Ainda está nas prateleiras do Ibope Inteligência, sem preocupar como deveria as grandes marcas, a pesquisa “O consumo popular e as marcas”, parceria entre o Ibope Inteligência e a Troiano. O levantamento teve entre suas principais conclusões que as marcas, quase na sua totalidade, ainda buscam alternativas para conquistar a confiança do novo consumidor.
Consulte os detalhes em http://http://bit.ly/1y8xwXP e verá que “das 64 marcas pesquisadas, apenas 3% estabeleceram relação duradoura e sustentável com o consumidor de baixa renda.
A análise contou com um amplo trabalho de campo, com 3.003 entrevistas e 20 vivências etnográficas. As informações estão lá, claras, desde as primeiras conclusões da pesquisa, que focou quatro mercados específicos – cerveja, fastfood, financeiro e telecom – e analisou a relação dos consumidores com o produto, a distribuição, o preço, o atendimento, a comunicação e a marca.
O que acontece se tivermos a ousadia de nos prendermos aos fatos que a pesquisa extrai é que 97% das marcas perderam o fio da meada e não sabem, ainda, se comunicar com uma massa de pessoas que consumirão em 2014 cerca de R$ 1,1 trilhão ou 470 bilhões de dólares.
São pessoas acostumadas com a vida dura há gerações. E que, além da dificuldade de ganhar seu dinheirinho, tiveram ainda que enfrentar o abandono, o tratamento indiferente e até mesmo preconceituoso nas escolas, nos hospitais, na sociedade e, recentemente, nas lojas de rua e nos shoppings.
São famílias inteiras que emergem dos cortiços, favelas, bairros periféricos e que chegam com seus reais estáveis e que gostariam de ser levadas a sério por quem tem a intenção de expandir seus negócios. Mas como chegar até seus corações, mentes e, principalmente, seus bolsos? Mais do que propaganda unilateral, conceitual e elitista, esse povão consumidor quer interação, quer ser mobilizado. Depois de ter sido abandonado à própria sorte por tanto tempo, não entende mais o que lhe propõem os anúncios nas mídias convencionais ou na internet.
A indiferença que impõem às marcas não é, portanto, intencional. Simplesmente não entendem e muito menos se emocionam com as mensagens que lhes chegam. Isso porque suas referências são apoiadas em vivências sociais nos bairros distantes e nas comunidades que os remetem aos estados de origem e às atividades culturais e religiosas.
Foram nestes ambientes que se reproduziram (e ainda se reproduzem) social, cultural e economicamente ao longo de décadas. E hoje têm enormes dificuldades em entender mensagens unilaterais e, muitas vezes invasivas, propostas por marcas e fabricantes que nunca interagiram com suas vivências sociais.
As oportunidades em entender esses consumidores de baixa renda são enormes, principalmente, após se encontrar razoavelmente satisfeita a demanda pelos eletrodomésticos, bicicletas, carros um ponto zero etc. que faziam parte de seus sonhos de consumo.
Esses consumidores têm hoje celular inteligente, trocam mensagens enquanto estão nas conduções superlotadas, comparam preço, atendimento e qualidade. Através de informações que lhes chegam traduzidas por seus formadores de opinião, escolhem em quais marcas e lojas devem trocar seus reais por mercadorias de sua necessidade (independente da marca). São esses formadores de opinião que também traduzem para elas (principalmente) e através delas para eles onde gastar dentro do mês suas rendas, que somadas ao fim do ano, atingem cifras que ultrapassam 470 bilhões de dólares e colocam esse mercado consumidor popular brasileiro entre as 16 nações consumidoras do planeta. (Marco Roza é diretor da http://Agência Consumidor Popular).
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