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Nádia Rebouças


Diretora da Nádia Rebouças Consultoria, empresa de consultoria de comunicação para transformação de organizações. Trabalha para empresas e ONGs, além de ser professora e palestrante.

O Ponto de Mutação

              Publicado em 13/08/2014

Há muitos anos, por volta de meados da década de 1980, entrei em contato com os autores que me levaram a caminhar para os novos paradigmas da civilização. Me lembro, como se fosse hoje, o prazer que senti. A sensação de empatia foi tão forte, que apesar de muitos autores eu não ter conhecido pessoalmente, sinto como se eles fossem meus amigos íntimos. Um deles foi Frijot Capra. A leitura do livro O Ponto de Mutação, que se remete a um hexagrama do I ching que já era meu velho conhecido, revelou-se como pingos de esperança para eu chegar até aqui. No entanto, naquele momento, não pensei que fosse tão difícil e tão lento o avanço da civilização. Pura ingenuidade minha. Talvez eu nem veja os maiores acordes dessa transformação. Ao longo do tempo me conformei que a minha geração só vai ver a ponta do iceberg.

Aí também compreendi que só poderia, e posso seguir, ficando consciente dos dois P’s: paciência e perseverança. Apesar de perceber o caminho, não podia imaginar, àquela altura, o impacto da tecnologia, que trouxe ferramentas para os avanços, mas intensificou a complexidade. O paradigma sistêmico ainda engatinha. Poderia falar muito sobre seu lento avanço em várias áreas, mas meu foco é comunicação, e por isso nela fico.

Comecei a falar de comunicação integrada nesses tempos, década de 1990. Intensifiquei minha busca pelos desafios da comunicação interna, já que vinha de publicidade e pouco a pouco fui percebendo sua importância. Comecei a perceber a pequenez de pensar apenas a publicidade. Isso já me colocou em crise com a agência que trabalhava. Comunicação interna não dava lucro, diziam. Sim, e frente a publicidade, que área de comunicação dá lucro? Esqueça isso, me diziam. Foquei no planejamento, só ele me permitiria aprender a pensar sistemicamente. Comunicação interna e comunicação face a face foram ganhando força para mim. A falta de atenção a ela tira o lucro das empresas. Essa conta nunca foi feita, mas é bárbaro o que o ambiente interno das organizações é capaz de fazer.

Logo a seguir, fui tocada pelas questões sociais, pela importância da educação, e pude ter experiências incríveis, percebendo um papel para a comunicação que foi deixando a publicidade reduzida a seu lugar, um dos processos possíveis para o uso da comunicação, o mais lucrativo deles para as agências. Assim, a minha opção exigiu desapego. Profissionais e pessoais. O quanto bendigo ter sido capaz de desapegar para poder enxergar por onde a comunicação poderia contribuir de forma decisiva para as conquistas de novos paradigmas civilizatórios.

O que penso ainda está muito distante do que consigo realizar. No entanto, a cada passo dou um sorriso. Aprendi que só tem sentido a vida que tem sonho. Conseguir pensar em comunicação integrada e vendê-la passou a ser estratégico. Às vezes até é fácil, muitas empresas estão percebendo a necessidade brutal de integração. A comunicação face a face, que nem sequer existia como processo há alguns anos, ganhou uma enorme força. A responsabilidade social saiu de sua caixinha e ganhou a dimensão de reputação de marca. Agora tudo está aí... e caminha. A ferramenta é o planejamento. O motivo é pensar em organizações como mais um espaço para a educação, para o desenvolvimento humano. E eu, muitas e muitas vezes, sorrio. Mesmo sabendo que a nova geração, quando já não for tão nova assim, colherá os produtos orgânicos de uma comunicação integrada que muitos de nós plantamos.

O Ponto de Mutação às vezes é reticência, às vezes interrogação, mas um dia será exclamação.


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 1630

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