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COLUNAS


Ignacio García
ignacio@treeintelligence.com

Antropólogo Sociocultural pela Universidade de Buenos Aires e Especialista em Inteligência de Redes, Netnografia e Cultura Organizacional.  Palestrante internacional e membro fundador da Orion Community (Grupo de especialistas em Business Network Analysis), sediada em Budapeste, e coordenador da RCI (Redes Colaborativas da Inovação) do Fórum de Inovação da FGV. 

Sócio fundador da Tree Intelligence, consultoria pioneira na aplicação da Ciência das Redes aos negócios na América Latina.

Snapchat, Facebook e a perecibilidade da informação

              Publicado em 13/03/2014
Tem um (não tão) velho ditado que diz: “uma vez na internet, sempre na internet”. Quem trabalha com Reputação Digital sabe das consequências nefastas que a viralização de um conteúdo digital negativo pode acarrear ao valor de uma marca pessoal ou empresarial, no qual um descuido (uma imagem, uma frase, um vídeo) pode deixar um rastro digital, na maioria das vezes, impossível de apagar. 
 
Por outro lado, os historiadores contemporâneos já perceberam que porções relevantes da história recente da humanidade foram apagadas da memória da web, seja por não existirem mais sites, blogs, comunidades virtuais, contas de microblogs, entre outras porções importantes para entender fenômenos como a primavera árabe ou as últimas manifestações contra a copa.
 
Ao contrário dos nossos ancestrais pré-digitais (com apenas algumas formais fotos impressas), cada um de nós já acumulou tão absurda quantidade de imagens, textos, áudios e vídeos, que a Era da Informação, tornou-se uma pesada sobrecarga. Uma verdadeira era da “sobrecarga da informação”. 
 
Todavia, as novas gerações parecem não sentir esse peso e responsabilidade como muitos de nós sentimos, e, pelo contrário, apostam na autodestruição da informação. Sim, escutou bem!

Snapchat e a autodestrução da memória digital
 
O Snapchat é um aplicativo de compartilhamento de imagens criado em 2011 por Evan Spiegel e Robert Murphy, dois jovens estudantes da Universidade de Standford. Com um rápido crescimento entre os adolescentes dos Estados Unidos, os usuários podem compartilhar fotografias com uma lista de “amigos”. 
 
Todavia, o grande diferencial é que o compartilhamento é por apenas alguns segundos (entre 1" e 10’’), logo depois a imagem é apagada definitivamente dos servidores, das “memórias virtuais”.
 
A esta altura poderão imaginar que a maioria do conteúdo autodestrutível do Snapchat costuma ter certo teor erótico e irreverente, próprio daqueles que precisam ser contemplados por alguns segundos e logo desaparecer sem deixar rastros (todavia, o Snapchat identifica quando o receptor realiza uma captura de tela nesse breve período). 
 
Para ter um parâmetro financeiro do que esse quase fenômeno sociológico representa, o poderoso Facebook ofereceu astronômicos três bilhões de dólares por Snapchat. Mas, Evan e Robert rejeitaram a oferta e, agora, certamente vale ainda mais.
 
O que faz tão valioso, ao meu entender, o Snapchat, é que ele soube capturar a essência do seu público principal e adicioná-la na dose certa ao “espírito dos tempos”, achando nele um canal contemporâneo para mostrar a sua clássica irreverência, para poucos e por pouco tempo.
 

Quando estes adolescentes cibernéticos cresçam, talvez logrem libertar-se do peso que a sobrecarga da informação hoje nos gera. 


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