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Maior anomalia climática da região sudeste brasileira requer ações educativas

28/04/2015

Um ano atipicamente quente e a instalação da maior seca da história, com estiagem de inverno e poucas precipitações, na maior anomalia climática da região sudeste brasileira: foi sobre esta realidade que governos, empresas e sociedade têm-se dedicado a superar desde os primeiros meses de 2014. Estudo do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais/CEMADEN, sobre o ponto-de-vista meteorológico da estação chuvosa do período 2013-2014, revela uma queda de 55% nas chuvas. O ano de 1953, num histórico de acompanhamento de 50 anos, era tido como o pior nesta questão hídrica, mas já foi superado. A probabilidade de acontecer o quadro visto em 2014 era de 0,004%, indicando que uma seca assim aconteceria a cada 3.378 anos. E é uma realidade global: há ocorrências de fenômeno semelhante no Chile, nos Estados Unidos e na Austrália.

E foi para refletir e gerar uma agenda positiva sobre o tema que a Aberje promoveu o seminário "Água em debate: como as grandes marcas estão lidando com a crise", realizado no dia 24 de abril de 2015 no Espaço Aberje Sumaré em São Paulo/SP. Além de experiências relatadas por órgãos de gestão pública, também empresas deixaram seu recado.

 

 

Entender as ciências é conhecer sua prática, seu funcionamento e seus mecanismos: foi essa a missão atendida pelo filósofo Thomas Kuhn, que acabou desvelando os mecanismos internos das ciências e sua evolução através de paradigmas.  Paradigmas são modelos, representações e interpretações de mundo universalmente reconhecidas que fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade científica. E foi a partir desta compreensão que o diretor-presidente da Aberje e professor livre-docente da ECA/USP, Paulo Nassar, fez as boas-vindas no evento para reafirmar a relevância de participar de uma comunidade de comunicadores. A possibilidade de trocar experiências e obter inspirações para o trabalho cotidiano é permanente. Trazendo a noção de Kuhn para a prática, Nassar explicou que o paradigma se constitui de valores, crenças e tecnologias compartilhadas por um grupo - tudo que a Aberje busca desenvolver desde 1967. "O foco em canais e ferramentas é praticamente a pré-história da comunicação. Precisamos ir além. Ambientes histórico, social, tecnológico e comportamental devem ser considerados para dar conta da complexidade do mundo. O comunicador, além de ser gestor, precisa ser uma pessoa culta, desenvolvendo outras inteligências. Nosso território é a narrativa, e a partir dessa fazemos nossa revolução", conclamou.

O primeiro palestrante foi o Superintendente de Comunicação da Sabesp, Adriano Stringhini, que falou sobre fatos e ações operacionais e comunicacionais da crise hídrica 2014 e 2015, na constatação de que o cenário estava fora de qualquer realidade de planejamento estratégico. "Se tivéssemos iniciado investimento pensando numa ocorrência futura deste tamanho, antes dele de fato acontecer, seríamos acusados de desperdício, diante de outras prioridades", destacou. Sua apresentação esteve focada no Sistema Cantareira, que atende nove milhões de pessoas na região metropolitana de SP. Requisitações regulatórias da Agência Nacional de Águas e do DAEE do Governo do Estado de SP fizeram diminuir uma vazão de 33 mil litros para 14 mil litros por segundo, pensando na sustentabilidade do recurso natural a longo prazo. Isto exigiu uma retração de consumo por pessoas e organizações, entrando em campo as ideias de mobilização e conscientização por meio de estratégias comunicativas.

Ele relatou o Programa de Gestão de Consumo dos Clientes por Bônus e a instituição de sobretaxa para quem tiver consumo além da meta. Revelou que 82% dos clientes reduziram o consumo e 72% deles ganharam bônus, sendo que 11% foram sobretaxados. Também falou sobre as obras de interligação dos oito sistemas de água do estado e a gestão de perdas e demandas com redução de pressão noturna, que causou atritos com a população. Em geral, ao fazer-se obras em uma residência, há desligamento de vazão (luz ou água, por exemplo), o que não pode acontecer num sistema público, dificultando o trabalho de conserto ou modernização.

