A familiaridade com a língua escrita lega à pessoa a boa grafia das palavras, a sintaxe (organização dos elementos numa frase), a lógica e a adequação. Quando se fala numa língua culta, para além do bom arranjo entre esses elementos, também se está fazendo referência à capacidade de fazer escolhas de repertório para transitar em diferentes ambientes e entender-se com distintos interlocutores. Na web, há uma subversão da leitura e da escrita, com novos padrões que viraram do avesso a função de autor-escritor e de usuário-leitor. Foi esta a base de raciocínio de Dad Squarisi, editora de Opinião do Correio Braziliense, na segunda edição Jornada de Gestão da Informação. O evento aconteceu no dia 12 de fevereiro de 2015 no Espaço Aberje Sumaré em São Paulo/SP e marcou o lançamento de seu livro “Como escrever na internet”.
Nos textos impressos, a leitura é conduzida. Há linearidade, demarcação e estabilidade. Mas no texto web, esses parâmetros mudam: existe a alinearidade, a não-demarcação e a instabilidade, com uma leitura individual e livre – e por vezes, não recuperável pelo leitor. Mas é sempre bom lembrar, como diz Dad, que “a língua é um cartão-de-visita; as pessoas podem ser desacreditadas por ela”. Nesse sentido, ela sugere uma leitura constante, já que “o olho fotografa e grava a grafia das palavras; a memorização é visual”.
Resta aos comunicadores o desafio de conquistar a habilidade de escrever para um novo padrão interativo. O novo leitor é dono e condutor do texto, alguém infiel, inconstante, apressado, exigente, receptivo, visual e multimídia. É preciso, portanto, ter um novo autor, que escreve português adequado, dá credito à crítica e aos comentários de internautas, que funcionam como coautores. Este profissional não pode subestimar o leitor e deve saber contar bem uma história. Aliás, foi sobre o novo texto que a palestra da jornalista esteve focada: curto, concreto, sentenças com uma ideia e em ordem direta. Ao precisar dizer mais coisas na internet, com textos maiores, ela sugere dividir o conteúdo em várias partes. “O ponto é graça. O leitor gosta muito. O texto fica fácil de ler”, arremata. E sugere ainda alternância de tamanhos e frases, porque confere dinamismo e é instigador.
De todo modo, a palestrante observa que as principais informações num texto publicado na internet devem estar no início. É um estilo de leitura mais rápido e impaciente, comum aos internautas. “Ser simples é sofisticado; ser sintético é muito mais trabalhoso”, diz lembrando o Twitter e referindo-se a um mundo com muitos apelos concorrentes e uma atenção de difícil atração. É escolher siglas, abreviaturas, pontuações, ícones emocionais, códigos diferentes e voz ativa. Há exercícios de supressão, e alguns foram feitos no evento na Aberje, que mantêm a correção da frase, com quês e sês, artigos definidos ou indefinidos, preposições e pronomes possessivos – todos elementos que sobrecarregam uma frase. E há ainda as trocas de pronomes, conjunções e do futuro pelo presente.
NORMA CULTA – A norma culta exige um conjunto de saberes que permite transitar por várias possibilidades de língua. Entre os elementos de domínio estão uma seleção lexical cuidadosa, texto sem afetação ou escracho, ausência de marcas de oralidade, estruturas sintáticas variadas, livre trânsito e contemporaneidade. Especialmente sobre contemporaneidade, Dad compreende as qualidades no texto como adequação ao canal, naturalidade, concisão, objetividade, palavras curtas, perguntas diretas, correção, harmonia e clareza. O recurso da pergunta direta foi destacado, porque a aparição de interrogação num texto é instigante para o leitor. “A língua não deve ser apenas correta. Deve parecer correta. E não existem palavras inocentes”, finaliza.
Para informações sobre as próximas edições do projeto Jornadas Aberje podem ser obtidos pelo telefone 11-3662-3990 ramal 826 ou no e-mail mariana.fonseca@aberje.com.br com Mariana Fonseca.
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