Boom de leitura capitaliza mercado de livros pelo interior do Brasil

Os brasileiros estão comprando e lendo mais obras. É o que aponta uma pesquisa publicada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), que mostra o crescimento das vendas pelas editoras, que chegaram a quase 280 milhões de unidades no país em 2013. Em 2014, elas devem ser ainda melhores, principalmente com o uso do Vale-Cultura. Um levantamento do Ministério da Cultura (MinC), entre janeiro e maio deste ano, mostra que 89% dos seus beneficiários usaram o dinheiro para comprar livros, revistas e jornais.

Com a leitura em alta, a Dinap, distribuidora de publicações da DGB, holding de logística e distribuição do Grupo Abril, quer fortalecer a distribuição de livros nas bancas. Iniciada em 2007 como um projeto piloto, hoje tem como foco as cidades do interior do Brasil em praças ainda não atendidas pelas grandes redes. Os editores de livros, por sua vez, também incorporam as bancas como parte importante da estratégia de distribuição pelo reflexo nos números. “Nos últimos três anos, as livrarias no Brasil reduziram de 3,5 mil para 2 mil lojas e estão presentes em somente 500 municípios, ao passo que nossas mais de 15 mil bancas e revistarias cobrem mais de 2 mil cidades, ou 95% do potencial de consumo do Brasil. Assim, a ‘Banca da Praça’ de cidades de pequeno e médio porte pelo interior do país tornou-se a referência para o acesso a livros à toda população”, justifica Bruno Tortorello, diretor-geral da Dinap.

Com o Vale-Cultura, o objetivo da Dinap é ampliar os investimentos na operação e outras iniciativas de incentivo ao consumo da leitura. Neste mês, a empresa fechou, juntamente com a Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), uma parceria com a Caixa Econômica Federal para incrementar a venda de livros em bancas por meio desse benefício. Com a parceria, jornaleiros e proprietários de bancas terão taxas mais atrativas na operação e na locação de máquinas de crédito e débito.

Há sete anos, o faturamento da Dinap no mercado de livros em bancas era da ordem de R$ 40 milhões, atingindo R$ 65 milhões em 2013. A expectativa para 2015, segundo Bruno Tortorello, é chegar a R$ 120 milhões.

Para atender a crescente demanda, estão na pauta da Dinap, por exemplo, investimentos na operação logística direta e reversa, treinamento dos funcionários próprios e terceiros, aumento da capilaridade de distribuição, renegociação de volumes e variedade de títulos com editores e novos materiais de exposição e divulgação dos livros para as bancas. “A ideia é distribuir desde best sellers até novos lançamentos, oferecendo ao editor uma inédita e efetiva presença nacional”, diz Tortorello.

2,4 livros per capita/ano - De acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), apenas 17 milhões de brasileiros têm o hábito de ler ao menos um livro anualmente. Os números mostram que a média ainda patina nos 2,4 livros per capita/ano, em um total de cerca de 280 milhões de exemplares vendidos e com 35 mil títulos lançados. Portanto, como diz Tortotello, o mercado tem um amplo potencial de crescimento. “Acreditamos que as vendas em bancas são uma forma de atingirmos cidades do interior do Brasil onde o acesso aos livros é deficiente, além de ser mais um incentivador do mercado editorial brasileiro”, explica.

Segundo a CBL, as livrarias são o principal canal de comercialização do setor editorial no Brasil. Em 2013, a sua participação no número de exemplares vendidos foi de 50,59%. Em 2012 foi de 47,42%. Este aumento também se verificou no número de exemplares vendidos nas livrarias. Em 2013, elas comercializaram 141,47 milhões de obras literárias ante 127,35 milhões em 2012. Em segundo lugar, ficaram as distribuidoras, com 20,50% do mercado e 57,33 milhões de exemplares vendidos. Em terceiro, ficou o setor "porta a porta" e catálogo, com 8,74% e 24,44 milhões de unidades comercializadas em 2013.