 

 

Stringhini analisa que o clima político e eleitoral de 2014 acabou contaminando a discussão do tema e trazendo complexidade aos esforços de comunicação. Houve ainda a própria restrição legal de comunicação de governo em período anterior ao dia da votação. De todo modo, cartazes, dicas e outros materias foram produzidos para auxiliar na orientação de clientes em casas, prédios, escolas ou estabelecimentos comerciais, no projeto Guardião das Águas. Com previsão de aumento de consumo de água por conta do forte calor que assolava a região metropolitana de São Paulo nos últimos meses de 2014, a Sabesp reforçou ações para evitar desabastecimento. A companhia enviou SMS aos telefones celulares dos consumidores recomendando o uso racional e realizou manobras para suprir o aumento da demanda nos horários de pico. Além dos SMS, a empresa já distribui 30 mil folhetos em 89 bairros. Houve ainda 63 mil locais visitados por equipes em vans. Essa medida é adotada desde 2011 para a comunicação direta com a população abastecida.

O portal da Sabesp na internet foi transformado num blog de crise, com informações fartas e atualizadas e uso intensivo de vídeos - foram 10 filmes em 12 meses, alguns com Rodrigo Faro como garoto-propaganda, e depois com Juca de Oliveira, sendo que atualmente são vídeos com depoimentos de consumidores com dicas de economia no movimento "Cada Gota Conta" no Facebook (são retratados gestos simples como reaproveitar a água do chuveiro e da máquina de lavar roupas, fechar a torneira quando faz a barba ou escova os dentes, verificar vazamentos e reduzir a vazão da descarga, que fazem a diferença). A campanha publicitária com vídeos iniciou ainda em janeiro de 2014 (veja aqui sua linha do tempo). Há hoje a publicação diária de boletim sobre os mananciais e estão sendo feitas ações dirigidas a crianças, que são grandes influenciadores de comportamento nas famílias.

Rovério Pagotto, Gerente de Planejamento e Projetos da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento/SANASA de Campinas-SP, também esteve presente para mostrar como a empresa trabalha no enfrentamento da crise hídrica e os novos conceitos que levam a empresa a repensar saneamento. Ele relembrou que apenas 2,5% da água no planeta Terra é potável, sendo que o Brasil tem 12% desta disponibilidade, sendo 68% dela na região amazônica.

 

 

O setor de Micromedição e Uso Racional da empresa existe desde 2004 para fazer estudos e pesquisas de equipamentos e dispositivos economizadores adequados aos múltiplos usos provenientes do abastecimento urbano. A ideia é inibir o desperdício de água a partir de uma abordagem educativa. A captação para a região de Campinas é feita em 95% do rio Atibaia e, entre as ações preventivas feitas, estão a paralisação de escoamento de água para usina hidrelétrica, antecipação de obras para desassoreamento, estoque de produtos químicos, revisão de programa de perdas no sistema e revisão do plano de segurança da água para consumo, além de projeto-piloto para recuperação de nascentes e áreas ciliares. Essas ações operacionais e uma campanha de conscientização conseguiram reduzir um volume que correspondente ao abastecimento de 40% da população. E as pessoas não são passivas: há um sistema de denúncia que gerou 10246 contatos, tratados não com multa mas sim com oportunidades de esclarecimento.

Outras matérias serão publicadas no portal Aberje com os principais insights dos profissionais convidados da Eurofarma, Magneti Marelli e Sodexo. Para saber sobre os próximos eventos da Aberje, basta clicar aqui. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 11-3662-3990 Ramal 810 ou ainda pelo e-mail natalia.savino@aberje.com.br, com Natália Savino.

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