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COLUNAS


Denise Monteiro
denisemonteiro4@hotmail.com

Gestora de negócios na área de Comunicação Empresarial, ministra palestras, cursos e treinamentos na área de comunicação. Atuou em organizações como Grupo Ogilvy, Rede Globo de Televisão, Unilever e Tetra Pak. Foi diretora da D+D Eventos. Foi coordenadora de pós graduação na FAAP; e professora na graduação, pós-graduação e MBA na FAAP e Anhembi Morumbi.
Graduada em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas. Pós-graduada em: Comunicação Empresarial e Gestão de Serviços pela ESPM e no Máster em Tecnologia Educacional pela FAAP. Mestre em Comunicação e Práticas de Consumo pela ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Audição e Comunicação

              Publicado em 21/10/2009

Já sabemos que os cinco sentidos formam a base da comunicação, e cada um deles tem a sua importância. Particularmente também respeito e dou créditos ao sexto sentido, mas o foco hoje é a audição. Não me refiro ao que é escutado, mas sim ao que é dito. Não vou abordar problemas patológicos de audição e por isso não se aplica uma audiometria. O objetivo é refletir sobre a concentração de ouvir para compreender o que de fato é dito.

Cerca de 80% dos problemas de comunicação das organizações americanas são atribuídos a falta de capacidade de saber ouvir. Como abordo este tema em palestras e treinamentos corporativos, afirmo com convicção que temos o mesmo problema aqui no Brasil. Logo, se este sentido fosse melhor trabalhado em nossa educação, provavelmente evitaríamos grande parte das falhas de comunicação. Incluo aqui nossa pouca competência de ouvir também quando lemos, uma vez que estou abordando a concentração. Neste caso destaco a leitura corporativa.

Os estudos de três instituições norte-americanas (University of Minnesota, Florida State University e Michigan State University), comprovaram que imediatamente após ouvirmos uma palestra, em média não lembramos de metade do que foi dito, independente da atenção que dedicamos a apresentação. Após oito horas, tendemos a recordar somente 1/3 do que ouvimos. E depois de dois meses, normalmente recordamos de 25% do que assistimos. Isto é assustador se pensarmos em tudo que já assistimos ao longo de nossas vidas. E é mais trágico ainda quando pensamos no investimento que fizemos para adquirir estes conhecimentos. Pagamos muito mais e aprendemos muito menos. Então não devemos investir em aprender? Ou devemos nos dedicar mais no como aprender para adquirirmos mais conhecimentos e nos desenvolvermos melhor?

Cerca de seis anos da base de nossa educação são dedicados ao ensino formal da leitura, para fala o tempo é menor ainda, pois na maior parte do tempo na escola temos que ficar quietos. Para habilidade de ouvir, alguém se lembra de alguma coisa? Bem, isso deve ter ficado nos 75% que já foi perdido.

Talvez alguém se recorde dos exercícios de leitura em voz alta, quando tínhamos que ouvir algum colega. Mas na verdade nossa concentração ficava focada em qual ponto ele iria parar a leitura, pois a qualquer momento a professora poderia nos eleger para dar continuidade. O próprio leitor se concentrava em não errar as palavras, acentos e pontuação. Na maioria das vezes o sinal que avisava o final da aula, era o som que compreendíamos melhor. Eram momentos de tensão que interferiam na concentração para compreensão do que se ouvia. Nesta época supunha-se que o aprendizado da leitura também nos ensinava a ouvir.

É comum ouvirmos dizer que alguém é bom ouvinte. Ou até pessoas que se autodenominam assim. Porém poucos se recordam de exercícios realizados para o desenvolvimento da audição. Sua capacidade de ouvir poderá ser testada se assistir a um DVD sobre qualquer assunto. Posteriormente peça a alguém que lhe faça perguntas sobre o conteúdo. Não caia na sedução de dizer que o seu talento de edição é excelente, uma vez que é uma pessoa muito objetiva. Perceberá que a sua capacidade de armazenamento de informações é muito limitada. E se isso é assim há séculos, imagine após a era da informação...

Os negócios estão ligados por comunicação que depende muito mais da palavra falada do que da escrita. Quais são os vilões de nossa concentração auditiva? Muitos. E eles se multiplicam a cada dia. Começamos pelas interrupções. Na maioria das situações, vivemos em escritórios abertos, estamos assistindo a tudo que se passa neste ambiente. Desde uma visita, alguém se exaltando ao telefone e até um simples cumprimento de bom dia basta para interromper seu raciocínio que terá que ser reiniciado. Temos também o celular (chamadas e torpedos), e-mails, MSN (e todas as mídias sociais) e quem mais está por vir. Porém a equação não deixa dúvidas: quanto mais interferência e velocidade, menor a nossa capacidade de concentração, que nos causa a sensação de emburrecimento. E será que é só sensação?

Contudo, não somos seres iguais. Cada um tem capacidades e limitações diferentes dos outros. A grande questão neste caso é de autoconhecimento. O que interfere na sua capacidade de ouvir? Emoção? Defesa? Pressa? Interrupção? Paciência? Ansiedade?

Se souber responder esta pergunta, poderá identificar as ferramentas que irão contribuir para evolução de sua concentração ao ouvir. Por consequência seus desempenhos profissional e pessoal irão evoluir. As corporações irão agradecer e trabalharemos contra a surdez corporativa.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 3489

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