“Tendências atuais da cultura digital: terabytes, redes sociais e mobilidade” foi o tema desafiador da quarta atividade do Ciclo Era Digital - A sociedade em rede e as transformações do mundo contemporâneo. A pesquisadora Lúcia Santaella abordou a impressionante aceleração das transformações dos meios tecnológicos, de criações de linguagens e de novas formas comunicativas. O evento aconteceu no Sesc Avenida Paulista em São Paulo/SP no dia 23 de outubro de 2009.
Professora titular da PUCSP, diretora do Centro de Investigação em Mídias Digitais da PUCSP/CIMID e coordenadora do Centro de Estudos Peirceanos, Lúcia é uma pesquisadora incansável. No total, realizou 12 estágios de pós-doutorado no exterior e já obteve oito bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq. Ajudou na implantação dos cursos de graduação em Jornalismo, do curso de Publicidade e do curso multidisciplinar em Tecnologia e Mídias Digitais na PUC paulista. É autora de diversos livros, como “O que é Semiótica” (1983, Brasiliense, 12a. ed. 1994, e várias reimpressões); “Matrizes da Linguagem e Pensamento: sonora, visual, verbal” (2001, Fapesp/Iluminuras) escolhido Prêmio Jabuti 2002; “Culturas e artes do pós-humano. Da cultura das mídias à cibercultura” (2003, Paulus, 2a. ed. 2004); “Por que as comunicações e as artes estão convergindo?” (2005, Paulus). Para saber mais sobre a palestrante, acesse http://pucsp.br/~lbraga.
Santaella distingui cinco gerações tecnológicas: 1 - as Tecnologias do reprodutível, trazidas pela linguagem eletromecânica (jornal, fotografia,cinema); 2 - as Tecnologias da difusão, introduzidas pela revolução eletro-eletrônica (rádio e TV); 3 - as Tecnologias do disponível, próprias da cultura das mídias (walk-man, gravadores de vídeo, xerox, iPods); 4 - as Tecnologias do acesso ou da inteligência, a partir da revolução digital, e, mais recentemente, 5 – as Tecnologias da conexão contínua com “desprendimento das âncoras geográficas e trazendo interfaces amigáveis em dispositivos móveis num caráter multitarefa”. As gerações tecnológicas, assinala a estudiosa, vêm sendo complementares desde o tempo da comunicação oral e presencial, numa cultura hiper-híbrida e numa ecologia midiática que assume diferentes comportamentos em diferentes culturas.
Segundo ela, partindo desta distinção, pode-se abordar as mídias digitais, sob três aspectos principais. Um deles é a era dos terabytes, quando os computadores pessoais ou mesmo corporativos passam a ser simplesmente uma plataforma de acesso às aplicações que são processadas em uma grande nuvem – a Internet, e por isto a tendência é de computadores menos potentes, podendo chegar à extinção dos desktops e à supremacia do sistema Linux. Depois, aparecem as redes sociais participativas e colaborativas da Web 2.0, com seus processos colaborativos de produção e distribuição de conteúdos com novas palavras de ordem, já começando a ser complementadas pela Web 3.0 - a web semântica aliada à inteligência artificial por meio da qual a rede deve organizar e fazer uso ainda mais inteligente do conhecimento já disponibilizado online, saindo da indexação por tags e trazendo maior depuração e sentido nos conteúdos, quando os websites passarão a ser webservices. Num terceiro aspecto, ela fala das práticas de acesso propiciadas pelos dispositivos móveis, conectados ao Sistema de Posicionamento Global (GPS), estão fazendo emergir um novo espaço social de misturas entre o virtual (o ciberespaço) e os ambientes físicos em que nosso corpo biológico circula. Os produtos vão adquirir inteligências e vão-se transformar em seres comunicantes – “a Internet das coisas”, como a geladeira que avisa o término de algum produto ou o carro que aponta o baixo nível de óleo, gasolina ou ar nos pneus, a partir de sensores e chips. Na opinião da pesquisadora, “são processos múltiplos, eminentemente híbridos e colaborativos, que estão colocando em questão muitos dos pressupostos e das concepções do ciberespaço como um universo paralelo e separado do mundo físico em que vivemos”.
DEBATE – No debate, o professor Sérgio Amadeu (Cásper Líbero) analisou e contrapôs a auto-organização emergente das práticas colaborativas assimétricas das redes com a hierarquia das firmas e dos mercados, locais tido como originais da produção e da criatividade até agora. Para ele, é preciso entender as práticas recombinantes da nova era, em que conceitos de cópia ou pirataria ficam em suspenso. A mudança de comportamento é demonstrada pelo novo uso de meios – com a predominância da Internet sobre os outros canais. O acompanhamento convencional das corporações tem acontecido através do enrijecimento de legislações e saídas judiciais, ao invés do entendimento de uma nova operação criativa.
Para Regina Macedo, diretora de Marketing Corporativo da HP Brasil, as rápidas mudanças da sociedade têm trazido um grande desafio para dentro das organizações: o conflito de gerações que justamente apresentam concepções distintas de vida. Basicamente, são integrantes da chamada Geração X que estão hoje em postos de comando, e uma significativa parcela dos funcionários já é da geração digital e traz um outro mecanismo de pensamento com direto impacto nas estratégias de comunicação, dado seu alto nível de crítica e sua disposição a participar. Ela aponta o papel de vanguarda do Brasil neste aspecto do consumo digital e da superação dos embates, isto porque a ideia é mostrar a “tecnologia como importante na vida das pessoas como viabilizadora de sonhos”. Daí que surgiu o forte investimento da empresa na área de “cloud computing”, dado que não basta mais ao profissional de marketing conhecer ferramentas, mas deve sim entrar nas exigências intelectuais e culturais dos públicos. Um Centro de Desenvolvimento sediado em Porto Alegre/RS conta com 300 pesquisadores exatamente para suprir ou construir em conjunto as soluções para novas demandas.
Idealizado pelo Centro de Pesquisa ATOPOS da ECA-USP, o Ciclo Era Digital é uma realização da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial/Aberje, da Sator Eventos e do Sesc São Paulo. A próxima edição acontece no dia 30 de outubro, com o tema “WEB 2.0 e as transformações da comunicação digital” tratado pelos professores Rogério da Costa (PUC-SP) e André Lemos (UFBA) entre 15h e 16h30min. Na seqüência e até ás 19h, acontece a mesa-redonda “As transformações trazidas pela WEB colaborativa”, com mediação de Marcella Faria (ATOPOS/ECA-USP). Saiba mais pelo www.cicloeradigital.com.br . (por Rodrigo Cogo – Rodrigo@mundorp.com.br)
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