O paulistano está mais crítico e exigente em relação à participação política e demonstra insatisfação com as questões da transparência na gestão pública, da honestidade dos governantes e da punição à corrupção. É o que mostra a pesquisa anual Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (IRBEM). Em sua sexta edição, o IRBEM 2014 foi realizado pelo IBOPE Inteligência a pedido da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) em parceria com a Rede Nossa São Paulo.
O estudo tem por objetivo coletar informações que possam ser utilizadas pelo Poder Público e pela sociedade civil na formulação de ações que visem o bem-estar das pessoas que moram na capital paulista. O IRBEM 2014 é de 5,1, em uma escala que varia de um (insatisfação total) a 10 (satisfação total).
De acordo com o levantamento, as áreas que causam maior insatisfação entre os paulistanos estão diretamente relacionadas às instituições governamentais.
O indicador transparência e participação política recebe a pior avaliação, com nota 3,1 entre as 25 áreas avaliadas no estudo. Mas essa apreciação negativa não é novidade. Desde 2009, quando as áreas começaram a ser avaliadas, o item ocupa o último lugar entre os 25 que compõem o IRBEM, com notas que variam entre 3,0 (2013), 3,3 (2009) e 3,5 (2010, 2011 e 2012).
Os 10 subitens que compõem a área são percebidos de forma negativa, com notas entre 2,7 e 3,7. Os piores quesitos na avaliação dos paulistanos são: honestidade dos governantes (2,7), transparência dos gastos e investimentos públicos (2,8) e punição à corrupção (2,8). Além disso, oito desses subitens estão no ranking geral de itens com menor nível de satisfação em 2014. Apenas dois aspectos: obrigatoriedade do voto e grau de conhecimento dos espaços de participação política pelos meios de comunicação populares não foram incluídos na "lista negra".
Por outro lado, observando a série histórica, as notas não apresentam queda - há avanço em nove dos 10 subitens, sendo que o acompanhamento das ações dos políticos eleitos manteve a mesma nota de 2013. O indicador obtém notas máximas (9 a 10) de menos da metade (42%) dos entrevistados no ranking de importância para a qualidade de vida na cidade.
Na região Norte 2, que engloba os distritos de Anhanguera, Brasilândia, Cachoeirinha, Casa Verde, Freguesia do Ó, Jaraguá, Limão, Perus, Pirituba e São Domingos, a nota média é de 2,6, a mais baixa de todos os itens avaliados pela pesquisa. Já a região Oeste, que concentra os distritos de Alto de Pinheiros, Barra Funda, Butantã, Itaim Bibi, Jaraguá, Jaguaré, Jardim Paulista, Lapa, Morumbi, Perdizes, Pinheiros, Raposo Tavares, Rio Pequeno, Vila Leopoldina e Vila Sonia, registra nota 3,8, a maior para esta área.
Instituições e órgãos públicos
O Corpo de Bombeiros se mantém na liderança do ranking de confiança dos paulistanos nas instituições e órgãos públicos desde 2008 (90% de confiança entre os paulistanos), seguido pelos Correios (82%) e pelo Metrô (71%). Apesar de oscilações nesses seis anos, o grau de confiabilidade da população nesses três órgãos nunca ficou abaixo dos 71%.
Por outro lado, Prefeitura de São Paulo, Tribunal de Contas do Município (TCM) e Câmara Municipal - órgãos fundamentais na gestão e desenvolvimento cidade - e as três esferas (Executivo, Judiciário e Legislativo) são as instituições e/ou órgãos públicos que detêm o pior índice de confiança. A Câmara é a instituição mais descreditada entre todas as avaliadas: 77% das pessoas que vivem na capital paulista não confiam no órgão. Em seguida estão o TCM e a Prefeitura, ambos com o mesmo percentual de desconfiança: 69% dos paulistanos.
Outras entidades pouco confiáveis, na opinião de quem mora em São Paulo, são as responsáveis pela segurança: Guarda Municipal (56% dos paulistanos não confiam), Polícia Civil (57%) e Polícia Militar (59%). O patamar de desconfiança dessas instituições oscilou pouco desde 2008.
A pesquisa IRBEM 2014 foi realizada entre os dias 24 de novembro e 8 de dezembro de 2014. Foram entrevistados 1.512 moradores com 16 anos ou mais. O intervalo de confiança da pesquisa é de 95%, com margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
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