Patrocinadores de Escândalos
Refletindo sobre o caso Geisy da UNIBAN, considerando a hipótese de que onde há fumaça há fogo, fiquei pensando porque ela e tantas outras garotas cultuam a super exposição do corpo? Que influência recebem? Quem as estimula? Esta é uma questão gigante para apenas um artigo e nem pretendo entrar na questão do preconceito. Aliás, condeno o comportamento da multidão de alunos sem raciocínio. Nossos estudantes já tiveram causas melhores... Nasci e cresci neste país tropical e gosto de nossa sensualidade, o último livro do fotógrafo Mario Testino (MaRio de Janeiro) transmite com categoria esta qualidade nacional, mas todo exagero, para qualquer situação, é comprometedor.
Usar adjetivos demais compromete a credibilidade de um discurso, comer demais faz mal a saúde (e de menos também). Gastar demais é esbanjar e de menos é sovina. O politicamente correto é sempre o meio termo e a superexposição compromete a imagem. Seja ela de pessoa física, jurídica ou de uma nação inteira.
No passado tive um namorado suíço que ao me apresentar para família, e amigos, relatava meu mini currículo. No início, entendia isso como o orgulho que ele sentia. Mais tarde percebi que na realidade ele não queria que me confundissem com o que eles chamam de “namorada brasileira”. Mulheres que muitas vezes tem origem no turismo sexual e que se casam com europeus para melhorar sua condição de vida.
Recentemente o rapper americano P.Diddy, em visita ao Brasil, exaltou no twitter a quantidade e a qualidade de nossas bundas. E toda vez que temos uma “celebridade” internacional nos visitando, jornalistas pouco criativos, que recorrem às questões mais óbvias, perguntam se gostaram de nossas mulheres. Sim, nós queremos ser bonitas e gostosas, mas também desejamos reconhecimento por sermos inteligentes, interessantes e agradáveis. Porém exportamos a imagem de bundas no duplo sentido da palavra. Temos tantos atrativos no país e o que mais se destaca são as bundas? Por quê?
Alguns historiadores encontram uma das respostas em nosso instinto animal. Pois antes de virarmos bípedes os glúteos se destacavam e por consequência exercia maior atração.
Mas, basta assistir a TV aberta para encontrarmos mais respostas. A TV fechada ainda é muito cara por aqui e a aberta, com a necessidade da popularização pela audiência apela em diferentes formatos. Mas quem sustenta os veículos de comunicação? Os anunciantes. Logo, nossos profissionais de comunicação e marketing precisam ambicionar mais que a venda imediata de um produto. Precisam pensar também na influência comportamental que geram nos jovens e na imagem que ajudam a construir de seus produtos e/ou serviços, de suas marcas e de seu País. É preciso refletir também a longo prazo antes que os bebês comecem a desenvolver a sensualidade nas maternidades, com a meta de virar “celebridade”.
Ao pensar em sustentabilidade as organizações precisam ampliar o sentido da palavra e realizar uma boa reflexão sobre o que o lixo midiático pode causar nas futuras gerações. As empresas precisam se informar mais sobre como funciona o turismo sexual de menores. Existem caminhoneiros, principalmente os que transitam por grandes entroncamentos rodoviários, como o de Feira de Santana, colaboram com este mercado ampliando a estatística de desaparecidos no Brasil. Crianças e adolescentes se prostituem e desaparecem em boléias. E por que precisamos de caminhões? Quem contrata e paga os serviços de caminhoneiros? De que vale um bom programa de responsabilidade social, lindo de se ver e se divulgar, se nos bastidores são contratados fornecedores de olhos fechados? Quem são os profissionais de comunicação das grandes marcas que ousaram ir além nestas questões? Quem vai fazer a diferença em sua empresa, na sua carreira e na sua vida? Nossa velocidade de reflexão deveria acompanhar o tempo da evolução tecnológica.
Sensualidade sim! Sempre! Mas com qualidade, sem super exposição e sem pular etapas da vida. A Geisy certamente não consegue entender porque tudo aquilo aconteceu com ela se o mundo ao seu redor, desde os bailes funk até as festas mais sofisticadas, as mulheres gostam de reduzir a vestimenta (pelo menos as saradas). Na Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, existe uma coleção de echarpes que as madrinhas mais ousadas são obrigadas a usar quando exageram no decote. O que é divertido, elas ficam meses pensando em seus vestidos e quando chega o dia do “desfile” o padre pede para cobrir. Nos dias quentes nas universidades, é muito comum trajes sumários. Mas voltando a Geisy, espero que a faculdade contribua mais, para que além dos atributos físicos ela possa desenvolver também os intelectuais. Com relação a UNIBAN é melhor nem comentar. Tomam suas decisões com base em quem grita mais alto. Perderam a chance de transformar problema em oportunidade. Deveriam liderar ações de discussão sobre o tema junto a formadores de opinião do meio. Falta profissional de comunicação ou falta ouvir mais o profissional de comunicação.
Todos perdemos: a Universidade, os alunos, a Geisy, os professores, a UNE e o Brasil. A questão da discussão da educação ainda tem um longo caminho.
Quanto aos patrocinadores, sugiro que tenham cuidado com os exageros no momento da decisão do destino da verba de comunicação e que conheçam a fundo os procedimentos de seus fornecedores.
Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje
e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 2941
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