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Histórias e mídias na mão de gente do bem: movimentos sociais são os novos protagonistas

25/06/2015

Se a proposta era refletir sobre a construção e o registro de memórias e de histórias individuais e/ou coletivas no contexto das mídias digitais, sobre o ponto de vista da emoção, do reconhecimento e do pensamento opinativo e crítico, o objetivo foi atingido. Todos os participantes da 9ª edição do Fórum Permanente de Gestão do Conhecimento, Comunicação e Memória, realizado no dia 16 de junho de 2015 em São Paulo/SP, tiveram momentos de profunda inspiração no auditório do Museu de Arte Moderna de São Paulo/MAM. O tema central foi “Novas mídias, novas histórias” com três movimentos convidados.

A iniciativa é resultado de parceria firmada em 2010 entre a Aberje, a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, o Grupo de Estudos de Novas Narrativas/GENN, o Memória Votorantim e o Museu da Pessoa.

A abertura foi conduzida por Tania Lima, Coordenadora do Memória Votorantim. Ela destacou que toda organização, ao longo do tempo, acumula experiências – de seus fundadores, seus gestores, seus funcionários, seus públicos de relacionamento. E elas podem ser sistematizadas em documentos e em histórias de vida. Exatamente sobre esta riqueza de memórias, conteúdos e inspirações que o Fórum se debruça a cada ano. Para Emiliana Pomarico, Gerente de Eventos da Aberje e Doutoranda em Ciências da Comunicação pela ECA/USP, as micronarrativas são um tema contemporâneo, que traz à tona o necessário pluralismo de opiniões e pontos-de-vista sobre o mundo, saindo dos discursos oficiais em linguagens tradicionais. Esse é um novo mundo narrativo a ser desbravado pelas corporações, e segmentos da sociedade civil têm um histórico importante para servir como exemplo.

Karen Worcman, diretora do Museu da Pessoa, atuou como moderadora da atividade. E ela começou perguntando: por que a história de vida é transformadora? A resposta foi dada logo na sequência pelos convidados, mas ela adiantou que “narrar é uma grande auto-descoberta, tira da zona de conforto e nos coloca em múltiplos lugares, numa espécie de ultravivência. E isso aproxima as pessoas”. É nesse ponto, ressalta a historiadora, que existe a transformação, tornando cada um melhor do que antes de contar ou ouvir a história. Importante assinalar que a origem dessas histórias, no cenário atual, é diversa – incluindo ai os até então anônimos, que hoje todos querem saber.

 

 

O primeiro caso relatado foi de Os Caçadores de Bons Exemplos. Trata-se da frente de trabalho e de propósito de vida do casal Iara Xavier e Eduardo Xavier, que cansou de ouvir notícias ruins e resolveu tomar uma atitude: venderam o apartamento e saíram em viagem pelo país em busca de pessoas que fazem a diferença na comunidade em que vivem através de algum projeto social. A crença de que existem muito mais ações positivas do que negativas no mundo é desenvolvida em quatro objetivos: mostrar que existem pessoas em busca de soluções e não somente de problemas; sensibilizar outras pessoas a multiplicarem ações positivas; e conectar as boas ações e valorizar o trabalho dos bons exemplos. Eles percorreram mais de 225 mil quilômetros em 1640 dias entre 1 de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2014, quando visitaram e catalogaram 1150 projetos e ações positivas. “Cansamos de ouvir notícia ruim. O que passa na mídia é a realidade total?”, pergunta Iara.

Se ela pudesse resumir tudo em uma palavra, seria coragem: que significa agir com o coração, e não ser guiado exclusivamente pela razão. Ao chegar nas comunidades, a lembrança imediata devolvida pelas pessoas abordadas era sempre negativa em relação ao seu entorno, e por isso “a ideia é iluminar o mapa do Brasil com esses pontos”, reitera a palestrante. O trabalho agora vai ser expandido no campo virtual, com um aplicativo de celular que permite que qualquer pessoa indica projetos interessantes. Em breve, vem um livro.

