A nona edição do Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas, realizado entre 13 e 15 de maio de 2015 em Campinas, dedicou-se ao tema "comunicação, governança e organizações". A relevância do assunto se deve à compreensão de que os diversos elementos de governança que perpassam a comunicação das organizações se tornaram imprescindíveis na contemporaneidade e revelam a necessidade e a preocupação com novas formas de gerir mensagens e ações. Uma das atividades da extensa programação foi a conferência “Ética e mundo corporativo”, desenvolvida por Henrique Lian, Diretor-Executivo de Comunicação, Marketing e Assuntos Corporativos do Instituto Ethos, e mediada pelo professor livre-docente da ECA/USP e diretor-presidente da Aberje, Paulo Nassar. A Aberje foi apoiadora do evento.
O tema cumpre o importante papel de aproximar o diálogo entre academia e mercado, tanto no âmbito nacional quanto internacional, além de conectar o temas de pesquisa relevantes para a área, como a comunicação enquanto elemento capaz de interconectar diferentes culturas, crenças, hábitos e comportamentos humanos; e as dimensões culturais e comunicativas como elementos para compreender a nova dinâmica da sociedade contemporânea. Em um contexto de cobrança e evolução das boas práticas de governança corporativa, a comunicação ganha papel estratégico, tendo em vista a necessidade de conscientização de gestores e de todos que integram a organização para que se garantam relações de confiança com acionistas e stakeholders.
Para Nassar, o tema da ética está inserido nas metanarrativas contemporâneas. Citando Paul Ricouer, ele lembra que a narrativa é o que organiza o tempo e o espaço, sendo que vivemos um enfraquecimento das grandes narrativas – tal como se deu na modernidade com as narrativas sobre a liberdade, fraternidade e igualdade. No campo das micronarrativas é onde está a moral, as experiências do cotidiano. Quando se fala em liberdade, por exemplo, ao se pensar nas micronarrativas, deve-se prestar atenção sobre aqueles que sofrem censura, prisão de suas histórias e de seus pontos de vista. “Vivemos em um mundo de controvérsias e de embate entre a prática e a teoria”, pontuou.
Lian abordou a evolução do conceito de responsabilidade social, ambiental e ética no mundo corporativo. Na Era dos Shareholders (acionistas e investidores), que vai da Revolução Industrial até os anos de 1970, a empresa era feita para produzir e gerar lucros para seus acionistas. O que for feito além disso, é considerado tempo perdido por não fazer parte da sua missão legal. Somente alguns casos de filantropia podiam ser vistos, como o caso das fundações Ford e Rockfeller. Assim, a empresa só interage como doação e a sociedade continua como algo distante.
No final do século passado essa visão vai sendo mudada e vem a Era dos Stakeholders. E assim há a convicção crescente de que tudo que acontece na sociedade impacta positiva ou negativamente na empresa e vice-versa. O entendimento é que a base da empresa é a economia, depois vêm as leis, a ética e a responsabilidade corporativa. A noção de gestão dos stakeholders demonstra que esses grupos constroem, regulam ou balizam valor.
O conferencista então falou numa terceira fase: a Era da Society at large. Há um alargamento na visão sobre os stakeholders e a constatação de que tudo é tratado de um ponto-de-vista produtivista e numérico. A natureza da empresa é gerar valor e o que se espera dela é valor ético e ambiental, mas a concorrência e a internalização de mais custos dificulta o processo. Vem a emergência do conceito de Valor Compartilhado, como a empresa deixando de ser quem faz doações, para ser quem faz negócio a partir das adversidades. “E com isso, temos que criar consensos, que maximizam o interesse nos grupos organizados sob uma lente de convergência e de cooperação. Só que estamos numa crise de integridade”, arrematou.
O painel “Ética, gestão de imagem e contemporaneidade” deu continuidade ao tema e contou com dois integrantes do Conselho Deliberativo da Aberje: Paulo Henrique Soares, Diretor de Comunicação da Vale, e Helio Muniz, Diretor de Comunicação da McDonald’s Brasil, mediados pela professora da Facamp, Juliana Sabbatini.
ASSOCIAÇÃO - A Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, organizadora do evento em Campinas, foi fundada em 13 de maio de 2006, com o objetivo geral de estimular o fomento, a realização e a divulgação de estudos avançados dessas áreas no campo das Ciências da Comunicação. A Aberje participou da fundação.
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