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Ações de relações públicas embasam diversas propostas de relacionamento com governos

21/03/2015

A ação em relações governamentais tem como passos fundamentais o envolvimento com as metas dos clientes. Uma consultoria no tema precisa conciliar estas intenções com os fatores micro e macroeconômicos e com as leis, regulamentos e políticas públicas potencialmente envolvidas. Assim iniciou a argumentação de Rodrigo Alberto Correia da Silva, sócio do escritório Correia da Silva Advogados, na 3ª Jornada Aberje de Relações Governamentais. Ele esteve ao lado de Lucas Alves, Gerente de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade da Ogilvy Public Relations, na atividade no dia 12 de março de 2015 no Espaço Aberje Sumaré em São Paulo/SP. A jornada deu continuidade ao trabalho desenvolvido pela Aberje há mais de 20 anos em torno da qualificação profissional na área sob força de diversas inteligências conectadas a partir da comunicação.

Correia da Silva demonstrou a importância de haver profissionais envolvidos na costura entre os sistemas político, econômico e jurídico, cada um com dinâmica e linguagem diferentes. “Relações Governamentais é construir pontes, fazer com que a causa de um deles se torne interessante para o outro”, explica. Nesse sentido, ressaltou ser  importante entender o mundo político, inclusive o processo eleitoral, para exercer um bom trabalho e realizar uma construção de ideias e argumentação bem sustentadas.

 

 

Há um ciclo político onde uma das pontas é ocupada pelo candidato, com suas ideias e promessas, até que se chegue ao eleitor, que garante o voto e a sustentação política do candidato eleito. Essa sustentação política é importante para que, ao início de um novo ciclo, o candidato possa receber os votos novamente. Entende-se, portanto, que os projetos apresentados devem estar bem alinhados à posição política do candidato e ter algum apelo à opinião pública, uma vez que será também uma forma de manter ou aumentar sua sustentação, comenta o palestrante. Ele citou Quinto Túlio Cicero, para quem (em 64 A.C), “três são as coisas que levam os homens a se sentir cativados e dispostos a dar o apoio eleitoral: um favor, uma esperança, ou a simpatia espontânea”.

A grande questão é: como levar da empatia para a confiança e para a efetiva influência numa opinião. Em sua proposta, é preciso transformar um pleito em uma proposta e esta proposta em uma causa, num processo desenvolvido por meio da ressignificação. Por exemplo: é do interesse dos produtores de bicicletas que ciclovias sejam construídas, no entanto isso é feito através do discurso da mobilidade urbana e da preocupação com a saúde, que é uma causa de interesse público. A narrativa é estabelecida a partir de aspectos sociais, econômicos, políticos e técnicos – todos juntos dão sustentabilidade ao projeto. O cidadão vai estar sempre se perguntando: “por que eu vou me importar com esse assunto? Como isso vai afetar minha vida? O que eu posso fazer a respeito?”.

 

 

STORYTELLING - Partindo da frase de David Ogilvy, para quem “marca é uma promessa que uma organização faz a seus stakeholders; reputação é como damos vida a essa promessa”, Lucas Alves destacou que, no contexto atual, a formação de opinião é multilateral e aparece a todo instante em todo o mundo. Com isso, é preciso estar atento e monitorar esse processo, mantendo uma conversa produtiva. A estratégia da agência é investir em grandes histórias que engajam e são únicas e relevantes. Elas podem ser divididas e empacotadas em diferentes canais para então ser compartilhadas. É o que o palestrante chama de “histórias em e-box”, porque são adequadas para difundir por tweets, press-releases, pitches, artigos, fotos, infográficos, vídeos, campanha ou QR-codes.

A agência adota uma fórmula que envolve newstelling (o que é notícia e as questões tangíveis do que se quer comunicar) e storytelling (foco mais emocional que dá conexão com as pessoas), para então chegar no engajamento com amplificação das histórias em múltiplos canais. O resultado final desta equação seria maior reputação e mais vendas. Tudo isto sob constante monitoramento do mapa de públicos, numa relação entre opinião e influência: podem ter influência alta e opinião baixa (monitorar opiniões e cobertura; não investir esforços significativos no engajamento), influência alta e opinião alta (monitorar opiniões e cobertura; não investir esforços significativos no engajamento), influência baixa e opinião baixa (não investir  esforços; monitorar opiniões e cobertura) e influência baixa e opinião alta (identificar oportunidades para engajar os mais influentes  desse grupo).

 

 

Em sua visão, relações públicas e relações governamentais são cruciais nessa construção, pois qualificam o que se quer comunicar. Um exemplo foi o case do Instituto Sprinkler Brasil/ISB, quando duas seguradoras uniram-se com o intuito de promover a tecnologia “sprinkler” como método mais eficaz na prevenção e controle de incêndios. A proposta era alterar a legislação quanto à obrigatoriedade da instalação do equipamento em edifícios comerciais. O trabalho começou com a fundação do próprio instituto, que passou a reunir estatísticas sobre incêndios no Brasil – trabalho que não era feito até aquele momento - e logo tornou-se referência no assunto. O projeto, no entanto, não atraia a atenção pública ou política. Em 2013, no entanto, com a tragédia do incêndio na Boate Kiss na cidade gaúcha de Santa Maria, os incêndios passaram a ser mais divulgados na mídia, assim como as políticas de prevenção. Com o interesse público no assunto em alta, foi possível estabelecer relacionamento com políticos para dar andamento ao projeto e alterar a lei.

Para saber sobre as próximas edições das Jornadas Aberje, fale pelo telefone 11-3662-3990 ramal 826 ou pelo e-mail mariana.fonseca@aberje.com.br com Mariana Fonseca.

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