Por Marlene Marchiori e Ana Beatriz Balko Alves*
Podemos imaginar organizações como espaços criativos? Da mesma forma, podemos imaginar organizações onde as pessoas se desprendem de suas ideias? Pessoas que, nas conversações, inovam?
Essas são questões que podem ser respondidas inicialmente pela comunicação colaborativa de Stanley Deetz. Um conceito que vai além de ambientes democráticos nas organizações, os quais fomentam a compreensão das diferenças entre os indivíduos envolvidos no processo comunicativo sem que estes sejam motivados a transformações (DEETZ, 2010).
Falarmos sobre comunicação colaborativa implica buscarmos o cruzamento de distintas experiências provindas de diferentes indivíduos, tendo como alicerce a colaboração (DEETZ, 2010). Essa colaboração visa compartilhar expectativas, conhecimentos e experiências entre os sujeitos para a construção de deliberações inovadoras, segundo Stanley Deetz.
Esse conceito implica que esses indivíduos, com suas ideias, ao interagirem desprendem-se delas e criam uma nova, ou seja: A + B = C. Dessa forma, a comunicação colaborativa facilita os processos inovadores nos ambientes organizacionais por meio das interações, que se revelam no momento em que as pessoas dialogam e trocam ideias, instaurando-se uma dinâmica de conversação onde os pontos de vista se alteram, emergindo dessas relações novos pensamentos, ações, processos diferenciados, antes não pensados.
Nesse contexto, desenvolver o processo de comunicação colaborativa nas organizações requer uma mudança de postura relacionada às interações no ambiente organizacional (DEETZ; BROWN, 2004) que carece atenção e cautela para não serem apenas canais democráticos de comunicação, à medida que essa comunicação busca a promoção de um ambiente livre com a manutenção das diferenças. Assim, evita-se gerar ingenuamente situações de vantagens discursivas, em que as pessoas não compreendem a capacidade persuasiva da comunicação e são influenciadas a tomarem decisões através do senso comum (DEETZ, 2010).
Desse modo, percebe-se que a comunicação colaborativa se faz essencial no processo de construção de conhecimento inovador. É, portanto, por meio dessa ótica, baseada em uma comunicação livre e aberta que a comunicação colaborativa desafia os indivíduos para uma nova organização, um espaço onde a fala tem valor e encontra ressonância.
*Ana Beatriz Balko Alves – Aluna de iniciação científica GEFACESCOM
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Referências
DEETZ, Stanley. Comunicação Organizacional: fundamentos e desafios. In MARCHIORI, Marlene (org.) Comunicação e organização: reflexões, processos e práticas. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2010.
DEETZ, Stanley; BROWN, Devon. Conceptualizing involvment, participation and workplace decision process. In: TOURISH, Dennis; HARGIE, Owen. Key issues in organizational communication. British Library, 2004.