Os especialistas de plantão não têm dúvida, o caminho da publicidade tem rumo certo: as redes sociais. É a rota do futuro. Não é novidade que a indústria da mídia impressa no mundo inteiro anda em queda, o que não se sabe ao certo é o tempo dos acontecimentos e nem o que os criativos poderão fazer para driblar esta tendência. Vincular as publicações a web foi o primeiro passo, mas será que basta? Como estão sendo preparados os profissionais que lidarão com esta questão? Os cursos de jornalismo se movem com a velocidade de uma tartaruga. As gerações Y ou Z autodidatas em tecnologia, que se preparam ainda no útero, empurram os professores. Apenas uma minoria de mestres podem de fato contribuir com este quesito. Registro aqui meus respeitos admiração pelos professores, meus colegas, mas a questão é: quem aprende com quem neste cenário?

A ABA – Associação Brasileira de Anunciantes, recentemente divulgou o forte resultado das veiculações em TV, que é uma preferência nacional, mas até quando? Para quais gerações? Atualmente a primeira coisa que o jovem faz quando chega em casa, não é mais ligar a TV e sim o computador. Será que estão certos? Acredito que não exista certo e nem errado, é apenas uma mudança da vida viva, parte da constante transformação do universo. Mas é um alerta para quem precisa sobreviver neste contexto, é importante caminhar com o mundo. A não ser que sua sobrevivência esteja garantida (se é que existe isso).

Mas um computador não é a chave para o mundo melhor, e sim o uso dele. Como as discrepâncias do mundo, ele pode nos levar a erros, mentiras, crimes ou para respostas, pesquisas, relacionamentos, etc. Acessos que antes eram inviáveis. Esta semana a Profa. Dra. Maria Aparecida Baccega, às vezes um pouco resistente a novas tecnologias, mas brilhantemente ciente de seus benefícios e malefícios, deu uma ótima dica via e-mail: que os 1140 volumes (com anotações) da biblioteca particular de Fernando Pessoa em Lisboa estão gratuitamente disponíveis no site da Casa Fernando Pessoa. Quantos milhões de dicas existem na web? Da janelinha de nossos computadores podemos acessar o mundo, sem a brisa de uma viagem, é claro, mas com o frescor da novidade.

Sentados em nossas cadeiras e atentos a tendinites, buscamos antídotos para enfermidades, games, namorados, conhecimento e tantas outras coisas. Às vezes penso até que o Google é uma seita, pois com ele nada me faltará! Será?

Será que Fernando Pessoa, conhecido por ser tímido, solitário e reservado se relacionaria bem com a web? Talvez, pois pessoas se libertam mais através deste veículo de transporte. Ops! De veículo de comunicação!

Mas notem como ele já conhecia o poder da rede...
 

A ARANHA DO MEU DESTINO
(Fernando Pessoa)

A aranha do meu destino
Faz teias de eu não pensar.
Não soube o que era em menino,
Sou adulto sem o achar.
É que a teia, de espalhada
Apanhou-me o querer ir...
Sou uma vida baloiçada
Na consciência de existir.
A aranha da minha sorte
Faz teia de muro a muro...
Sou presa do meu suporte

10/08/1932
In Poesia 1931-1935 e não datada, Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006
http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/index.php?id=2241 Acesso em 14/12/2010