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COLUNAS


Regina Macedo
reginah.macedo@gmail.com

Diretora de Comunicação Corporativa da HP Brasil e Mercosul. Formada em Administração de Empresas com ênfase em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, possui MBA cursado na mesma entidade. Possui experiência no mercado de tecnologia e telecomunicações adquirida em empresas como Gradiente, IBM Brasil e Siemens Mobile, onde ocupou o cargo de Diretora de Marketing no Brasil.

Séries de TV.Com

              Publicado em 18/08/2014

As séries de TV têm ocupado grande espaço na grade de programação das emissoras. Trata-se de um fenômeno atual de audiência e variedade de temas. Desde vampiros, detetives, heróis da idade média, há um vasto cardápio de opções para os mais variados gostos. E, devo dizer, que faço parte do fã clube de séries e tenho as minhas prediletas. Como profissional da área de comunicação, não posso deixar de fazer associações com situações do ambiente de trabalho e com as relações humanas de uma maneira geral. Trago aqui duas comparações. Difícil escolher dentre tantas, mas vale um recorte sobre a sensível mudança na dinâmica da comunicação em geral.

Começo com Mad Men. A série passa-se na década de 1960 e a trama acontece numa agência de publicidade fictícia, localizada na Madison Avenue, em Nova Iorque, local de prestígio e badalação.  Além de retratar as profundas mudanças que aconteceram entre as décadas de 60 e 70, incluindo a morte do presidente Kennedy, Martin Luther King, a guerra do Vietnã, dentre outras, quero destacar a revolução que se inicia na mídia, nos comportamentos politicamente corretos e nos meios de comunicação em geral. É interessante ver episódios sobre o mundo empresarial onde as pessoas não falam no celular e nem usam computador. As salas são amplas e fechadas, a diversidade é tabu, mas servir bebidas alcoólicas durante o expediente, não. A televisão ainda é o veículo mais moderno de comunicação e os primeiros mainframes começam a surgir na área. Além de parecer tão distante, falamos apenas de algumas décadas. E, desde então, ocorreram significativas transformações nas regras e formas de se comunicar e se relacionar no mundo dos negócios, comparado aos dias de hoje. 

Pulo para a próxima série: Veep. Gênero comédia cuja personagem principal é Selina Meyer, Vice-Presidente dos Estados Unidos, e suas peripécias para concorrer à reeleição do cargo e construir uma reputação positiva nos meios de comunicação. Os episódios mostram inúmeras situações engraçadas sobre as gafes com a mídia que a heroína comete e a atuação descoordenada de sua equipe de assessores. Diferente da série anterior, todos estão grudados no celular o tempo inteiro e, mesmo assim, não dão conta de acompanhar o que está sendo publicado on-line e vivem sendo pegos de surpresa.  Rola uma constante ansiedade e fica evidente a falta de controle sobre as mensagens circuladas, apesar de todos os esforços do time de comunicação. A mídia é um polvo de mil tentáculos envolvendo todos os públicos, mesmo aqueles mais remotos e aparentemente inofensivos. De fato, nada é inofensivo. Um pequeno e ácido comentário pode tomar a dimensão de montanhas tártaras se não for tratado a tempo.  Monstros que se inflam e murcham com a mesma agilidade.

Aqui o ponto de destaque: a velocidade e o impacto. A distância entre o fato e sua publicação não mais existe. O tempo que os “Mad Men” tinham, foi engolido pelo wireless. O gigante chamado “Agora” reina.  Trata-se de uma realidade inexorável. Cito um trecho do filósofo Gilles Lipovetsky que tão bem retrata e analisa nossa sociedade pós moderna: “a partir dos anos 80 e (sobretudo) 90, instalou-se um presentismo de segunda geração, subjacente à globalização neoliberal e à revolução informática. Essas duas séries de fenômenos se conjugam para ‘comprimir o espaço tempo’, elevando a voltagem da lógica da brevidade” (do livro Os tempos hipermodernos, pag. 62). Os personagens da área de comunicação / publicidade de Mad Men e de Veep padecem de angústias comuns, como a de satisfazer seus clientes, lidar com o inesperado e todas as complexidades políticas. Esses aspectos parecem que poucos mudaram. O intervalo das décadas que os separa, porém, traz um vetor de aceleração exponencial e irreversível. Um salto quântico nas partículas das palavras e imagens que navegam em alta e nem sempre guiada velocidade.

E aqui estamos nós, comunicadores, vivendo o paradoxo atual. Valores são construções constantes e lentas, mas que podem ser seriamente danificados por um desconhecido em algum lugar remoto. O instantâneo versus o durável. Ambos constroem a trama do tempo, cada vez mais sofisticada e ágil. O contato pessoal e a linguagem corporal são poderosos componentes da comunicação. Assim como os meios digitais. Nada se perdeu. Só ficou mais complexo. Os almoços com clientes, que tanto aperecem em Mad Men, e as crises digitais de Veep, onde alguém publica uma foto indiscreta num blog de milhares de leitores, convivem. Chamar os funcionários na sala de reunião para passar uma mensagem importante e atualizar o post, andam de mãos dadas. A mensagem é individual e coletiva, simultâneamente. Talvez o paradigma seja vivido apenas pela geração que viveu o analógico, se é que ela o tem. Só espero que não percamos a perspectiva humana e saibamos cada vez melhor construir as pontes e fechar o loop.    


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2360

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