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COLUNAS


Angélica Consiglio
angelica@planin.com

Sócia  diretora da PLANIN, uma das principais empresas de comunicação empresarial do Brasil, e membro do board mundial do Worldcom Public Relations Group, a maior rede independente de empresas de comunicação e relações públicas do mundo. É formada em comunicação social, com ênfase em jornalismo, pela Pontifícia Universidade Católica, e possui mais de 30 cursos de especialização no exterior.

 

Quanto vale sua reputação digital?

              Publicado em 29/04/2014

É muito fácil descobrir quais são as empresas mais valiosas do mundo e do Brasil. Basta ver os anuários produzidos por mídias como a revista Fortune (EUA), a revista Exame ou o jornal Valor Econômico (no Brasil). Mas, pensando bem, quanto vale realmente a sua reputação digital?

Quando, anos atrás, a revista Times publicou em sua edição anual que a personalidade do ano era Você, críticas surgiram no mundo inteiro. Mas a previsão comprovou-se e até hoje continua atual. A vida privada não existe mais. O Eu Digital é a palavra da vez. Pessoas fotografam o que querem e postam o que desejam em seus perfis. Fotos no estilo Selfie entupiram as mídias sociais nos últimos tempos, inclusive na festa do Oscar, cujo retrato feito pela apresentadora Ellen DeGeneres com atrizes e atores premiados foi avaliado em US$ 1 bilhão – isso mesmo, com ‘B’. Opinando sobre tudo e sobre todos, as pessoas estão perdendo um tempo valioso e ingressando na era do “empobrecimento da experiência”, como diz Marcelo Coelho, colunista da Folha de S. Paulo. Estão, também, colocando suas carreiras em risco.

Com tantas informações pessoais disponíveis abertamente na Internet, é muito fácil traçar perfis de consumidores, conhecer suas preferências e insatisfações. Consegue-se engajar pessoas em torno de causas, marcas e até de políticos, conforme fez Barack Obama na última eleição, só para citar um exemplo. Mas é possível também prejudicar a própria carreira, como aconteceu com o diretor da Locaweb, demitido devido a um comentário preconceituoso feito pelo Twitter.

O controle está presente da base até o topo da pirâmide. A CVM - Comissão de Valores Mobiliários já anunciou ao mercado que começará a monitorar empresas abertas e seus respectivos executivos, pois informações divulgadas nas mídias sociais serão consideradas como um complemento das informações oficiais. O assunto entrou na pauta em função do uso frequente que Eike Batista fazia das mídias sociais para comentar assuntos referentes a seus negócios. Também chamou a atenção porque nos Estados Unidos, a SEC (Securities and Exchange Commission), que na terra do Tio Sam regula as companhias de capital aberto, está seguindo cada passo dado pelas empresas e por seus líderes, sejam eles diretores, presidentes ou membros dos Conselhos de Administração.

Na base da pirâmide, o cerco também está cada vez mais fechado. Companhias estão incluindo em seus contratos de trabalho regras claras sobre a proibição de divulgação de informações confidenciais a terceiros, inclusive via mídias sociais. Estão restringindo o uso desses canais durante o horário de trabalho e monitorando cada movimento de seus funcionários, tudo conforme prevê a lei. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) diz que violar segredo de empresa pode levar à demissão por justa causa. Redes sociais são um ambiente potencial para essa infração. Por isso é bom ficar atento a dicas de etiquetas, desde o momento da contratação até quando sua carreira se consolidou e você não deseja ter problemas.

Faça um teste inicial com o seu nome. Comece acessando perfis oficiais no Linkedin, Facebook, Google+, Instagram. Depois dê buscas mais amplas nesses canais e complemente com pesquisas em buscadores como Google ou Bing. Aposto que você vai descobrir coisas que não imagina.

Para ter uma boa reputação digital, o certo seria começar evitando situações de risco desde cedo. Não tire fotos ou vídeos em situações delicadas. Cuidado com frases preconceituosas e com críticas às empresas (um dia uma dessas companhias pode ser parceira ou até mesmo cliente de sua empresa). Não fale mal de concorrentes e nem lave roupa suja em público. Falando em roupa, faça sempre o uso dela (nu, nem pensar), quando posar para fotos. Em bares, festas e locais duvidosos, menos ainda. Cito apenas alguns exemplos para reflexão: Jovens tiram roupa em Machu Picchu, jovens se dão mal ao tirar racha na Marginal, ator da TV Globo tem vídeo íntimo divulgado e jovem comete suicídio após ter seu vídeo postado no WhatsApp.

Além disso, seus colegas devem ser informados que você não deseja ser fotografado sem prévia autorização. Seus perfis em mídias sociais deveriam ficar restritos a amigos e as menções ao seu nome, ser previamente autorizadas. Importante: utilize os recursos de privacidade existentes nos canais digitais.

Ative os sistemas para receber alertas por e-mail sempre que aparecer seu nome ou de sua empresa na Internet. Procure a ferramenta que mais se adapta às suas necessidades. Há opções gratuitas, como Google Alerts e Tweetdeck. Para demandas mais complexas, contrate uma empresa especializada para ajudá-lo no monitoramento.

Como bem diz o investidor americano Warren Buffett, “são necessários 20 anos para você construir uma reputação e apenas 5 minutos para perdê-la. Se você pensar nisso, vai fazer as coisas de outra forma”. E, em tempos de mídias sociais, basta apenas um post para arruinar a sua vida. 


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