 

 

O SP Invisível é um movimento que conta histórias de moradores de rua e pessoas que vivem ou trabalham nas ruas de São Paulo iniciado em novembro de 2013. Sua proposta é conscientizar quem está em casa, através das redes sociais, para a noção de que todos têm uma vida, uma história e um porquê de estar onde está e fazer o que faz. Assim, o grupo quer romper os preconceitos e as barreiras da invisibilidade. Essa trajetória foi retomada por um de seus fundadores, Vinícius Lima, no evento.

A inquietação do grupo veio da análise das timelines das plataformas sociais deles e dos amigos: só havia espaço para um suposto sucesso. Mas outras realidades precisavam ser mostradas e então o canal surgiu para expor as fotografias de moradores de rua. Logo depois, saíram da ideia restrita à imagem e acrescentaram a coleta das histórias de vida de cada retratado. “Conhecer a história muda o foco da caridade para a justiça. O problema do outro não é meu, mas o problema do próximo é”, destaca. São pessoas cuja única posse são suas próprias histórias, agravado pelo fato do anonimato ainda legar a pessoa a um isolamento. Outras séries viram na sequência, com histórias de artistas de rua, de profissões invisíveis e de adolescentes. “Invisível não é a pessoa, ela está ali e é vista, mas sim sua história. Ela precisa ser conhecida. A visibilidade é o primeiro passo para garantia de qualquer direito”, postula Vinicius. E completa: “eles têm nome e têm uma trajetória. É o nosso olhar sobre os fatos no tempo que podem começar a ajudar a entender a posição de cada um”.

Atualmente, são cinco pessoas que saem à rua para captar histórias, depois repercutidas em rede social. Cerca de 30 cidades, como Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro e Salvador, já possuem grupos com o mesmo trabalho. “Todas as pessoas precisam de pessoas. Tudo começa numa relação. Às vezes, ele só quer uma conversinha”, explica.

 

 

PERIFERIA - Semayat Silva e Oliveira é formada em jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Sua carreira na área tem uma ligação direta com as questões raciais, sociais e de gênero. Tem experiência em Comunicação Corporativa, é assessora de imprensa de grupos culturais periféricos e acredita na comunicação como elemento essencial na transformação da sociedade.  Sua participação no coletivo “Nós, mulheres da periferia” é, além de ideológica,  uma busca de transformar o que aprendeu na academia em uma conquista menos individual e mais coletiva. E foi esse trabalho que ela retratou como terceira palestrante do Forum.

O grupo é composto por oito jornalistas e uma designer, e surgiu da constatação do afundamento da periferia nas más notícias divulgadas pelos veículos tradicionais de mídia. Na verdade, a periferia contem uma articulação cultural e política que passa a ganhar dimensão a partir do acesso à educação formal e à internet. Essa noção começou a ser desenhada com mais clareza em março de 2012, quando o jornal Folha de S.Paulo publicou o artigo “Nós, Mulheres da Periferia”. A repercussão foi muito grande e levou à consolidação do coletivo. Em 2014, veio o lançamento oficial de um modelo de portal de notícias. Semayat descreveu o estilo e a abordagem de algumas pautas, como as mães domésticas, o parto humanizado e o aborto paterno.

 

 

Já está confirmada a 10ª edição do Fórum no mês de novembro. Vai ser sobre o legado intangível das Olimpíadas, com a presença confirmada de Beatriz García, PhD em Studies on Communication & Cultural Policy pela Universidad Autônoma de Barcelona. Ela desenvolve um trabalho pioneiro sobre o impacto cultural e legado de megaeventos e estuda a regeneração urbana a partir de ações culturais desde 1999. Para saber mais, basta acompanhar o hotsite especial ou ainda falar diretamente com Natália Savino no e-mail natalia.savino@aberje.com.br ou no telefone 11-3662-3990 ramal 810. 

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