Sujeitos e organizações: um outro olhar para essa relação
Ao falarmos em organizações, naturalmente pensamos em pessoas. Pessoas que trabalham, que criam, que desenvolvem atividades. Esses sujeitos necessitam interagir com outros em função de uma necessidade básica: ser social.
Alcançar propósitos compartilhados por meio da divisão do trabalho é uma definição clássica das organizações. Nossa reflexão trata, em especial, sobre as organizações como espaços de interações, o que significa um olhar sobre os sujeitos e não sobre as estruturas organizacionais.
Sujeitos criam e estimulam as práticas e os processos e, a partir desse agir, formam a identidade organizacional. Essa identidade, “quem somos” enquanto organização se fundamenta nas estruturas sociais e no histórico dessas relações. Assim, as identidades dos indivíduos são construídas justamente nas relações que se processam quando os sujeitos entram em conversação.
Esse processo desperta a necessidade dos sujeitos se coordenarem em busca de coletividade, a fim de atingir os objetivos propostos e influenciar nas estruturas das organizações (PAULA, 2007). Sendo assim, por meio dos relacionamentos que ocorrem, das interações e dos diálogos vividos, sujeitos passam a influenciar na constituição das estruturas organizacionais.
Segundo Zanelli (2013), as organizações como sistemas sociais buscam preservar sua identidade continuamente e, para tal, tornam-se dependente do agir dos sujeitos. A comunicação passa a ser vista como aquela que cria e muda a realidade social (PUTNAM, 2008).
Ao mesmo tempo em que os indivíduos são condicionados a terem iniciativa e agirem individualmente, são requisitados a fazerem parte de um projeto coletivo (OLIVEIRA; PAULA, 2010) que ocorre a partir do entendimento do valor das relações e da proximidade, ou seja, dos encontros conversacionais que os sujeitos em interação promovem nos ambientes organizacionais. São nas relações que os sujeitos movimentam-se, e aprendem a possibilidade de agir coletivamente.
Assim, sujeitos em interação, se relacionam, dialogam entre si, se comunicam e constroem a organização, influenciando na formação das estruturas organizacionais que devem “dar conta” dos objetivos propostos. Afinal o que seria das organizações sem o agir dos sujeitos?
Marlene Marchiori e Débora Ninin, aluna de iniciação cientifica do Grupo de Pesquisa Faces da Cultura e da Comunicação Organizacional (GEFACESCOM).
Referências:
OLIVEIRA, Ivone de Lourdes; PAULA, Maria Aparecida de. Interações no ambiente interno das organizações: implicações da complexidade. In: MARCHIORI, Marlene. (Org.) Comunicação e organização: reflexões, processos e práticas. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2010.
PAULA, Geraldo Marcelio de. Estruturas organizacionais: o papel do gestor de nível intermediário. 2007. Dissertação (Mestrado em Administração) - Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade FUMEC, Belo Horizonte.
PUTNAM, Linda L. Images of the comunication – discourse relationship. Discourse Communication Journal, p. 339-345, 2008.
ZANELLI, J. C. (2013, no prelo). Interação humana e gestão: uma compreensão introdutória da construção organizacional. Rio de Janeiro: Editorial LAB.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2314
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