Rumos do jornalismo é tema de reunião do Conselho Deliberativo da Aberje

O jornalismo de economia e negócios tem credibilidade, confiabilidade e é fundamental na tomada de decisão. Isso se consegue com qualidade de texto, fontes precisas e relevantes e diversidade opinativa, com alta capacidade de análise de contexto. A entrega desse conteúdo pode acontecer por diversas plataformas, acompanhando a dinâmica da sociedade. Esses foram alguns dos comentários de André Lahóz, Diretor de Redação da revista EXAME, na palestra “Os rumos do jornalismo neste momento de transformação da indústria de comunicação” desenvolvida durante a programação de encontro do Conselho Deliberativo da Aberje. No evento, realizado no dia 17 de junho de 2015 no Espaço Sumaré na capital paulista e conduzido pelo diretor-presidente da Aberje, Paulo Nassar, o palestrante foi taxativo: “não há na vida prática nada sobre uma visão catastrófica a respeito do jornalismo”.

Ele não deixa de admitir, por outro lado, que há alterações evidentes de comportamento das pessoas no consumo de mídia. O site exame.com já contabiliza hoje 14 milhões de visitantes, sendo que 1/3 dos assinantes da revista impressa já paga também pelo acesso digital. Contudo, ele é contrário às ideias de supremacia do clique, porque volume não seria indicativo de leitura efetiva e mesmo de resultados financeiros. “É diversidade de interesse de forma de leitura, é comodidade, é mobilidade, é democratização de acesso. E é a probabilidade de se fazer buscas ágeis como força relevante. Mas o papel ainda tem grande espaço”, pontua. Sobre a prática de disponibilizar conteúdos gratuitos na rede, ele entende que qualidade e exclusividade são sempre pagas. Há modelos em andamento nos veículos de mídia, sem haver algo consolidado até o momento. Ainda assim, entende que as evidências apontam na direção da digitalização, e isto não pode ser negligenciado.

Paulo Nassar, André Lahoz e Paulo Marinho no evento na Aberje

O diretor da Exame vê de maneira positiva os egressos de cursos de jornalismo, que são maioria na sua própria equipe. No seu caso, a Editora Abril ainda mantem um curso interno para formação. De todo modo, acredita que é preciso uma renovação nas faculdades para acompanhar as novas demandas de oferta de informação. Em sua visão, discutir sobre obrigatoriedade de diploma é uma questão menor, frente à qualidade intelectual e técnica dos formados.  Sobre os comunicadores corporativos, diz ter boas experiências, até por tratar sempre com o topo hierárquico das organizações. E detecta algumas fraquezas na relação com os jornalistas quando a direção geral da companhia é mais fraca, e há confusões frequentes de entendimento de notícia e do papel da organização específica na economia nacional. “Mas nada que o diálogo não consiga pontuar”, acrescenta.

Lahóz, além de jornalista, é economista formado pela Universidade de São Paulo e tem dois mestrados: um em Ciência Política, pela USP, e outro em História Econômica, pela London School of Economics (Londres).

CONSELHO – O Conselho Deliberativo da Aberje é presidido, em sua gestão 2015-2017, por Paulo Marinho, Superintendente de Comunicação Corporativa do Itaú Unibanco. Na reunião, o diretor-presidente da Aberje, Paulo Nassar, fez apresentação das contas do exercício de 2014 e conduziu a apresentação dos novos integrantes - Maria Elisa Curcio, Diretora de Relações Governamentais da Avon, e Nelson Silveira, Diretor de Comunicação da GM do Brasil. Ele ainda apresentou o Diretor de Planejamento Estratégico da Aberje, Hamilton dos Santos, e os principais planos para os próximos meses, assim como analisou os destaques do resultado da pesquisa de Tendências da Comunicação Corporativa realizada pela entidade.

O Conselho Deliberativo é composto por até 21 membros, para mandatos de três anos - permitida a recondução. A escolha acontece tendo por base o compromisso com a Aberje e a qualificação acadêmica, técnica e profissional do candidato. Veja toda a nominata da governança da entidade neste link.