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Mauricio Felício
contato@feliciocomunicacao.com.br

Sócio Presidente da Felício Comunicação, atua em consultoria, gestão e treinamento em comunicação empresarial e Business Intelligence. Formado em Relações Públicas pela USP, onde atualmente participa do programa de mestrado e é Professor conferencista para a graduação, com MBA em Gestão de Comunicação e Marketing pela mesma instituição (USP em parceria com a Florida University)."

 

Virei chefe, e agora?

              Publicado em 27/08/2014

“Não há liderança onde falta a comunicação.”

 

Era sábado pela manhã quando um cliente liga pedindo um encontro urgente. Já fazia cerca de cinco meses que tínhamos encontros quinzenais para desenvolver suas habilidades de comunicação. A ligação me deixou apreensivo. “Conto tudo quando nos encontrarmos”, disse afoito. “Pode ser no final da tarde?”. Lá estou eu de volta à estrada.

Ao nos encontrarmos, algumas horas depois, a frase foi certeira. “Virei chefe, e agora?”

Pergunta estranha para alguns, mas extremamente comum para muitas pessoas. Mesmo com seus sete anos de gerência de projetos, ter uma equipe própria pareceu, de repente, um desafio maior do que imaginava. Anos de desenvolvimento não foram suficientes para que ele aprendesse a liderar pessoas? Oras, não é um gerente?  Aqui está o motivo pelo qual este tipo de aflição é tão comum. Mas ao mesmo tempo, tão comum quanto isso é as pessoas tentarem disfarçar este sentimento e não darem atenção às suas necessidades.

Por mais bem sucedido que um profissional seja em sua carreira, cada novo membro da equipe lhe traz interesses e objetivos variados, habilidades distintas e um desafio considerável. Agir como um bom líder é algo que demanda esforço, dedicação e, sim, conhecimento.

Muitas pessoas evitam admitir que precisam de suporte para aprimorar suas habilidades de gestão e comunicação. Sem esta dedicação, por mais bem intencionado que seja o profissional, ele assume o risco de se tornar um bom gestor, mas acabar jamais se tornando um grande líder.

Nos treinamentos de liderança enfatizo, incansavelmente, que ser líder independe de ser chefe. E está aqui a aflição de meu cliente. Webber nos alertava já nas idas décadas que ser chefe é ter o poder legal, o poder institucional, mas não necessariamente ter a influência carismática.

Então me responda. Se pudesse escolher ser gestor de sua equipe ou ser seu líder, qual preferiria? A maioria dos profissionais me responde que preferiria ser líder, mas para isso é preciso fazer parte, ser percebido como alguém que melhora as condições de trabalho e de vida da equipe, alguém em quem se espelhar, alguém para seguir seu exemplo.

Alguns acreditam que liderar pessoas é algo tão complexo que deve ser um dom. Este é o primeiro passo para entregar os pontos. Erro fatal. Inegável que algumas pessoas possuem uma habilidade maior e inspiram fascínio e admiração nas pessoas, mas isso não significa que seja impossível aprimorar suas habilidades de comunicação.

A comunicação é a chave mais efetiva para o desenvolvimento do sentimento de alteridade, para a compreensão dos valores de cada pessoa e para que, através de um diálogo contínuo, você esteja apto a avaliar cenários, prever conflitos e solucionar crises antes mesmo que elas ganhem corpo.

Certa vez, outro cliente, em meio ao treinamento, ergueu sua mão pedindo a fala. Seu pedido, simples, era para que eu lhe desse um meio rápido para saber se ele estava muito distante de ser um líder ou se ainda era apenas o gestor de sua equipe. Claro que não há receitas ou padrões tão claros, mas a resposta para tentar ajuda-lo foi tão simples quanto segue abaixo.

Relembre as últimas crises que ocorreram entre sua equipe e outros departamentos ou mesmo entre os pares do mesmo grupo. Se você foi pego de surpresa ao saber dos conflitos, do mal-entendido ou da crise instaurada, eis um sinal forte de que há um distanciamento entre você e sua equipe que lhe impede de compreender os sinais mais sutis do comportamento e das aspirações de cada um. Você ainda precisa se dedicar mais, desenvolver melhor suas habilidades para se tornar um verdadeiro líder.

Não há liderança onde falta a comunicação. Pode haver gestão de alguns fatores. Produtividade, absenteísmo, nível de qualidade de serviços. Mas o engajamento, interesse, atenção, dedicação, valorização são fatores que não se pode tratar como recursos estocáveis e manipuláveis. O gestor se torna líder à medida que desenvolve suas habilidades de comunicação e permite, com isso, que sua equipe também se comunique.

Para se tornar um líder de fato é preciso se comunicar bem, no sentido mais amplo. Isso significa que além de transmitir conhecimento e valores, é preciso desenvolver as habilidades necessárias para gerar as condições ideais para que sua equipe também se comunique.

A boa notícia? É completamente possível desenvolver as habilidades de comunicação e trilhar o caminho da liderança. Você pode fazer isso de diversas maneiras, mas quanto mais conhecimento tiver, quanto mais sua atenção estiver voltada aos principais fatores, maior será sua chance de acelerar seu crescimento profissional e pessoal.

Em resumo, dedique-se. Invista em si próprio para que os louros sejam colhidos e comemorados repetidamente. Para que as pessoas possam se unir a você por sua capacidade técnica, por seu conhecimento e, principalmente, por seu exemplo e liderança. 


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