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Luiz Antônio Gaulia
luiz.gaulia@estacio.br

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC - Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University - ABERJE. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte. Atuou também no O Boticário e no Grupo Votorantim. Atualmente é Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Estácio Participações.

A cura pela fala

              Publicado em 27/05/2011

“Quais as emoções que a sua empresa sente?” é uma pergunta totalmente fora dos padrões corporativos, não é mesmo? Quantas vezes você já ouviu alguém preocupado com os sentimentos e os afetos nas relações humanas da organização onde você trabalha? Poucas, provavelmente. Talvez, nenhuma única vez.

A boa nova é que essa realidade pode estar mudando. Se as áreas de RH, com seus psicólogos e suas assistentes sociais, não deram conta de cuidar dos sentimentos das pessoas, algumas empresas já estão oferecendo serviços de apoio, por telefone, para empregados com depressão, tristeza crônica, desmotivação. Trata-se de um canal onde o empregado pode falar sobre seus problemas e sentimentos sem se identificar, apenas para “desabafar”. Uma abertura para ser ouvido, para poder falar um pouco de si – como numa terapia, digamos assim.

Se em tudo que fazemos e pensamos existe a influência de nossos sentimentos, vivemos o momento ideal para cuidarmos deles dentro das empresas. Empresas como organismos vivos, feitas pela força de trabalho e de vontade das pessoas que nela convivem, devem perceber que sentimentos individuais influenciam ambientes coletivos, mudam o clima organizacional, interferem nas metas e impactam na saúde e na segurança.

Nossos sentimentos nos tornam humanos e nossas emoções simplesmente surgem, muitas vezes sem controle. Geralmente durante feedbacks ou mesmo nas reuniões. Muitas vezes os sentimentos se exaltam nas rodas de café, escapulindo com mais nitidez na famosa “rádio corredor”.

A fofoca é uma maneira de amenizar sentimentos represados, contidos. Válvula de escape para expressar com mais liberdade um comentário, certamente impactado por alguma emoção. Isso é natural.

É claro que uma empresa tem objetivos e metas racionais, traçadas com lógica, cálculo e frieza diante de um mercado competitivo, balizado pelos resultados quantitativos ou invés de qualitativos. Por isso mesmo, é necessário saber cuidar dos sentimentos humanos. Equilibrar razão e emoção. Saber abrir canais de escuta, de fala, de diálogo dentro das organizações. Nossas metas são racionais, mas somos seres emocionais.

Muitos problemas e muitas crises poderiam ser resolvidos através desse tipo de política de saúde interna: o cuidar dos sentimentos. Problemas como assédios morais, assédios sexuais, racismo e homofobia, por exemplo.
Portanto, vamos falar sobre nossas emoções? Talvez já tenha passado da hora de trazermos Freud para dentro da comunicação interna.


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