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COLUNAS


Mauricio Felício
contato@feliciocomunicacao.com.br

Sócio Presidente da Felício Comunicação, atua em consultoria, gestão e treinamento em comunicação empresarial e Business Intelligence. Formado em Relações Públicas pela USP, onde atualmente participa do programa de mestrado e é Professor conferencista para a graduação, com MBA em Gestão de Comunicação e Marketing pela mesma instituição (USP em parceria com a Florida University)."

 

Mudando o mundo aos poucos

              Publicado em 09/04/2014
Quem disse que não podemos mudar o mundo?
 
Quando eu era pequeno, imaginava que para “salvar” o mundo eu precisaria ser um super-herói com superpoderes. Acreditava, aos 6 anos, que precisava crescer e ficar forte. Teria que enfrentar vilões terríveis, mas venceria a todos, um a um. Ah, e também teria uma identidade secreta, claro!
 
Hoje aprendi que os vilões são mais terríveis do que eu imaginava. Enquanto eu pretendia derrotar monstros de outro planeta, a fome e a extrema pobreza não existiam em minha mente, e agora sei que estes são alguns dos monstros que mais assolam este mundo. Aprendi também que muitos heróis estão espalhados por todos os cantos, cuidando das pessoas, dos filhos, dos maridos e esposas, dos pais. Estão protestando quando algo está errado. Estão ajudando a recolher objetos caídos pelo chão. Estão olhando as pessoas nos olhos para dizer bom dia com a alma completa, independentemente de quem seja a outra pessoa, seja ela uma chefe, uma amiga ou um atendente desconhecido no balcão de uma loja.
 
Foi assim que percebi que as ações que salvam o mundo podem ser pequenas, mas precisam ser constantes. São ações que melhoram o dia de alguém. Ações que ajudam, por vezes, em silêncio, com calma, com serenidade. Eis, então, que conheci o Kiva, uma iniciativa baseada em microcrédito que se propõe a mudar a vida de pessoas ao redor do mundo com empréstimos de U$25 feitos por pessoas iguais a mim, iguais a você. Em outras palavras, conseguimos ajudar a mudar a vida de alguém com tão pouco.  
 
No site há um convite. Escolha alguém a quem emprestar seus U$25. Faça o empréstimo. Receba o pagamento (parcelado) e empreste novamente. Em outras palavras, o convite é para empenhar seu capital de forma cíclica, ajudando a gerar renda de forma contínua para muitas famílias e comunidades. 
 
Mas você dirá, talvez, “empréstimo? Então por qual motivo já não doamos de uma vez?” A ideia é justamente tornar esta iniciativa algo sustentável, que possa ser convertido em renda constante para aqueles que precisam. Isso não invalida a doação, a contribuição. Pelo contrário. Abre mais um modo para ajudarmos o mundo a recuperar seus superpoderes, sua humanidade. O site indica ainda alguns dados interessantes que comprovam a viabilidade do microcrédito, com 1 empréstimo efetuado a cada 7 segundos, mais de dois milhões e setecentos mil dólares em financiamento distribuídos apenas na última semana, a taxa de pagamento das parcelas está próxima a 99%. Ou seja, praticamente apenas 1% das pessoas não conseguiram pagar sua parcela. E você teria, no máximo, perdido apenas U$25.
 
Imagine ajudar um camponês a comprar uma nova cabra, possibilitando que produza derivados do leite novamente, comercializando sua produção para pagar, com orgulho, pelo empréstimo em seguida. Ao receber de volta o dinheiro investido, poder optar por continuar empenhando o capital e financiar um artesão que precisa de uma nova ferramenta, ou um agricultor que precisa reparar seu arado. 
 
Note que o debate vai um pouco além. Se podemos unir forças para transformar vidas, para salvar o mundo aos poucos, quanto poderíamos fazer aplicando um pouco mais do nosso tempo para transformar, para dar um pouco mais de alegria para as pessoas?
 
Todos temos diversas habilidades. Alguns dançam bem, outros são cativantes contando histórias. Algumas pessoas são exímias em reunir pessoas em prol de um objetivo comum. Há quem seja um sonhador, e com isso, apresente para nós um mundo fantástico que podemos criar. 
 
No vídeo abaixo, que recentemente tem ganhado espaço nas redes sociais, vemos um momento interessante. O elenco da peça O Rei Leão, da Disney, decidiu fazer um agrado aos outros passageiros que estavam dentro do mesmo avião. Com diversão e alegria, começaram a cantar a música tema do filme e que embala um momento da peça. Vale assistir a estes poucos minutos de vídeo. 
 

 
Pergunto, então, se todos usássemos nossas habilidades para transformar realidades, em quanto tempo poderíamos dizer que salvamos o mundo? 
 
Melhoro esta pergunta. Se todos pudéssemos reunir nossas empresas em um propósito maior, quanto tempo precisaríamos para fazer muita diferença na sociedade em que vivemos? 
 
Precisamos pensar cada vez mais em como podemos fazer valer o contrato social. Aplicar nossos esforços. Estarmos presentes na sociedade de forma integral. Afinal, nossos produtos e serviços foram desenvolvidos e são constantemente oferecidos para mudar a vida das pessoas, aos poucos, devagar. 
 
Para aqueles que querem refletir um pouco mais, recomendo assistirem ao angustiante Baraka e sentirem um pouco mais do que é a realidade diversa do mundo que habitamos.
 
Para aqueles que, como eu, foram crianças sonhadoras e se tornaram adultos determinados em fazer algo além na sociedade, deixo o lembrete de que os superpoderes estão ao nosso dispor, entre nossos amigos, dentro da nossa rede de relacionamentos e influências. E não precisamos nos esconder enquanto fazemos o bem. Não precisamos de uma identidade secreta. Precisamos, sim, de gestos consistentes e constantes. Precisamos mudar o mundo. Nem que seja aos poucos. 

Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1832

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