Presidente da Felício Comunicação, atua em consultoria, gestão e treinamento em comunicação empresarial e Business Intelligence. Formado em Relações Públicas pela USP, onde atualmente participa do programa de mestrado e é Professor conferencista para a graduação, com MBA em Gestão de Comunicação e Marketing pela mesma instituição (USP em parceria com a Florida University)."

 

2014 - O ano Google

              Publicado em 07/01/2014
Eu poderia resgatar as mudanças no modo como percebemos o conhecimento, informação, habilidades, aprendizado, etc. após o surgimento do buscador do Google, com seu potente algoritmo de qualificação, mas não é este o motivo pelo qual acredito que haja um marco considerável neste novo ano.
 
A Google, empresa com atuação global, vem transformando o modo como consumimos conteúdo, ajudando a internet a cumprir diversos potenciais anunciados desde seus primórdios. Entre as profecias que vêm se realizando estão a divisão e multiplicação das fontes de conteúdo, a mudança mais acentuada do polo ativo do poder, o fomento ao uso de tecnologias de comunicação e armazenamento de dados de modo multifacetado, além da consolidação da navegação orientada ao conteúdo, contando ainda com a publicidade baseada em experiências históricas. 
 
Eu poderia me demorar em vários projetos de impacto considerável, como o Loon Project, ou os testes com carros autoguiados, ou ainda sobre o Google Green, Google Education, sobre os estudos de reprogramação celular para combater o envelhecimento físico, além das iniciativas sociais do Google, algumas disponíveis em google.org.
 
Claro que a Google não caminha sozinha neste campo. Mas novamente, não é por isso que acredito que devamos olhar mais de perto as transformações que estão por vir a partir de 2014, já que este é o ano prometido. O ano em que o Google Glass será oficialmente lançado. Sim. Este é o ponto nevrálgico deste artigo. 
 
Quando estudamos a evolução da sociedade a partir dos meios de comunicação, costumamos destacar a prensa de tipos móveis aprimorada por Gutemberg. Poucos lembram das ferrovias e rotas marítimas que eram, também, meios de comunicação e que fortaleceram o sistema de correspondência de muitas nações. Depois temos o rádio, o telégrafo, e o grande ícone comunicacional do século passado, a televisão. Repare quantos dos meios de comunicação citados acima são baseados na visão. 
 
Sim, praticamente todos. Sequer entrarei no debate acadêmico acerca da literacia e da estrutura altamente visual da sociedade ocidental. O ponto é que já nos acostumamos a estruturar nossas comunicações com base primordial no sistema imagético, tendo, então, o sentido da visão estressado, fortalecido, privilegiado. Repare, então, que é justamente este sentido humano que está se transformando com a chegada de uma tecnologia vestível que não precisará ser desligada durante o dia todo. 
 
Alguns argumentarão que as transformações são mínimas, pois já estamos acostumados com as telas da televisão, dos computadores, e mais recente e constantemente, dos celulares. Concordo, mas todos estes dispositivos são interruptivos. São interfaces que desviam seu olhar. Interrompem, mesmo que parcialmente, sua atenção no ambiente.
 
Mesmo a imprensa especializada em tecnologia ainda não se prontificou a tratar do Google Glass com a profundidade necessária e merecida. Vemos muitos artigos comentando como as cirurgias clínicas podem melhorar com o suporte de dados ao médico que usa o device. Outros posts em blogs badalados falam de como usar o Google Glass na prática esportiva, em saltos espetaculares. O próprio vídeo de apresentação do produto mostra exemplos ainda simplórios quando comparados com seu potencial. Todos estes exemplos estão indubitavelmente relacionados às possibilidades objetivas das quais iremos dispor dentro de alguns meses, como a busca por um museu ou cafeteria e o compartilhamento de fotos quase que instantaneamente, mas o ponto crucial está fora da ficha técnica. Está além dos megapixels de resolução de imagem.
 
O Google Glass vem para fundar um modo de se relacionar com o mundo “real” e o mundo da informação de forma híbrida em um nível, em um patamar bem diferente do que temos experienciado, o ciborgue passa a ter um significado mais profundo.
 
“Real” e “Virtual” se fundirão em uma imagem única, composta por múltiplas camadas. O campo do visível deixa de ser fortemente baseado na materialidade do espaço. Em outras palavras, ruas vazias podem ser povoadas com avatares diversos. Muros brancos podem receber intervenções virtuais. O caminho para o trabalho pode ser gamificado e se tornar parte de um grande campo de MMORPG. A pele nua pode dar lugar a tatuagens virtuais em movimento. 
 
A mente, transformada ao longo dos séculos de literacia em uma máquina fortemente visual, está à beira de ganhar um novo aval para interromper a caminhada e iniciar, a galopes, um novo modo de lidar com dados, com informações, com o mundo (real/virtual).
 
Ou seja, 2014 é o ano em que iniciamos a nossa reeducação mental. Quando aprenderemos a lidar com a informação ubíqua, sempre disponível, constante, agente. Agora digo mais claramente. 2014 é o ano Google, quando algumas profecias sobre a internet começam a galopar e a ideia de um mundo real dissociado do virtual começa a se esfacelar com maior intensidade.
 
Por mais que tenhamos nossas ações baseadas em dados, com o aporte da computação na nuvem, o grande processamento de dados (Big Data) e o avanço de algoritmos que simulam as redes neurais (inteligência artificial e comutação quântica), aportamos em um contexto de tomada de decisão com dados atualizados em tempo real.
 
Mas, obviamente, não espere um choque brusco de culturas. Este é só o começo. Mal sabemos como reagirão os concorrentes e os governos/nações a esta e a tantas outras transformações que estão a poucos dias de distância. 
 
Estamos à beira de um reforço ao discurso em primeira pessoa, de imagens translúcidas, de uma sociedade na qual a solidez da imagem física pode ser vista como uma âncora, um peso, um fardo, e a imagem projetada, construída, programada, passe a ser encarada como uma forma de liberdade, de libertação do determinismo material. Os avatares do SecondLife e World of War Craft deixam de ser algo afastado e passam a ser uma camada identitária que pode acompanhar o sujeito nos espaços públicos. Os prédios e praças passam a comportar inúmeros eventos concomitantes que estarão completamente baseados em camadas de dados. A cidade poderá se apresentar a cada cidadão de um modo diferente, seguindo seu perfil, comportamento histórico ou configuração específica.
 
Em resumo, em 2014 conheceremos o Google Glass. Com ele, os espaços poderão ter mais conteúdo. O trabalho poderá ter mais informação. A vida comum estará mais conectada ainda. Os relacionamentos serão transformados e o sujeito será fagocitado, ou para ousar um pouco, veremos o início de uma nova tecnoantropofagia, fundado um novo processo de autopercepção e um novo discurso identitário.
 
Encerro, então, com uma reflexão. Há questão de algumas décadas nós costumávamos projetar como seria a vida em 100 ou 50 anos. Já nos dias atuais, nossa visão de futuro é algo bem mais curto. Falamos em 10 ou 5 anos. Então tente voltar ao mesmo exercício. Como será o futuro em 50 anos? Tente não ser simplório e verá que muito do que ensinamos nas escolas e do que praticamos no mercado em grande parte ainda está baseado no passado, enquanto empresas como o Google têm atuado no presente, e com isso, fomentando um futuro diferente.
 
 

Disclaimer: Este artigo foi desenvolvido sem a participação, interferência ou consentimento da Google. 


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