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COLUNAS


Denise Monteiro
denisemonteiro4@hotmail.com

Gestora de negócios na área de Comunicação Empresarial, ministra palestras, cursos e treinamentos na área de comunicação. Atuou em organizações como Grupo Ogilvy, Rede Globo de Televisão, Unilever e Tetra Pak. Foi diretora da D+D Eventos. Foi coordenadora de pós graduação na FAAP; e professora na graduação, pós-graduação e MBA na FAAP e Anhembi Morumbi.
Graduada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas. Pós-graduada em: Comunicação Empresarial e Gestão de Serviços pela ESPM e no Máster em Tecnologia Educacional pela FAAP. Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Reflexões de uma dona de casa: da cozinha para o mundo!

              Publicado em 15/12/2010

Quem como eu comprou apartamento novo neste boom da construção civil sabe bem o sofrimento que é cuidar de acabamento, decoração e ambientação. A alegria da casa nova é minada por transtornos oriundos da péssima qualidade dos produtos e serviços. Casais se desgastam e sentem os reflexos em suas relações. As iras são descontadas normalmente em quem não tem culpa.

A construção civil está contratando a toque de caixa sem muito treinamento e os outros setores ligados à ela também. A movimentação do setor é tão grande que, segundo SindusCon-SP, em outubro o CUB – Custo Unitário Básico caiu 0,12% no Estado de São Paulo em virtude dos materiais de construção. Já o IBGE divulga que a alta no custo da construção civil é de 0,51% no mesmo mês de outubro no Brasil. São muitos dados de diferentes instituições. Cada uma com sua análise diferente que pode ser complexa, contraditória e até mesmo complementar. Só entenderemos este momento no futuro, é difícil interpretar no presente. Os cursos de especialização na área estão lotados. Tenho conhecidos que vivem a mesma situação de casa nova, com residências de diferentes construtoras, além de meus novos vizinhos é claro. Sempre acho as minhas histórias malucas, mas ao ouví-los sinto o acalento de que não sou a azarada. O fato é que os serviços são péssimos, com raras exceções. Existem ótimos vendedores disuptando esses milhões de clientes, contratos em letras miúdas feitos por excelentes advogados (dos fornecedores) e péssimos instaladores, deprimentes SACs, sofríveis assistências técnicas e por aí vai... São tantas as histórias que como diz uma amiga, daria para escrever um livro ou melhor, uma enciclopéida. Por isso resolvi focar apenas na minha cozinha.

Justamente porque procuro ser prática, comprei eletrodomésticos novos Brastemp para evitar os desajustes das novidades. Busquei a experiência, cuja publicidade transformou em dito popular. Ou foi ao contrário? Para ser mais prática ainda, comprei em uma loja só, a FastShop. Vendedores ótimos, agendei a entrega na hora, inclusive determinando o melhor período, o da manhã. Bem, para encurtar, pois ninguém merece ler a troca de desaforos com o SAC da FastShop, as entregas foram remarcadas três vezes. Entregaram em duas etapas e numa delas o fogão errado. Decidi que não conversaria mais com o SAC após uma crise de hipertensão. Liguei para a loja e me informaram que entregaram o fogão diferente porque o outro havia saído de linha... Perguntei porque me venderam se não poderiam entregar? Disse que se não resolvessem o caso para me aguardarem na loja porque o show do escândalo iria ser bom e que usaria assessoria de imprensa para divulgação do espetáculo. A questão não era apenas o fogão, mas sim a cozinha que foi planejada, com as dimensões para fogão embutido. O marceneiro teria que mudar a peça que estava pronta. Arranjaram o fogão que eu queria.Precisava de tanto desgaste?

Ao ligar na Brastemp para instalação como recomendaram. Descobri que pagaria R$ 60,00 por eletrodoméstico, sendo que a geladeira e o microondas era apenas ligar na tomada. Mesmo assim, para não perder a garantia, resolvi que eles instalariam tudo. Para cada eletrodoméstico se abre uma OS. E para grande surpresa, eles agendaram 3 dias diferentes. O mesmo técnico viria três vezes para instalar 5 eletrodomésticos, sendo que dois eram apenas ligar na tomada. Será que a logística deles já ouviu falar em sustentabilidade? Estão mesmo praticando o que estão pregando? Curioso...
Bem, ao receber o técnico da Brastemp, soube que ele está com inumeros serviços no mesmo condomínio que moro. E a logística só dificultava a vida dele. Certamente, eu e ele, com relações humanizadas e não burocratizadas, conseguimos administrar melhor estas idas e vindas. Mas as curiosidades não param por aí.

Consultei a arquiteta da cozinha planejada para saber se deveria colocar a pedra de acabamento da pia antes ou depois da instalação do fogão. Ela disse depois. E o técnico disse que não poderia colocar o fogão porque faltava a pedra. Disse também que o duto da coifa não estava alinhado com o local de instalação do fogão e que minha cozinha estava toda desalinhada, coisa que nem percebi. Para fechar com chave de ouro, o fio do microondas é extremamente curto e não chega (por pouco) na tomada programada. Ele disse que eu deveria comprar uma extensão de 20 amperes. Já fui em seis lojas de materiais elétricos, pequenas médias e grandes e ninguém tem. Consultei até um especialista em fazer extensões e ele disse que isso não existe ainda no mercado. Sem comentários.

Conclusão: empresas de eletrodomésticos não conversam com construtoras que não conversam com empresas de móveis planejados. A culpa é sempre do outro. E nós os leigos pagamos a conta e ficamos com os problemas. Nos iludimos ao contratar “profissionais”. O sonho da casa nova vira um pesadelo e o único desejo é de que o presente passe logo e que o futuro seja melhor. Notem que não saí da cozinha. Certamente refleti sobre minha parcela de culpa e cheguei a conclusão que minha principal falha é não entender sobre o assunto, e fui ingênua em crer que lidando com profissionais da área de empresas sólidas, estaria mais segura.

Ah! A empresa de mármore, veio dar o acabamento para instalação no fogão. Pediram para fazer a instalação em um sábado. Informei que aos sábados só seria possível trabalhar na parte da manhã sem fazer muito barulho. Disseram que o serviço era simples e que não haveria problema. Bem, chegaram atrasadaos e não conseguiram concluir o serviço simples, pois trouxeram peças com dimensões erradas. O final do trabalho teve que ser remarcado.

Diretamente do mundo doméstico para o corporativo, quero lembrar que não existem dois mundos. Estes ambientes não vivem separados, vivemos um para o outro. As preocupações com sustentabilidade precisam sair do papel. Estas ações deveriam estar em prática há muito tempo. Faltam parcerias, treinamentos, comprometimento, consciência... Tanta coisa que, diretamente da cozinha, percebo o quanto o mundo precisa evoluir. O investimento nos belos relatórios de sustentabilidade causa uma ótima imagem, mas nas entrelinhas, quantas verdades estão ocultas?
Lugar de mulher é mesmo também na cozinha ensinando as corporações como atuar melhor!


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