Cuidado! Comprometer o futuro não valoriza o inverno
Enquanto escrevo, a chuva cai sem parar. São dias que a chuva não para. Em alguns momentos, me parece que nunca vivi outra coisa a não ser essa chuva. Esse barulho molhado. Essa angustiante umidade, como se eu nunca tivesse conhecido o sol. Tempos quentes, de suor, quando uma alegria chega quase sem nosso controle. Só chuva, só cinza, só neblina. Esse som constante parece afastar até os canto dos pássaros, as cores das borboletas. As plantas parecem se afogar no excesso, do que gostam e precisam.
O clima parece imitar o cenário do Brasil. A luz, o quente, nunca existiram. O cenário cinza, banhado por semanas de chuva e frio. As famílias vivendo seu inverno. As empresas mergulhadas no cinza, no medo, debaixo dos cobertores, fazendo contas, suspendendo os treinamentos e eventos, nem pensando em pesquisas, proibindo viagens, nem pensando em planejar. A pergunta que paira no ar é viver para quê? Qual a previsão do tempo Brasil? O inverno, tão perto da primavera, chegará ao verão? Trovões e raios estão no cenário econômico e político. Enquanto isso, clientes e consumidores, hoje interlocutores mudando e mudando.
As guardas municipais caçando os camelôs. O varejo mudando preços, dando brindes, prazos, fazendo gentilezas. A conta de luz e a luz vão se apagando para tantas famílias que vão perdendo seus empregos. Os sonhos rolam pelas salas, nas notícias dos jornais diários. Nossos sonhos ficam chuvosos e nublados, enquanto milhares de seres humanos caminham quilômetros, ou se afogam para ter direito à vida, lá na Europa. Um silêncio toma o ar úmido.
Para onde vai esse país que é, eternamente, uma promessa de futuro? E esse futuro chega? Chegou... e acabou?
Quem somos nós, comunicadores das empresas desse país cinza, quando o que sabemos fazer tem cor e alegria, quase sempre? Que precisamos de boas histórias e recursos para engajar, motivar? Comunicação interna? Responsabilidade Social? Sustentabilidade? Reputação? Hum... Se tudo era só teoria que as tesouras cortariam frente à crise, afinal, o que eram?
Quem sobrará para sonhar o futuro? Quem vai entrar na arca de Noé e ter coragem de se salvar? Palavras como protagonismo, diálogo, transparência e coragem, precisam ser pronunciadas. E, mais alto do que o barulho da chuva. Comunicação e relacionamento, na fartura ou na fratura, são essenciais. Atenção e constância, sabemos, farão diferença. Quem for atento no inverno de setembro pode chegar à primavera do verão. Talvez esse barulho persistente da chuva possa trazer boas notícias para os reservatórios e talvez um pouco de sol para nossas almas.
Esquentar o inverno -- preparando equipes, refletindo, capacitando, estudando, dialogando e respirando -- pode salvar potências das organizações, para quando o verão chegar. Sim porque o verão vai continuar a existir e poderemos nos arrepender de ter dormido debaixo dos cobertores, por longo inverno.
Trabalhamos com pessoas. No fundo só importam as pessoas, só elas serão capazes de refletir agora e produzir depois. Tenho visto empresas, que mesmo nesse inverno, estão investindo, cuidadosamente, fazendo uma “estrela” para cair de pé quando o verão chegar. É com elas que caminho.
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