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Luiz Antônio Gaulia
luiz.gaulia@estacio.br

Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUC - Rio. Especialista em Comunicação Empresarial pela Syracuse University - ABERJE. Pós-graduado em Marketing e em Comunicação Jornalística. Ex-Gerente de Comunicação da CSN - Cia. Siderúrgica Nacional e da Alunorte. Atuou também no O Boticário e no Grupo Votorantim. Atualmente é Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Estácio Participações.

A insustentabilidade dos corruptos

              Publicado em 25/05/2015

“A Ética nos Negócios é a base da atuação responsável,
o passaporte para a Sustentabilidade,
a certeza de lucros constantes
e a garantia da perenidade nos negócios”.

Instituto Brasileiro de Ética nos Negócios

 

Qual a contribuição para o mundo de uma empresa com lideranças corruptas? Ou de um governo corrupto? Existe uma “marca” corrupta? Essas perguntas continuam me estimulando a escrever sobre sustentabilidade, meu tema de aulas e de pesquisa, partindo de um olhar mais atento para a Ética enquanto uma das dimensões que não faz parte diretamente da contabilidade dos resultados das empresas, sejam elas públicas ou privadas. É claro que um furto, um estelionato impactam no cálculo final do balanço contábil e trazem prejuízos evidentes ao cofre da empresa. Mas Ética enquanto um “jeito de ser” mesmo sendo um conceito complexo, assim como Sustentabilidade ou Responsabilidade Social Empresarial, merece ser entendida muito mais do que uma utopia filosófica.

No Brasil, cuja história nos brinda com vilanias de toda ordem - a começar pela escravidão, o maior exemplo de crise ética que uma nação poderia ostentar – nós, os stakeholders, deveríamos perceber a Ética muito além dos códigos publicados ou dos resultados apresentados. Que resultado pode ter sido bom se foi obtido por vias erradas, através de conluios desonestos?

Considero a corrupção um transtorno antissocial conduzido por dementes no comando de algumas organizações e que possuem em seu modus operandi a desonestidade como princípio e a hipocrisia como modelo de gestão. A corrupção é doentia pois é feita a partir de uma “Ética” deturpada, na qual se aceita a falcatrua desde que esse “jeito de ser” beneficie alguns poucos sócios, amigos, familiares e aliados, em detrimento de outros “stakeholders”. Pensem nisso!

Precisamos ampliar formas de controle sobre esses indivíduos ou grupos, especialmente na esfera pública, cujo poder para regular e omitir dados é característica do Estado. Precisamos compreender que, se muitas vezes este é o modo de operar de agentes do governo, empresários e espertalhões, nós, aqueles que pagarão a conta da corrupção, devemos exigir e reorganizar as regras desse jogo para que a maioria não seja prejudicada por uma minoria. Se essa regra atual perdurar, a insustentabilidade da nossa sociedade se confirmará (alguns sinais atuais são alarmantes).

Sei que não são todas as empresas e nem são todos os gestores públicos nomeados ou concursados nem todos os empresários que fazem graduação na escola da pilantragem. Ainda temos bons exemplos no Brasil. Mas é lamentável ver a quantidade de marcas de grandes construtoras (ou eram só “empreiteiras mesmo?) envolvidas no vexame da Lava Jato.

Marcas como OAS, UTC, Camargo Correa, Toyo Setal entre outras e a própria super marca Petrobras, sem falar na marca do Governo Federal, tiveram suas reputações aniquiladas e hoje são símbolos de vergonha, ao invés de orgulho. Exagero? O que me entristece não só como cidadão, mas também como professor é ver essas marcas que há pouco tempo eram de minha admiração, usadas como exemplos junto aos meus alunos em sala de aula, estão mergulhadas em um pântano de propinas. Alguns vão dizer que sempre foi assim. Pior, então!

O toque hilário é que muitas dessas grandes empresas, que saíram das notícias de economia diretamente para as páginas policiais, ainda têm em seus murais e painéis coloridos na recepção de suas sedes, a exposição de seus valores institucionais. Reparem só, ainda estão por lá publicados, entre outros, termos inspiradores como: “Honestidade de Propósito; “Ética e Transparência”; “Atuação Responsável”; “Responsabilidade Social Corporativa”; Desenvolvimento Sustentável” etc. Valores aprovados pela mesma alta diretoria que prestou depoimento no MP e na Polícia Federal. Trágico e ao mesmo tempo hilário.

Como comunicador eu sei que palavras podem inebriar e discursos podem encantar. Mas são as ações que gritam muito mais alto do que qualquer anúncio no horário nobre da televisão. E diante de tanta corrupção nem toda a propaganda chapa branca vai dar conta de limpar a imagem daquilo que se tornou simplesmente insustentável.


Os artigos aqui apresentados n�o necessariamente refletem a opini�o da Aberje e seu conte�do � de exclusiva responsabilidade do autor. 1134

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