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Luiz Antônio Gaulia
luiz.gaulia@estacio.br

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC - Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University - ABERJE. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte. Atuou também no O Boticário e no Grupo Votorantim. Atualmente é Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Estácio Participações.

A comunicação interna chinesa está chegando?

              Publicado em 20/04/2011

Imaginem um grande, mega, super empresa estatal com quatrocentos mil funcionários públicos. Agora duplique o tamanho dessa empresa e coloque mais quatrocentos mil funcionários. Imagine agora que a direção dessa companhia é toda composta por altos funcionários do único partido político existente no país (leia-se: uma ditadura). Imaginou?

Pois então, como você pensa que é a comunicação interna num lugar desses? Aberta? Transparente? Organizada? A resposta é “não” para as duas primeiras opções (aberta e transparente) e “sim” para a terceira característica: organizada.

Mas como é a organização dessa comunicação? Ora, no melhor estilo Comando & Controle que alguém possa imaginar. Se pensou nas ordens diretas das forças armadas, errou. É mais mandatória, centralizadora, burocratizada e “mão única” ainda. Muito mais! Nessa mega companhia, quem não obedece pode parar na cadeia? Sim. Pode até preferir o suicídio? Também!

Atenção: isso não é ficção. É a realidade num país cujo crescimento econômico inebria países do mundo inteiro (o Brasil também) e vai permitindo, a cada novo dia, que questões extremamente importantes sobre as relações trabalhistas, as questões sobre Direitos Humanos e referentes a problemas ambientais sejam esquecidas em nome apenas do resultado financeiro. Dos custos baixos. Da fascinação pelo crescimento econômico. Correto ou não, isso vem acontecendo e parece ser tendência aceita por uma boa quantidade de gente – chineses incluídos na lista (menos aqueles trabalhadores que se suicidaram).

A crítica aqui não é em relação ao povo chinês, escravizado por um sistema político totalitário e dirigista, cujo monólogo não dá chance para outras opiniões. A crítica é para o que este sistema representa e como ele vai influenciar as relações humanas e as relações trabalhistas globais daqui pra frente.

Enquanto boas empresas brasileiras falam em públicos de relacionamento, ética, sustentabilidade, qualidade de vida, construção de ambientes saudáveis de trabalho, realizam programas de comunicação face a face, feedback 360 graus entre outros movimentos de vanguarda empresarial, será que aquela mega companhia chinesa faz isso? Pelo contrário, deve ter como símbolo a chibata, ao invés do diálogo.

Se este tipo de comunicação interna chegar por aqui como modelo, por força do poder econômico, atenção! Meus (minhas) prezados (as) comunicadores (as): é hora de mudar de emprego. Quem sabe trabalhar na Polícia (com todo respeito), pois teremos mais espaço para construir sistemas de comunicação internos transparentes e dialógicos do que numa organização ao estilo Made in China de custo baixo e desrespeito ao ser - humano.

PS: Para conhecer um caso interessante, acesse: 
http://sacom.hk/wp-content/uploads/2010/10/report-on-foxconn-workers-as-machines_sacom3.pdf


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