O Índice de Competitividade Mundial 2015 (World Competitiveness Yearbook - WCY), divulgado hoje pelo International Institute for Management Development, IMD, e pela Fundação Dom Cabral, apontou a perda de espaço do Brasil no cenário competitivo internacional, com a queda de posições pelo quinto ano consecutivo. O país ocupa agora a 56ª colocação no ranking geral, caindo duas posições em relação a 2014. Neste ano, o Brasil está à frente apenas da Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela. É a pior posição do Brasil em toda a história do ranking.
Os EUA continuam no topo do ranking em 2015, resultado de sua força e eficiência nos negócios e no setor financeiro, capacidade de inovação e infraestrutura. Hong Kong (2º) e Cingapura (3º) superaram a Suíça, que cai para o quarto lugar. Canadá (5º), Noruega (7º), Dinamarca (8º), Suécia (9º) e Alemanha (10º) permanecem no top 10. Luxemburgo sobe (6º) e se aproxima das tradicionais economias mais competitivas do mundo. Entre os países latino-americanos, o Chile mantém-se na melhor posição, 35º lugar, seguido do México, 39º.
"A análise geral do ranking de 2015 mostra que os países mais fortes estão se voltando para o básico", diz o professor Arturo Bris, diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD. "Produtividade e eficiência estão comandando a competitividade. As empresas desses países estão aumentando seus esforços para minimizar o impacto ambiental e fornecer uma estrutura organizacional forte para a força de trabalho prosperar".
O World Competitiveness Yearbook, que será publicado no final de junho, trouxe algumas novidades para a edição de 2015. Este ano, o critério de competitividade foi modificado, eliminando o conceito de prosperidade e medindo como os países gerenciam todos os seus recursos e competências para facilitar a criação de valor no longo prazo. O anuário também se expandiu e adicionou a Mongólia entre os países avaliados. O ranking geral abrange 61 países, avaliados sob mais de 300 critérios, com base em dados estatísticos nacionais e internacionais e de uma ampla pesquisa de opinião realizada com seis mil executivos. No Brasil, a instituição escolhida pelo IMD para realizar a pesquisa e a coleta de dados foi a Fundação Dom Cabral.
Brasil: 18 posições perdidas em 5 anos
Este é o quinto ano consecutivo em que o Brasil cai no ranking: em 2010, ocupava o 38º lugar. No ano seguinte caiu para a 44ª posição e, em 2012, desceu à 46ª colocação. Na edição 2013, o Brasil passou para o 51º lugar, em 2014 desceu mais três posições e, em 2015, chegou à 56º posição. Assim como o Brasil, a América Latina também apresentou um padrão de declínio neste ano. O Chile saiu de 31º para 35º, o Peru de 50º para 54º, a Argentina (59º) caiu uma posição, a Colômbia permanece em 51º e a Venezuela está novamente na parte inferior da tabela, em último.
"Os resultados não surpreendem, uma vez que a atual conjuntura do Brasil limita o nosso dinamismo e gera pessimismo entre os agentes econômicos", avalia Carlos Arruda, coordenador do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e responsável pela coleta e análise dos dados do ranking no Brasil. "Para avançarmos em termos de competitividade, não há como fugir da velha receita de investimentos de longo prazo em educação, logística, ciência e inovação, aliada a reformas institucionais que eliminem burocracias e criem agilidade, flexibilidade e transparência do setor público. E precisamos urgentemente traduzir tudo isso em ganhos reais de produtividade", destaca Arruda.
"O Brasil caiu nos resultados gerais do ranking global principalmente por causa da desaceleração de sua economia, impactando diretamente no crescimento real do PIB. Seu desempenho em governança também deixou a desejar no critério de finanças públicas. É importante notar que todos os fatores de competitividade são afetados negativamente por opiniões de executivos menos otimistas, principalmente com indicadores relacionados às práticas de gestão, saúde e meio ambiente", afirma Arturo Bris, do IMD.
O resultado do Brasil se assenta na análise de quatro pilares da metodologia do IMD: o Desempenho da Economia; a Eficiência do Governo; a Eficiência Empresarial; e por fim, a Infraestrutura. Cada pilar possui uma série de subfatores avaliados, conforme mostra a tabela abaixo:
A desaceleração interna do Brasil influenciou negativamente a sua capacidade competitiva. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,1% em 2014, em contraste com a expansão da economia mundial de 2,3%, colocou o Brasil na 55ª posição no quesito 'Crescimento real do PIB', um dos indicadores analisados dentro do subfator 'Economia Doméstica', do pilar 'Desempenho da Economia'. A previsão de contração de 1% do PIB em 2015, somada às dificuldades em controlar o déficit fiscal e a taxa de inflação, cuja previsão é chegar a 8,2% este ano, também contribuiu para a má avaliação do desempenho da economia.
