Busca avançada                              |                                                        |                            linguagem PT EN                      |     cadastre-se  

Itaú

HOME >> ACERVO ON-LINE >> COLUNAS >> COLUNISTAS >> Valdeci Verdelho
COLUNAS


Valdeci Verdelho


Formado em Jornalismo, trabalhou como repórter e editor em jornais e revistas como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, IstoÉ e Exame.  Nos últimos anos tem se dedicado a comunicação corporativa. Entre outras atividades nessa área, exerceu por mais de uma década a vice presidência da Andreoli MSL, do Grupo Publicis, sendo responsável  pelas questões estratégicas mais sensíveis dos clientes, incluindo gestão de crise de imagem.

Além de jornalista foi ativista político, participando de movimentos sociais e sindicais por um longo período. Com essa experiência, somada à vivência em comunicação corporativa, desenvolveu competências para atuar com stakeholders das organizações, habilidade essencial em processos de prevenção e gestão de crise.

Na área acadêmica foi professor de Jornalismo na Escola de Comunicações e Arte da USP.

Atualmente trabalha na Verdelho Associados como consultor independente, com foco em projetos de construção de imagem, credibilidade e reputação.

É, também, Professor de Gestão de Crise de Comunicação no programa MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da ABERJE – ESEG 

Cardápio variado de riscos

              Publicado em 23/07/2014

Em agosto de 2013, a Heinz sofreu o constrangimento de ter um lote de produto retirado das prateleiras de supermercados no Brasil por decisão da Anvisa, que identificou indigestos pelos de roedores entre os condimentos da mais famosa marca de ketchup do mundo. Mais de 140 anos de tradição e qualidade reconhecida internacionalmente não foram suficientes para evitar uma mancha na imagem da Heinz diante dos seus consumidores, do mesmo modo que o prestígio das gigantes Unilever e Pepsico não impediram a contaminação das marcas Ades e Toddynho em episódios que expuseram essas empresas recentemente.

Os casos da Heinz, Unilever e Pepsico são apenas alguns exemplos de como situações de crise de imagem são frequentes na indústria de alimentação. Entre as dez empresas consideradas mais controvertidas pelo RepRisk em 2013, três são do setor alimentício. Especializado em analisar riscos ambientais, sociais e de governança, o RepRisk considera os incidentes negativos e controversos publicados em todas as mídias e, utilizando metodologia própria, elabora um ranking de quem não anda bem de reputação. A francesa Comigel e a inglesa Findus, que estiveram envolvidas com o escândalo da carne de cavalo na Europa, ocupam a terceira e quinta posição, enquanto a Frontera, da Nova Zelândia, ficou em sexto lugar devido alegações de contaminação de leite que teria resultado na morte de pelos menos seis crianças na China. Ocupando três posições, em termos de repercussão negativa, o setor alimentício igualou-se ao setor financeiro.

Contaminação de produtos que põem em risco a saúde e a vida dos consumidores é o maior flagelo da indústria de alimentos. Em 2008, a canadense Maple Leaf, líder em processamento de carnes, sofreu isso intensamente quando um surto de listeriose, que matou 22 pessoas, foi atribuído ao consumo do seu produto. Investigações posteriores concluíram que resíduos de carne acumulados dentro das máquinas poderiam ter propiciado a proliferação da bactéria Listeria e a contaminação da carne processada em uma das linhas de produção.

Consumidores mais exigentes, concorrência acirrada, regulamentação de órgãos oficiais, pressão de organizações não governamentais e a efervescência das redes sociais têm obrigado o setor alimentício a se preocupar cada vez mais com qualidade e segurança dos seus produtos, inovando em tecnologia, adotando padrões internacionais, como a ISO 22000, e outras práticas para aumentar a confiabilidade.

Mas além da qualidade e segurança em suas fábricas, o setor deve estar atendo a outras questões. A origem das matérias-primas, por exemplo. De acordo com estudo divulgado este mês pelo Pesticide Action Network, em Londres, 60% dos pães comercializados no Reino Unido apresentam resíduos de pesticidas, que embora considerados dentro dos limites legais, certamente impactam negativamente os consumidores. Informações impressas (ou omitidas) nos rótulos e embalagens também exigem cuidado especial. Frequentemente, o Food Drug Adminsitration emite alertas para os consumidores nos Estados Unidos e determina o recall por causa desse tipo de problema. Além disso, desde a criação do Acess to Nutrition Index, que reúne representantes da sociedade civil e investidores, a reputação da indústria de alimentos deve considerar também sua contribuição para influenciar o consumidor, objetivando a uma redução dos graves problemas globais de obesidade e desnutrição. Essa é uma preocupação da Organização Mundial de Saúde e de autoridades em todo o mundo. No Brasil, um dos reflexos são as restrições para campanhas publicitárias envolvendo o público infantil. Com tudo isso, o cardápio de riscos no setor alimentícios está cada vez mais variado e a gestão de crise adquire uma nova dimensão. Não se trata mais de um assunto apenas para a área de segurança e qualidade. Precisa ser tratado estrategicamente e estar na mesa do presidente como prioridade.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2129

O primeiro portal da Comunicação Empresarial Brasileira - Desde 1996

Sobre a Aberje   |   Cursos   |   Eventos   |   Comitês   |   Prêmio   |   Associe-se    |   Diretoria   |    Fale conosco

Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial ©1967 Todos os direitos reservados.
Rua Amália de Noronha, 151 - 6º andar - São Paulo/SP - (11) 5627-9090