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Andréa Gozetto


Cientista Política especializada em defesa de interesses, Andréa é doutora em Ciências Sociais pela Unicamp (2004) e mestre em Sociologia Política pela UNESP-Araraquara (1998). Cursa o pós-doutorado em Administração Pública e Governo pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É coordenadora acadêmica do MBA em Economia e Gestão – Relações Governamentais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) MGM, professora pesquisadora da Universidade Nove de Julho e professora do MBA em Gestão Pública do Centro Universitário SENAC. É consultora da Gerência de Desenvolvimento Associativo (GDA) da CNI. Publicou diversos artigos sobre defesa de interesses no Brasil, como: Interest groups in Brazil: a new era and its challenges (2014), Lobby e Políticas Públicas no Brasil (2013), Lobby e Reforma Política (2012), Lobby: instrumento democrático de representação de interesses? (2011) e Estratégias de ação dos grupos de interesse empresariais e de trabalhadores no Legislativo federal brasileiro (2011).

RelGov Veste Prada: uma rede que contribui para o aprofundamento da democracia

              Publicado em 31/08/2015

Em março de 2006, a Revista UM (Universo Masculino) publicou uma matéria em que apresentava a história de três mulheres que atuavam na área de relações governamentais. A partir de uma abordagem inovadora, o jornalista conseguiu desmistificar um pouco a zona cinzenta que envolve a atividade de lobby e ao relatar o dia a dia de suas fontes, apresentou a complexidade do trabalho dessas profissionais. Intitulada “O lobby de saias” (*1), a matéria tentava apreender possíveis dificuldades que uma mulher enfrentaria ao defender os interesses da organização que representa no Congresso Nacional. Para evitar envolvimentos em esquemas de corrupção e tráfico de influência e ameaças de assédio sexual, essas profissionais formaram uma rede de informações que, entre outros objetivos, servia como um alerta acerca de pessoas ou atos suspeitos.

A existência de esquemas de corrupção e tráfico de influência ainda constituem desafios a superar. Mas é muito bom saber que, em menos de uma década, outras redes de informação têm sido criadas por mulheres que atuam na área de relações governamentais. Felizmente, por motivos bem diferentes.

É o caso do grupo RGVP – RelGov Veste Prada – ou simplesmente As Pradas, como referem-se entre elas às participantes do grupo. Fruto dos encontros informais de algumas amigas que se reuniam para trocar experiências, o RGVP foi crescendo e transformou-se em uma rede. Há algumas exigências para tornar-se uma Prada, entre elas: a) ser mulher; b) atuar na área de relações governamentais, c) ser colaboradora de Empresas, Consultorias, Confederações, Federações, Associações de Classe e think tanks e d) estar em Brasília com frequência (2 ou 3 vezes por mês). Os encontros mensais acontecem sempre na terceira semana, em Brasília e alternam-se entre uma reunião de trabalho (preferencialmente um café da manhã) e um Happy Hour. Atualmente, o grupo conta com mais 60 mulheres, mas há outras 10 solicitando inclusão. Apesar de não possuírem um alto grau de formalização, a sua carta de 

apresentação define regras para inclusão de novos membros, normas de conduta e de confidencialidade das informações do grupo.

O RGVP atua com base em três pilares: networking; leadership, mentoring e coaching e trabalho social voluntário. O seu objetivo é tornar cada um dos membros um radar e assim ampliar a capacidade de captação e disseminação de informações. Como se sabe, a antecipação é essencial à área de relações governamentais. Um bom profissional é aquele que é capaz de identificar oportunidades e riscos para a organização que representa antes que outros o façam. Afinal, a informação é vital para o processo de defesa de interesses. É por isso que as Pradas interagem entre si por meio de um grupo no Whatsapp, possuem um grupo de discussões no Linkedin (*2) e trocam  informações por e-mail.

A pluralidade é a marca do grupo. Profissionais em diferentes níveis hierárquicos se relacionam de igual para igual e trocam experiências. Em um país em que os direitos civis mais básicos, como o direito à igualdade, ainda não estão plenamente consolidados, a existência do RGVP é um ganho substancial para o aprofundamento da democracia.

 

(*1) LAMBRANHO, Lúcio. O Lobby de Saias. In: Revista UM. Edição 17, março de 2006.

(*2) https://www.linkedin.com/grps/RelGov-Veste-Prada-6953871/about?


 


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