O fator 'Eficiência do Governo', que analisa o impacto do ambiente político, institucional e regulatório na capacidade competitiva das nações, é historicamente o ponto mais crítico para a competitividade do Brasil. Desde 2011, o País figura entre as cinco piores nações neste fator e, no ranking deste ano, apresentou uma queda de duas posições, chegando ao 60o lugar, à frente apenas da Argentina. "A pouca flexibilidade da legislação trabalhista e a complexidade do sistema regulatório, combinadas à alta carga tributária e às taxas de juros que não incentivam o investimento na produção e no crescimento das empresas, contribuem para manter o país entre os piores ambientes do mundo para se fazer negócios", pontua Carlos Arruda, da FDC.
Em 2015, o Brasil também obteve uma queda expressiva na 'Eficiência Empresarial', chegando ao 51o lugar neste pilar, caindo 24 posições em quatro anos. O quesito 'Produtividade e Eficiência do trabalho' segue como ponto de entrave, com o Brasil ocupando o 59o lugar, à frente apenas da África do Sul e da Venezuela, reflexo da dificuldade que o País enfrenta em investir em ações capazes de sustentar crescimentos produtivos no longo prazo. No cenário atual, em que os índices de desemprego estão em patamares historicamente baixos e, consequentemente, falta mão-de-obra, aumentar a produtividade torna-se fundamental para que a capacidade competitiva do País volte a crescer no cenário internacional.
A Infraestrutura é um conhecido gargalo para a competitividade do Brasil, figurando historicamente entre as mais baixas colocações no ranking. O País mantém, desde 2012, uma queda neste pilar, chegando à 53ª posição em 2015. As deficiências em infraestrutura têm um efeito claramente importante sobre a competitividade da nação. Os índices de infraestrutura básica colocam o Brasil, há vários anos, entre os piores países do ranking. A crise hídrica, que vem afetando o abastecimento de energia e de água no último ano, contribui para a queda do País nessa categoria, e o risco de racionamento no curto prazo desponta como um dos principais desafios competitivos para o Brasil em 2015.
Sobre a Fundação Dom Cabral
A Fundação Dom Cabral é uma escola de negócios brasileira que há 38 anos tem a missão de contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade, por meio da educação, capacitação e desenvolvimento de executivos, empresários e gestores públicos. Circulam anualmente pelos seus programas abertos, fechados, de parcerias e de pós-graduação (especialização, MBA e mestrado) cerca de 40 mil executivos de empresas e organizações de pequeno, médio e grande porte do Brasil e de vários países. No campo social, a FDC desenvolve iniciativas de desenvolvimento, capacitação e consolidação de projetos, líderes e organizações sociais, contribuindo para o fortalecimento e o alcance dos resultados pretendidos por essas entidades. A FDC é a melhor escola de negócios da América Latina segundo o Ranking da Educação Executiva 2015 do jornal inglês Financial Times.
Sobre o IMD
O IMD (International Institute for Management Development) é um centro de estudos para executivos, localizado em Lausanne, na Suíça. Com experiência de mais de 60 anos, possui uma abordagem de aprendizagem real à educação executiva, através de soluções inovadoras e colaborativas com o objetivo de auxiliar empresas e executivos a enfrentar os desafios do mercado. Todos os anos, cerca de oito mil executivos de diversas nacionalidades participam dos programas de educação executiva, incluindo o MBA e o EMBA (MBA executivo). Mais de 60 docentes são responsáveis por ministrar os cursos. Eles dividem seu tempo entre ensino, pesquisa e consultoria para grandes empresas, mantendo-se dessa forma a par dos últimos desenvolvimentos na prática administrativa. Neste ano, a escola de negócios suíça conquistou a 1ª posição no Mundo em programas abertos, pelo quarto ano consecutivo, no Ranking de Educação Executiva do Financial Times. A escola de negócios também obteve a melhor nota de seus alunos no currículo de formação de líderes e a terceira posição como trabalho em equipe pelo Ranking da Bloomberg Businessweek. Nas últimas sete temporadas (2008-2014), a Escola apareceu em primeiro na média geral no segmento Educação Executiva Global.
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