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COLUNAS


Denise Coelho


Pós Graduada em Gestão de Marketing do Varejo pela UFC, graduada em Ciências da Computação pela UeCE e Comunicação Social – Relações Públicas pela FAAP, além de especialização em Marketing e Comunicação Empresarial pela ESPM.

Experiência de 12 anos na área de Marketing e 6 anos de experiência em gestão de projetos, análise de sistemas e planejamento estratégico.

Atualmente, Denise Coelho é diretora de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade na multinacional Ticket Serviços S/A.

O fim do diálogo

              Publicado em 14/08/2015

Quem é da área de Comunicação (ou não) já deve ter ouvido que ela (a Comunicação) é uma via de mão dupla. Sempre que ouço essa frase penso no diálogo e a cada dia fico mais certa de que o diálogo morreu.

Para que ele exista, tem que haver troca, uma certa cumplicidade, um certo envolvimento. Para o diálogo, não importa o que já está feito, pensado, planejado. O diálogo requer um novo pensamento em cima do mesmo problema. O diálogo quer construir, aperfeiçoar. Não é um exercício de argumentação. Você pode ter a sua opinião, mas o importante é que depois da troca, depois do diálogo, ela se transforme em algo mais.

E como funciona isso nesse mar de informações em que vivemos? Onde todos precisam ou parecem ter sempre alguma opinião sobre alguma coisa? O problema não é ter opinião, mas sim opiniões imutáveis ou certezas. Opiniões são rumos, certezas são âncoras.

Quantas vezes você ouviu nessa última semana: “já pensamos nisso”, “isso estava planejado”, “mas era justamente o que eu queria dizer”. Muita gente sem dúvidas, gente que sabe demais.

Mario Sérgio Cortella tem uma frase que gosto muito: “Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo. Gente que não tem dúvida só é capaz de repetir.”

Quando se sai de um diálogo, deve-se sair com a sensação de que a parte do outro agora é sua e a parte sua é do outro. Se você sai com a sensação igual a que entrou, não foi diálogo, foi apenas discussão. Apenas alguém que precisava perder para o outro ganhar.

Essas discussões, esses campos de batalha, lembram-me de um livro de Machado de Assis chamado Quincas Borba. A estória é de duas tribos famintas diante de um campo de batatas, porém suficientes apenas para alimentar uma delas. A que ganhasse teria como subir as montanhas e chegar num campo com grande quantidade de batatas. Quincas Borba finaliza: "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas".

A cada dia fico mais certa: o diálogo morreu, mas parafraseando Machado: ao diálogo, a morte; à certeza, as batatas.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1560

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