Jackson Katz, educador, militante e teórico
A violência contra a mulher nas universidades brasileiras e o papel de liderança que o homem deve assumir para fortalecer a mulher foram os dois temas dominantes da terceira edição do Fórum Sem Medo do Instituto Avon, realizado na quinta-feira, dia 3 de dezembro em São Paulo.
Durante o evento, foi divulgada a pesquisa “Violência contra a mulher no ambiente universitário”, em parceria com o instituto de pesquisas Data Popular. A pesquisa foi feita em setembro e outubro deste na junto a 1,8 mil estudantes de graduação e pós-graduação em universidades de todo o Brasil, a maioria de 25 a 35 anos.
“A Avon, em seus 125 anos de atividade, dedicou-se a valorizar a mulher”, disse David Legher, presidente da Avon Brasil . “Divulgamos a ideia de que a beleza é um instrumento de fortalecimento da mulher. A pesquisa quer abrir um discussão e um bate-papo produtivo.”
Entre os resultados obtidos, a pesquisa concluiu que 67% mulheres ouvidas reconhecem que sofreram algum tipo de violência sexual nas universidades. “Concluímos que as universidades são ambientes em que a violência contra a mulher é rotina, com frequentes estupros, assédio sexual, coerção, agressões e desvalorização da capacidade intelectual das estudanes”, disse Miriam Scavone, coordenadora do projeto. “As universitárias têm medo, fato reconhecido por 38% dos homens ouvidos. Nossa meta é abrir a discussão para toda a sociedade e melhorar a condição feminina.”
Pela primeira vez, o fórum foi aberto ao público. Contou com uma plateia de 500 pessoas e a participação das redes sociais pela hashtag #Falesemmedo. A apresentadora de televisão Astrid Fontenelle mediou um debate sobre as mudanças tecnológicas e a violência contra a mulher, com a participação da antropóloga Débora Diniz, a promotora de Justiça Silvia Chakian e a médica sanitarista Ana Flávia D’Oliveira. “Antigamente, a prova de amor era a virgindade da namorada”, afirmou Débroa. “Hoje, é a senha do Facebook.”
A palestra mais esperada do Fale Sem Medo também analisou o papel dos meios de comunicação na reafirmação do poder masculino através das décadas. Ela foi proferida pelo educador, militante e teórico cultural americano Jackson Katz. Ele chamou a atenção para a necessidade de chamar os líderes masculinos para participar da mudança social com a eliminação do machismo. “Quando homens apoiam a não violência contra a mulher, somos ainda mais fortes”, disse Katz. “Eles também são vítimas da violência, e muitos deles não têm coragem de falar. Daí o papel da liderança dos empresários, atletas e políticos na disseminação de uma mensagem que coloque a mulher no centro de uma socieadade inovadora, multicultural e diversa sexualmente.”
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