Um psicólogo do qual eu não recordo o nome, falou recentemente numa entrevista que a tecnologia estava permitindo que os distantes ficassem mais próximos, mas os próximos ficassem mais distantes. Fiquei com a frase na memória e ontem mesmo, num restaurante da cidade, eu comprovei na prática, a reflexão teórica. Em duas mesas do meu lado, uma com uma família, com um casal e dois adolescentes, e na outra apenas um casal, o silêncio só era quebrado pela voz do garçom. Todos estavam digitando mensagens em seus smartphones ou deslizando seus dedos pelas telinhas para ver as últimas novidades compartilhadas em suas comunidades. A não ser que elas estivessem conversando entre si, o que acredito ser bem difícil, a mudez coletiva das duas mesas me pareceu prova cabal de que a tecnologia realmente permite alcançarmos os distantes de forma simples, rápida e fácil, mas nos trouxe a distância entre os que nos são próximos. A cena me pareceu muita coincidência e, portanto, olhei no meu entorno e em outras mesas mais animadas e falantes, pelo menos uma pessoa consultava seu aparelho celular buscando ao longe uma interação que não estava presente.
Vejam nas empresas, por exemplo, nelas também encontramos situações similares. Equipes inteiras conversam entre suas estações de trabalho, umas bem próximas das outras, através dos Comunicators ou do uso intensivo de e-mails sem utilizar o telefone ou mesmo levantar-se e dirigir a palavra diretamente ao seu colega de trabalho. Aliás, esta é uma queixa comum de profissionais em diferentes segmentos: o uso maciço de e-mails e, agora, de mensagens que chegam sem pedir licença através de canais como o WhatsApp ou o BBM da Blackberry, entre outros, como as próprias intranets corporativas com crescente interatividade. São estímulos e informações vindas de diferentes canais e origens de maneira desordenada e complexa, atingindo a todos de forma instantânea.
Essa realidade é cada vez mais comum e me parece tendência que veio para ficar. A tecnologia facilitou a permanente interrupção do momento presente e até da conversa em curso, pela chegada de informações e solicitações urgentes, de pessoas distantes e em escala crescente. Ficamos assim meio que sem tempo para cuidarmos de relacionamentos face a face, com diálogos mais preciosos e próximos, abrindo mão e atenção dos contatos e afetos possíveis com aquelas pessoas que estão do nosso lado.
Queremos ser solícitos e prestativos aos distantes e, através de dispositivos eletrônicos, desejamos ser atenciosos, rápidos e aparentemente bons comunicadores. Contudo, eu creio que essa realidade também está nos mostrando outra coisa: a falta de empatia, tempo e de paciência para uma conversa mais franca, olhos nos olhos, no calor das emoções e dos desafios da transparência inerente à comunicação face a face. Aliás, a comunicação face a face sempre foi difícil em muitas empresas e em muitas famílias, não é verdade?
Por isso, você, meu (minha) prezado (a) leitor (a), diga-me a sua opinião. Deixe seu comentário por aqui ou se desejar, que tal conversarmos pessoalmente ao redor de uma mesa de um bom restaurante? Com os celulares desligados, naturalmente.