Busca avançada                              |                                                        |                            linguagem PT EN                      |     cadastre-se  

Itaú

HOME >> ACERVO ON-LINE >> COLUNAS >> COLUNISTAS >> Valdeci Verdelho
COLUNAS


Valdeci Verdelho


Formado em Jornalismo, trabalhou como repórter e editor em jornais e revistas como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, IstoÉ e Exame.  Nos últimos anos tem se dedicado a comunicação corporativa. Entre outras atividades nessa área, exerceu por mais de uma década a vice presidência da Andreoli MSL, do Grupo Publicis, sendo responsável  pelas questões estratégicas mais sensíveis dos clientes, incluindo gestão de crise de imagem.

Além de jornalista foi ativista político, participando de movimentos sociais e sindicais por um longo período. Com essa experiência, somada à vivência em comunicação corporativa, desenvolveu competências para atuar com stakeholders das organizações, habilidade essencial em processos de prevenção e gestão de crise.

Na área acadêmica foi professor de Jornalismo na Escola de Comunicações e Arte da USP.

Atualmente trabalha na Verdelho Associados como consultor independente, com foco em projetos de construção de imagem, credibilidade e reputação.

É, também, Professor de Gestão de Crise de Comunicação no programa MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da ABERJE – ESEG 

O risco de viral negativo no You Tube

              Publicado em 11/06/2015

A comemoração do décimo aniversário do You Tube é uma boa oportunidade para lembrar como este poderoso canal gera situações que impactam a reputação das organizações. Com mais de um bilhão de usuários no planeta o You Tube recebe, a cada minuto, o equivalente a 300 horas de vídeos, profissionais ou amadores, que são acessados centenas de milhões de horas, gerando bilhões de visualizações.

O You Tube foi lançado em maio de 2005 como um modesto site de vídeos e neste período transformou-se uma plataforma global de informações e compartilhamento onde campanhas de empresas promovendo marcas ou produtos convivem com videoclipes para promover artistas e também com reclamações, denúncias e as mais diversas manifestações de consumidores e outros stakeholders.  Mais de metade do que é postado tem menos de 500 visualizações. Alguns vídeos, no entanto, despertam o interesse de milhares ou milhões de pessoas e neste caso são considerados “virais’, às vezes, negativos.

As consequências de virais negativos para as organizações começaram em 2009. Uma das primeiras a sofrer este impacto foi a Domino´s,  maior rede de pizzaria do mundo, com cerca de 9.500 lojas em 70 países, incluindo o Brasil. Em abril de 2009, dois funcionários de uma loja americana, na Carolina do Norte, postaram um vídeo no qual mostravam imundícies como, por exemplo, misturar muco nasal com o queijo que cobriria a massa da pizza. Apesar de repugnante - ou justamente por isto - o vídeo teve efeito viral e em três dias já passava de um milhão de visualizações, com repercussões no twitter, na mídia tradicional e, pior, afastando consumidores das lojas. A principal resposta da Domino´s foi através do próprio You Tube. Um discurso assertivo do CEO Patrick Doyle não alcançou nem um terço da visualização do vídeo que originou a crise, mas teve papel decisivo na estratégia para corrigir os danos de imagem causados.

Ao contrário da criação grosseira dos funcionários da Domino´s, o outro vídeo que se tornou viral negativo para uma empresa em 2009 era refinado. Foi produzido e postado pelo então desconhecido cantor canadense David Caroll interpretando, da sua própria autoria “ United Breaks Guitars”,  uma música de protesto contra a United Airlines, que virou hit na internet com mais de cinco milhões de visualizações . Tudo começou em março do ano anterior, quando David Carrol  embarcou em Halifax, no Canadá, com sua banda Filhos de Maxwell para uma apresentação em  Nebraska, nos Estados Unidos. Durante a escala em Chicago, o artista viu quando funcionários que manipulavam bagagem jogaram sua guitarra de um lado para outro. O instrumento avaliado em 3.500 dólares caiu no chão teve partes quebradas. A partir daí David iniciaria uma longa jornada tentando que a companhia aérea reparasse os prejuízos. Depois de nove meses de uma peregrinação inútil decidiu tornar pública sua indignação. O sucesso da música no You Tube transformou o caso num ícone de viral negativo manchando a imagem de uma grande empresa.

No Brasil o caso de maior impacto de viral negativo em 2009  não precisou de vídeo profissional bem produzido, como o de David Caroll, e não se destinava a atingir especificamente uma empresa, como aconteceu com a United. Foi um vídeo gravado precariamente com telefone celular, apenas para registrar o momento em que estudantes num campus da Uniban, no ABC paulista, hostilizavam uma colega por causa da sua minissaia exígua e ameaçavam um linchamento moral, que exigiu a intervenção da polícia para que a aluna deixasse o prédio da faculdade sob proteção.

Seguindo o modelo clássico de viral no You Tube, o assunto passou a repercutir nas mídias sociais e migrou para a mídia tradicional onde teve extensa cobertura, neste caso, alimentada pelos desdobramentos, como a discussão sobre o comportamento preconceituoso dos estudantes, e a expulsão da aluna, depois revertida em função de reações contrárias, inclusive do Ministério da Educação. Enquanto a ex-aluna, Geyse Arruda, ganhou status de celebridade, a Uniban ficou com a imagem fortemente abalada e em 2011 foi adquirida, com seus 55 mil alunos, por outro grupo educacional.

Supondo que sejam necessários três minutos para ler este artigo, entre o início e o término da leitura foram postadas mais 900 horas de vídeos no You Tube.  Como é impossível saber quantos podem ser de autoria de algum stakeholders insatisfeito, nem quantos poderão se transformar em virais negativos, o melhor que os líderes das organizações têm a fazer é considerar este risco e estarem preparados.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1226

O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996

Sobre a Aberje   |   Cursos   |   Eventos   |   Comitês   |   Prêmio   |   Associe-se    |   Diretoria   |    Fale conosco

Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090